CUIDADOS

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POV: Lux

Coloquei a criança para dentro de casa e a cobri com alguns cobertores já que parecia estar com frio, tentei dar um copo de leite quente, mas ela não quis, ela só ficou sentadinha no sofá, com um olhar assustado, provavelmente ela nem sabe o que tá acontecendo... Ou sabe... O que a mãe dela estava pensando? Como assim cuidar de uma criança? Eu mal consigo cuidar de mim direito, quem dirá uma criança de dois anos. O pânico tomava conta de mim, mas graças ao meu bom senhor ela está quietinha, se ela tivesse chorando eu iria chorar junto. Mas que droga... O que faço agora? Ligo para a Jinx para ela me ajudar? Não, já são 20:00, ela levanta cedo amanhã e já deve estar dormindo e eu não quero acordar e nem incomodá-la. O jeito é ligar para a mamãe, ela ficará maluca, mas ela tem experiência em cuidar de crianças, afinal ela teve dois filhos e é pediatra. É isso, vou ligar e seja o que Deus quiser.

CHAMADA ON:

— Lux?! O que foi querida? Aconteceu alguma coisa para você estar me ligando a essa hora? — não sei se é o sexto sentido de mãe, mas ela acertou.

— Meio que sim...?! — falo tentando digerir os fatos.

— Como assim Luxanna? Explica isso direito? — sua voz é repleta de dúvida e preocupação.

— O que aconteceu? — ouço a voz rouca do meu pai no fundo.

— Então... — respiro fundo antes de finalmente falar tudo — alguém deixou uma menina na porta de casa e pediu para eu cuidar — falei num único suspiro. O silêncio da minha mãe era ensurdecedor — Mãe? Tá aí? — chamo ela que finalmente me responde.

— Desculpe, fiquei meio desnorteada aqui — entendo perfeitamente essa sensação — como assim deixaram uma criança na sua porta? — seu tom aumentou um pouco me assustando ainda mais, será que ela ta brava? Eu nem sei mais.

— Só a deixaram aqui com um bilhete pedindo para eu cuidar... Mãe, a senhora pode vir me ajudar, e também ver se ela está bem? Ela está muito magra e com alguns machucados... — falo olhando para menina quietinha no sofá.

— Ok, quantos anos ela tem? — já é possível ouvir alguns movimentos do outro lado da linha e meu pai resmungando no fundo.

— 2 e meio — respondo rápido.

— Entendi. Aqueça ela e de alguma coisa para comer que eu já estou indo.

— Tá bom — falo aliviada por vir me ajudar.

— Mais uma coisa — fico em silêncio esperando ela falar — ela é bonita? — pergunta séria.

— Ela parece um anjinho de tão linda — não detive meus pensamentos olhando essa coisinha linda, mas logo voltei a razão — não, pera, isso não é o importante agora mãe...

— Oh, Deus, desculpe. Daqui a pouco eu e seu pai estaremos aí, aguenta firme.

— Obrigada, mãe — parece que uma parte do peso saiu do meu corpo.

— De nada amor, tchau — antes dela desligar ouvir ela chamando meu pai e para ele se arrumar rápido.

CHAMADA OFF.

Graças a Deus ela vai me ajudar, não saberia o que fazer caso ela não aceitasse ajudar. Olhei novamente para a pequena Beatriz, ela me olhava com uns olhos ainda assustados. Me aproximei dela e tentei convencê-la a beber a caneca de leite quente que fiz para ela, mas parecia ter medo de aceitar, como se eu fosse brigar com ela, aquilo me quebrou de um jeito que nem sei explicar, só sei que foi doloroso.

— Olha Bia, posso te chamar de Bia, né? — obviamente não tive nenhuma resposta — eu não vou brigar com você, então você pode pegar o leite e beber, é todo seu — a ofereci novamente e ela me olhou com dúvida, mas menos assustada.

Unexpcted FamilyOnde histórias criam vida. Descubra agora