5 meses de engano

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"5 meses depois"

Desde o momento em que Ayla disse "sim" a Dyllan, parecia que a vida dela havia se partido em dois. Antes do casamento, ela era uma jovem cheia de sonhos e planos, determinada a concluir sua faculdade de enfermagem e, finalmente, seguir carreira na área da saúde. Ela havia conseguido um estágio num hospital que era tudo para ela, onde se sentia útil e, mais importante, viva. Mas tudo começou a mudar depois do casamento.

Quando voltaram da lua de mel, Dyllan foi claro em suas expectativas: "Quero que você deixe o estágio. Não precisamos desse dinheiro, e eu quero você aqui, em casa, cuidando de nós." Ayla, ainda imersa na felicidade recém-descoberta de ser esposa, cedeu, acreditando que ele queria apenas o melhor para eles. Mas aquela decisão foi apenas o começo de um caminho sombrio que ela nunca imaginou trilhar.

Deixar o estágio foi doloroso. Ela havia lutado tanto para conseguir aquela oportunidade, uma chance de estar perto de pessoas que realmente precisavam de ajuda, de aprender com os melhores profissionais. Abdicar disso foi como cortar uma parte de si mesma. Ela pensou que Dyllan ficaria feliz, que finalmente poderiam aproveitar a vida juntos, mas, em vez disso, ele apenas aumentou suas exigências.

Dyllan não queria uma esposa, queria uma empregada. Ele começou a controlar todos os aspectos da vida de Ayla. Ela se viu cercada pelas quatro paredes da casa que deveria ser um lar, mas que se tornava cada vez mais uma prisão. Ele não permitia que contratassem ajuda, alegando que era "um desperdício" e que ela podia cuidar de tudo. Assim, Ayla passava os dias limpando, cozinhando e organizando a casa, enquanto Dyllan saía para o trabalho ou, como ela descobriria mais tarde, para se encontrar com outra pessoa.

Os meses foram passando e, junto com eles, a esperança de Ayla de que as coisas melhorassem. Ela não tinha mais contato com os colegas da faculdade, com quem antes compartilhava suas ambições. As amigas, que a apoiaram durante os anos de estudo, foram se afastando. Tudo o que restava era a solidão e a sensação sufocante de que algo estava terrivelmente errado. Mas o que ela nunca poderia imaginar era que a traição viria de onde ela menos esperava.

Ayla sempre teve uma amiga muito próxima, Déborah— ou Debby, como ela a chamava carinhosamente. Elas se conheciam desde o primeiro ano da faculdade e, durante muito tempo, Deb foi o apoio de Ayla, uma irmã que a vida lhe deu. Mesmo depois do casamento, quando tudo começou a desmoronar, Debby sempre esteve lá, dizendo que as coisas iriam melhorar, que era só uma fase, que Dyllan a amava e que isso passaria.

Foi uma tarde qualquer, enquanto arrumava o escritório de Dyllan, que Ayla encontrou o que a destruiria. O celular dele estava ali, desbloqueado, uma mensagem aberta na tela. Ela não costumava mexer nas coisas dele, mas algo naquela mensagem a fez congelar. Era de Debby. Mensagens íntimas, conversas que só alguém que estava vivendo algo a mais do que amizade poderia trocar. Ayla não conseguia acreditar no que via.

Nos dias seguintes, ela não apenas encontrou mais mensagens, mas também fotos, recibos de jantares, reservas de hotel. Tudo com o nome de Debby. Aquela mulher que sempre esteve ao seu lado, que dizia a ela para ter paciência, era a mesma mulher que dormia com seu marido enquanto ela estava em casa, cuidando de tudo, abandonando a própria vida.

Ayla sentiu o chão desaparecer. O sentimento de traição era insuportável. Não era apenas Dyllan, mas Debby, sua amiga, aquela em quem ela confiava cegamente. Tudo o que ela sacrificou, tudo o que ela perdeu, para ser a esposa perfeita, e eles riam dela pelas costas.

O que veio depois foi um turbilhão de dor, raiva e, acima de tudo, um sentimento devastador de perda. Ela havia dado tudo a Dyllan: sua liberdade, sua carreira, seus sonhos. E, em troca, ele a transformou em uma sombra de si mesma, enquanto se divertia com outra pessoa. Enquanto ela limpava a casa, ele e Debby se encontravam em hotéis caros, viajavam, aproveitavam o tempo que ela não tinha mais.

Ayla percebeu que precisava sair daquele ciclo destrutivo. Ela não sabia como enfrentaria a verdade, como conseguiria recomeçar depois de tudo o que perdeu, mas sabia que precisava. Porque aqueles cinco meses foram mais do que suficiente. Eles roubaram dela a confiança, a dignidade e, por pouco, sua esperança.

Agora, ela tinha que encontrar uma forma de reerguer a cabeça, de voltar a ser quem era antes de tudo aquilo. Não seria fácil, mas, pela primeira vez em muito tempo, ela estava determinada a lutar por si mesma.

O Despertar da PaixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora