O Perdão Silencioso

2 2 0
                                    

"Ayla pov"

Ouço a porta da frente se abrir, e logo vejo que é Dyllan que acabará de chegar do trabalho, depois de saber da traição entre ele e minha melhor amiga Debby, fico com nojo de olhar para ele, não sei como ele pode fazer isso comigo, só sei que hoje mesmo irei falar com ele sobre isso, estou cansada dessa situação

— Dyllan... eu... eu vi as mensagens — ela disse, com a voz trêmula. — Como você pôde fazer isso comigo?

Por um momento, o silêncio preencheu o espaço entre eles. Dyllan fechou os olhos, respirando fundo. Ele sabia que não tinha mais como negar.

— E o que você queria que eu fizesse, Ayla? — disparou ele, a voz tingida de frustração. — Você acha que isso aconteceu do nada? Olha pra você! Você não é mais a mesma. Parou de se arrumar, de se cuidar. Parece que nem se importa mais!

O choque na expressão de Ayla foi imediato. Ela sentiu o peito apertar e tentou conter as lágrimas que insistiam em cair.

— Eu... eu não sabia que você se sentia assim — sussurrou, a voz falhando. — Eu tenho me esforçado tanto, Dyllan. Com a faculdade, com a casa. Eu até larguei o estágio no hospital pra poder focar apenas em nós. Eu sei que não tenho sido a mesma, mas é só uma fase. Me desculpa. Eu posso mudar, eu vou tentar.

Dyllan passou a mão pelos cabelos, claramente irritado.

— Você acha que é só isso, Ayla? Não é só o fato de você não se arrumar mais, mas você está sempre cansada, sempre distante. Parece que você não se importa comigo como antes. Como você espera que eu continue sendo o mesmo se você não é?

As palavras dele a atingiram como facadas. Ela sentiu a culpa se espalhar pelo corpo, como se realmente fosse a responsável por tudo aquilo. Os soluços se tornaram incontroláveis.

— Eu vou melhorar, Dyllan. Eu prometo. Me perdoa, por favor. Eu só quero que a gente fique bem. Eu não quero perder você...

Ele olhou para ela, vendo o desespero em seus olhos. Respirou fundo, como se estivesse lutando consigo mesmo.

— Tá bom, Ayla, tá bom — disse, suavizando o tom. — Eu vou tentar parar com isso. Eu vou parar de sair com a... com ela. Mas você precisa mudar, precisa voltar a ser aquela pessoa que você era nos primeiros meses. Eu preciso disso, entende?

Ayla assentiu freneticamente, as lágrimas ainda escorrendo pelo rosto.

— Eu vou, Dyllan, eu prometo. Eu vou fazer de tudo pra melhorar. Eu te amo, por favor, me desculpa...

Dyllan se aproximou dela, segurando seu rosto com as mãos. Ele enxugou as lágrimas de Ayla, suspirando.

— Eu também te amo, Ayla. Mas eu preciso ver essa mudança. Quero ver você se importando com a gente, comigo, de novo.

Ela assentiu, sentindo o alívio misturado à culpa que a consumia. Tudo o que queria era que aquilo terminasse e eles voltassem a ser felizes, como nos primeiros meses de relacionamento.

Dyllan a abraçou, um abraço tenso, mas reconfortante, como se estivessem tentando colar as partes quebradas de algo que sabiam que jamais seria como antes. Ayla se agarrou a ele, como se ele fosse a única âncora que a mantinha em pé.

— A gente vai ficar bem, né? — perguntou ela, a voz ainda fraca.

— Vai sim — respondeu Dylan, acariciando seus cabelos. — A gente vai voltar a ser como antes.

Mas, enquanto ele dizia aquelas palavras, um pensamento furtivo passava pela sua mente. Ele sabia que era uma promessa vazia. Talvez ele parasse por um tempo, talvez tentasse, mas sabia que não era tão simples. A outra mulher era uma distração, um escape. E, mesmo que quisesse manter Ayla ao seu lado, havia algo que o puxava de volta para os braços da melhor amiga dela.

Ainda assim, naquela noite, eles dormiram abraçados, como se pudessem apagar a dor e a traição com aquele ato simples. Ayla se permitiu acreditar que o perdão era real, que o amor deles era mais forte do que qualquer erro. E Dyllan, com a consciência pesada, decidiu que tentaria, ao menos por enquanto, fazer o que prometeu.

Porém, no fundo, ambos sabiam que as palavras não seriam suficientes para colar os pedaços quebrados. E, enquanto o tempo passava, a sombra do que ele continuaria fazendo pairava sobre eles, silenciosa, esperando o momento de desmoronar tudo mais uma vez.

O Despertar da PaixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora