Prólogo

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Seattle – Washington

Lauren Michelle Jauregui

O som que saía da guitarra chamava a atenção de alguns clientes. Qualquer um que entendesse o mínimo de música sabia que o garoto de cabelo comprido não fazia ideia do que estava fazendo.

Eu não me incomodo com quem está começando a tocar guitarra. Nem todo mundo tem a sorte de ter um tio guitarrista e, de bônus, dono de uma loja de instrumentos.

Mas o garoto com a camisa do Guns N' Roses, achando que é o novo Slash, faz parte daquele grupo de "especialistas" que não entendem nada.

Clientes assim aumentaram desde que espalharam que a maioria dos funcionários da Rexall são mulheres. Agora, essas desgraças aparecem por aqui querendo impressionar.

— O que achou? — perguntou, exibindo um sorriso confiante.

— Foi ótimo! — Menti. Ele deveria ter afinado a guitarra antes. — Vai levar?

Seus olhos castanhos avaliaram a guitarra e, em seguida, se fixaram em mim.

— Estava pensando... — Segurei a vontade de revirar os olhos. — Se você quer sair comigo no fim de semana.

Em outras palavras, ele só compra a guitarra se eu aceitar. Não é a primeira vez que tentam essa estratégia.

Posso dizer que tenho um show no fim de semana, o que é verdade, e talvez ele compre. Já aconteceu com a Raja, a que cuida da seção de baterias. O problema é que o rapaz achou que ela estava o convidando para vê-la tocar.

A última coisa que quero é que esse cara acredite nisso e apareça enchendo minha paciência.

— Lauren! — A voz baixa de Kurt chamou minha atenção. — Podemos conversar?

Kurt Rodgers é o responsável pelo estoque da Rexall. Chegou há dois anos e, desde então, nunca tivemos problemas com nada.

Também faz um ano que ele se tornou "empresário" da banda que eu e as garotas da Rexall temos.

Embora ele não seja a pessoa mais sociável, é excelente em encontrar os melhores lugares para tocarmos e é responsável pela nossa setlist em cada lugar. Além disso, foi ele que descobriu que a gravadora que nos ofereceu contrato era furada.

Se Kurt saiu da sua área para vir falar comigo, ainda mais com um cliente presente, é porque se trata de um assunto que ele considera importante.

— Não está vendo que ela está falando comigo? — O Slash da Ebay usou um tom agressivo, fazendo Kurt recuar alguns passos. — Vaza!

Pode maltratar uma Stratocaster na minha frente, mas não o Kurt.

— Olha, se for comprar, vai ao caixa que alguém te ajuda. Ou pode deixar a guitarra aqui mesmo e ir embora. — Virei-me para Kurt. — Vamos conversar na cozinha? Tudo bem?

Ele assentiu e abaixou a cabeça. Sei bem que ele estava sorrindo.

Não poderia fazer muito mais do que isso, não porque meu tio se incomodaria que respondi um cliente, mas uma discussão poderia assustar Kurt.

— Do que você precisa? — perguntei assim que entramos na cozinha, onde estávamos apenas nós dois.

Kurt apontou para o notebook sobre a mesa. Uma página estava aberta, confirmando a inscrição de algo.

Olhei em sua direção esperando alguma explicação.

— Vai acontecer um reality show de música, e sei que podem ganhar.

Batalha das BandasOnde histórias criam vida. Descubra agora