Capítulo 22

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Narrador...

O céu estava tingido de vermelho-sangue, e o vento trazia o cheiro de enxofre e queimadas. O Senhor do Inferno havia finalmente revelado sua força total, e a batalha final se desenrolava com uma intensidade avassaladora. Lexie, de pé sobre uma colina de pedras negras, com suas garras a mostra enquanto olhava para o campo de batalha abaixo. Seu coração estava pesado pela perda de Aron, mas dentro de si, um poder ancestral começava a despertar.

À distância, o Senhor do Inferno rugia, sua figura colossal dominando o horizonte. Sua presença era pura destruição, e o exército que o acompanhava avançava como uma maré sombria, engolindo tudo em seu caminho. Lexie sabia que não havia mais tempo para hesitação. O destino de todos dependia dela, de sua linhagem e do poder que corria em suas veias.

Enquanto o caos tomava conta ao redor, Augusta, mantendo-se afastada da batalha, segurava o bebê de Lexie em seus braços. O pequeno estava envolto em um manto protetor que Cael havia conjurado, e Augusta usava seus próprios feitiços para erigir barreiras de proteção ao redor deles. Seu olhar estava fixo na figura distante de Lexie, sabendo que ela enfrentaria o maior desafio de sua vida.

— Eu te protegerei, pequeno — Augusta murmurou suavemente, apertando o bebê contra si. — Sua mãe fará o impossível hoje.

Lexie fechou os olhos por um momento, concentrando-se profundamente. O poder dos Mortíferos, seus ancestrais, havia sido mantido dormente dentro dela, selado por gerações. Mas agora, diante da destruição iminente e da perda de Aron, ela sentia o chamado daquela força ancestral, um poder sombrio e misterioso que a conectava ao reino dos mortos.

"Você pode trazê-lo de volta."

Lexie narrando...

A voz soou em minha mente, rouca e carregada de sabedoria antiga. Eu sabia que o preço seria alto, mas estava disposta a pagá-lo.

De repente, a terra ao meu redor começou a tremer.Minhas mãos brilharam com uma luz negra, envoltas em uma energia antiga e poderosa. Os espíritos dos Mortíferos sussurravam ao meu redor, e senti o peso da responsabilidade e da dor que vinha com aquele poder. Eu estava pronta para quebrar as regras do mundo dos vivos e dos mortos.

O Senhor do Inferno, notando a mudança na atmosfera, virou seus olhos flamejantes para Lexie.

— O que você pensa que está fazendo, mortal? — ele rugiu, sua voz ecoando como trovão. — Nenhum poder pode me deter!

Eu ergui a cabeça, os olhos brilhando com a mesma escuridão que emanava de suas mãos.

— Não estou aqui para te deter — respondi friamente. — Estou aqui para trazer de volta quem você tirou de mim.

Com um grito de pura determinação, espalmei as garras no chão. O poder dos Mortíferos explodiu ao meu redor, criando um círculo de luz negra que se expandiu por todo o campo de batalha. A terra rachou, e das fissuras surgiram espíritos ancestrais, figuras sombrias e etéreas que pareciam me observar, avaliando meu desejo.

"Ele deve voltar."

O vento ficou parado por um momento. O Senhor do Inferno, percebendo o que eu estava tentando fazer, avançou furiosamente em minha direção, mas algo o impedia de se mover. A energia negra dos ancestrais era forte o suficiente para contê-lo, pelo menos temporariamente.

— Não! — ele rugiu, lutando contra a força invisível que o mantinha preso.

Cael, que lutava ferozmente ao lado de outras forças aliadas, olhou para o que estava acontecendo e reconheceu o poder que eu estava liberando. Seus olhos se arregalaram.

— Lexie, você está jogando com as forças da morte! — ele gritou, tentando chegar até mim, mas foi detido por uma horda de demônios que o atacou.

Eu ignorei os avisos. A energia crescia ao meu redor enquanto eu murmurava as palavras proibidas de ressurreição. O ar ao redor parecia vibrar, e então, do vazio entre os mundos, uma forma começou a se manifestar. Primeiro, um brilho fraco, depois uma figura mais sólida. Era Aron.

Seu corpo materializou-se lentamente, até que ele apareceu totalmente diante de mim, ajoelhado no chão, ainda atordoado pela transição. Ele levantou a cabeça, olhando para mim com olhos confusos, mas cheios de reconhecimento.

— Lexie...? — Aron murmurou, sua voz fraca, mas viva.

Cai de joelhos, exausta pelo esforço, mas com lágrimas de alívio em meus olhos.

— Aron, você voltou... — sussurrei, sentindo a realidade daquilo que havia acabado de fazer.

Mas o momento de paz durou pouco. O Senhor do Inferno, furioso além de qualquer medida, finalmente quebrou as correntes invisíveis que o prendiam e avançou com toda sua fúria. Chamas negras dançavam em suas mãos enquanto ele se preparava para me destruir, Aron e qualquer um que estivesse em seu caminho.

Aron, ainda recuperando-se, levantou-se, mostrando suas garras. Ele mal acreditava que estava vivo novamente, mas não havia tempo para questionar. Ele se posicionou à minha frente, encarando o Senhor do Inferno com determinação renovada.

— Você não vai tocá-la — Aron disse, sua voz forte e determinada, como se toda a dor de sua morte tivesse apenas fortalecido sua vontade de lutar.

Narrador...

Enquanto Aron enfrentava o Senhor do Inferno, Augusta, ao longe, continuava protegendo o bebê com tudo o que tinha. Ela conjurava feitiços de proteção, formando barreiras de luz ao redor de si mesma e do bebê.

— Eles estão lutando por você — ela sussurrou para o pequeno, que parecia curioso e calmo em meio ao caos ao redor. — E eu vou garantir que você fique seguro.

No campo de batalha, Aron e Lexie lutavam juntos novamente, como uma força unida. A energia dos Mortíferos ainda pulsava dentro de Lexie, fortalecendo suas habilidades, enquanto Aron, revigorado, lutava com uma fúria renovada. O Senhor do Inferno, apesar de toda sua força, começou a perceber que aquele não era um combate comum.

— Eu os destruirei! — ele rugiu, atacando com tudo o que tinha.

Mas Aron, movido pelo amor por Lexie e a nova chance que havia recebido, bloqueou cada golpe, sua garras brilhando com uma luz intensa que desafiava as trevas.

Finalmente, em um movimento coordenado, Aron e Lexie atacaram juntos, suas garras cruzando-se em um golpe final que cortou através do Senhor do Inferno. Ele soltou um grito estrondoso de dor e raiva, antes de desintegrar-se em uma onda de sombras, banido de volta para as profundezas.

Quando a batalha terminou, Lexie caiu nos braços de Aron, exausta, mas aliviada. Aron a segurou firmemente, sem dizer nada por alguns momentos, apenas sentindo o calor de estar vivo novamente.

— Eu nunca vou te deixar — ele murmurou.

— Eu sei — Lexie respondeu, sorrindo fracamente, enquanto sentia a paz finalmente começar a tomar conta deles.

Ao longe, Augusta sorriu enquanto olhava para o bebê em seus braços.

O destino, ao menos por enquanto, estava ao lado deles.

conquistando a companheiraOnde histórias criam vida. Descubra agora