E saiu a notícia que ninguém acreditou!!!
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Eu estava exagerando. Sem sombra de dúvidas. É oficial: Miranda Priestly se enganou pela primeira vez em sua existência.
Sinceramente, eu até mesmo quis rir, tamanho o alívio que senti quando esse raciocínio me veio à mente. Andrea provavelmente se atraía por mim de forma platônica! Claro que era isso. Só poderia ser.
Já vi isso tantas vezes ao longo dos anos. Um sentimento platônico, típico de almas jovens e idealistas. Um leve enamoramento por alguém inatingível. Eu era muito familiarizada com essa adulação distante — jovens que me viam como uma figura inatingível, fascinante. Andrea não era diferente. E, naturalmente, com o tempo, isso iria passar. Ela logo perceberia que era apenas uma admiração superficial.
Afinal, o que mais poderia ser?
Era óbvio que ela ainda estava tentando entender seus próprios sentimentos. Sentimentos, claro, que não eram reais. Apenas fruto da sua inexperiência, da sua juventude. Um pequeno desvio de atenção que, inevitavelmente, se dissolveria quando Andrea conhecesse alguém mais da sua... faixa etária. Alguém adequado. Alguém que não fosse eu.
No entanto, essa racionalização deveria ser suficiente para afastar a questão da minha mente, certo?
Mas por que, então, cada vez que nossos olhares se cruzavam, eu sentia esse... esse incômodo? Como se algo estivesse sendo deixado em aberto, algo que ela queria me dizer, mas não dizia? Esse brilho inadequado em seu olhar, ainda que não fosse passível de reprovação, era certamente incômodo.
Ridículo, pensei, endireitando a coluna em minha cadeira de couro. Não havia absolutamente nada entre nós além do que sempre houve. Andrea era apenas uma assistente, e eu sua chefe. Tudo o mais era pura imaginação dela. Era quase... charmoso, na verdade, o jeito como ela se atrapalhava às vezes quando eu entrava em uma sala. Uma afeição inocente. Platônica. Platônica.
Ainda assim, algo dentro de mim se recusava a se acalmar.
O dia estava quase no fim, e eu estava a caminho da sala de reuniões quando o inevitável aconteceu. A redação estava especialmente movimentada com o lançamento da nova edição, e eu não estava com paciência para me desviar da maré de pessoas que ocupavam os corredores.
Foi então que senti um corpo bater contra o meu, me empurrando para o lado. Instintivamente, minhas mãos foram ao encontro de qualquer coisa que me equilibrasse. O que encontrei, no entanto, não foi uma parede, mas o calor inesperado do corpo de Andrea. Seus braços me seguraram com firmeza, impedindo que eu caísse desajeitadamente.
Deus, que embaraço...
Mas isso nem se comparava ao que estava por vir.
Assim que nossas peles se tocaram, os pensamentos de Andrea invadiram minha mente com a força de uma correnteza:
"Oh meu Deus... como ela consegue ser tão sexy sem nem tentar? Que inferno, esse decote está praticamente gritando na minha cara nessa proximidade!"
Minha mente congelou. Por um instante, eu não consegui respirar, como se o ar tivesse sido arrancado do meu corpo. Eu queria... eu precisava me afastar, mas meus pés pareciam colados ao chão.
"Por que ela tem usado vestidos tão curtos ultimamente? É alguma tentativa de me matar? Céus, Miranda, se eu pudesse eu subiria essa saia e..."
Oh, céus. Eu larguei Andrea imediatamente.
Ela ainda me fitava, seus olhos arregalados em um misto de preocupação e nervosismo, claramente sem fazer ideia do tsunami que suas próprias palavras mentais estavam causando em mim. O calor que subiu ao meu rosto foi instantâneo, algo que eu não experimentava desde... bem, desde que me lembrava. Isso não estava acontecendo. Eu, Miranda Priestly, não estava corando. Não por Andrea. Não por isso.
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Just a Thought
RomanceApós um pequeno acidente, Miranda passa a ouvir o pensamento das pessoas ao seu redor. Mirandy! UA!