♬Ah-I see monsters in my bed
Ah-I got screws loose in my head♬Jamais imaginei que testemunharia a cena de Lucas imerso em um caixão. Nunca pensei que seus olhos, que costumavam brilhar com intensidade e prometer um futuro vibrante, estariam agora permanentemente cerrados, sepultando junto deles todas as suas aspirações e sonhos.
A frieza da sua pele é um lembrete cruel da transitoriedade da vida, prestes a ser devorada por insetos famintos que não conhecem misericórdia. Seu corpo, agora apenas um recipiente sem vida, será consumido pela decomposição, enquanto seu espírito, perdido e errante, parece flutuar em uma existência sem propósito, como um eco sombrio de um amanhã que nunca chegará.
As coisas que um dia preenchiam seu quarto, repletas de memórias e significados, serão reduzidas a mercadorias insignificantes em um bazar de preços medíocres ou serão oferecidas, sem alma, à caridade. Essas posses, agora apenas recordações esfumaçadas de uma vida que se desfez, serão tratadas com a mesma indiferença que o destino reservou para ele.
A sala, um cubículo apertado e claustrofóbico, assemelha-se a um Escape Room que parece se estender para além de qualquer limite visível, uma prisão de dor sem esperança de escape. O silêncio opressivo é quebrado apenas pelo som abafado das lágrimas da minha mãe, que se derramam incessantemente sobre a camisa de meu pai. Ele, com a expressão endurecida e inabalável, oculta um luto que, apesar da sua rigidez aparente, parece consumir sua essência lentamente, como um incêndio silencioso.
Entre amigos e colegas de trabalho, todos cientes do profundo desejo de Lucas de deixar uma marca indelével neste mundo, há uma nuvem pesada de tristeza compartilhada. No entanto, algo na atmosfera é perturbadoramente dissonante. Do outro lado da sala, uma figura se destaca, fria e implacável: Dante Salvatore. Ele observa o caixão com uma expressão desprovida de emoção, como um espectador distante de uma tragédia que não lhe toca. Sua presença impassível, como um vulto sombrio à margem do luto coletivo, intensifica o vazio e a desolação que permeiam o ambiente.
A indiferença de Dante, tão contrastante com a dor esmagadora dos outros, parece transformar o ambiente em um palco de angústia ainda maior. Sua presença inexpressiva é um lembrete cruel de que, mesmo no meio de uma perda devastadora, o sofrimento pode ser isolado e incompreendido, deixando um eco de inquietação que ressoa em cada canto da sala.
Entre todos os presentes nesta sala, Dante Salvatore se destaca como meu principal suspeito. Ele é o único capaz de permanecer imperturbável diante de tanta tristeza, a única pessoa com uma frieza capaz de ignorar a dor que o cerca. Sua capacidade de amar a morte em sua forma mais crua é quase perturbadora, como se ele encontrasse um prazer sádico na observação do sofrimento alheio, mesmo que isso signifique assistir ao meu desmoronamento.
Dante Salvatore me odeia, e eu sempre soube disso. Seu desprezo por mim nunca foi disfarçado; sempre esteve claro como o dia. Agora, com a perda de Lucas, não posso evitar a conclusão dolorosa de que seu ódio foi a força motriz por trás dessa tragédia. Ele decidiu arrancar de mim a única pessoa que eu amava, e eu sou forçada a encarar a realidade brutal de que sua crueldade pode não ter limites.
Ass.: Amélia Blackwood.
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𝙷𝚘𝚖𝚎𝚖 𝚍𝚎 𝙲𝚎𝚛𝚊
RomanceApós a morte de seu irmão, Amélia encontra um inesperado consolo em Dante, o reservado melhor amigo de Lucas. À medida que sua conexão cresce, segredos e intenções ocultas emergem, deixando Amélia a questionar se Dante é um aliado ou uma ameaça em s...