Diana Safra
Los Angeles | Califórnia
Estamos em frente ao enorme portão da famosa Biancard's School, onde habitam todo tipo de adolescente burguês que você imaginar.
- Boa aula, Diana - minha tia se despede assim que desço do carro.
Por algum milagre dos céus, chegamos vivas e sem nenhum acidente.
- Valeu, coroa - brinco com ela, que dá um sorriso e, em seguida, dá partida no carro.
Atrás do portão, já sinto o ambiente pesar. Por que o ar escolar é tão tóxico?
Preciso ir até a coordenação pegar meus materiais, já que vim somente com a cara e a coragem, que, aliás, eu não a encontrei até agora.
(...)
Já tinha pegado meus materiais, a chave do meu armário e faltavam alguns minutos para bater o sinal. Eu estava sentada em um dos bancos do pátio principal, havia gente para tudo quanto é canto daquela escola.
- Vou sentar aqui do seu lado, se você achar ruim, problema seu - uma menina muito bonita, por sinal, fala ao sentar ao meu lado.
Ela tinha a pele parda, seus olhos eram num tom marrom escuro e seus cabelos eram da mesma cor. Deduzi que ela era alguns centímetros maior que eu, um pouco apenas.
- Tanto faz - eu realmente não me importava.
Desviei minha atenção para o meu celular, que estava em meu colo, sem utilidade alguma.
- Credo, garota! Já vi que você não é muito sociável - ela me observava - você precisa de uma limpeza espiritual. Fiquei até mal quando sentei do seu lado.
Limpeza espiritual? Essa é nova.
- Eu dobro e passo para o próximo.
- Você não é daqui, né? - ela perguntou enquanto observava atentamente meus traços.
- Como você sabe? Não vai me dizer que é vidente - eu brinquei, e ela sorriu.
- Talvez você nunca descubra - ela respondeu com um semblante sério.
Antes que eu pudesse dizer algo, o sinal tocou, sinalizando que devíamos ir para nossas respectivas salas.
- Bom, vou indo nessa. Foi bom te conhecer - levanto-me do banco enquanto me despeço.
- Qual é a sua aula agora?
- Matemática.
- Eu iria dizer que é uma pena, já que não vamos para a mesma aula, mas a única coisa que posso dizer agora é: meus pêsames - fiquei até meio preocupada depois dessa.
- Me deseje sorte - ela dá uma risada e se despede, seguindo pelo lado oposto ao qual sigo.