capítulo 2

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Diana

Los Angeles |Califórnia

Um som insuportável me desperta do meu precioso sono. Era o despertador me infortunando.

- Diana, acorda, menina! - minha tia invade meu quarto, abre as cortinas e faz a luz do sol piorar minha situação. - Acordei tão animada que cogitei sair sambando pelas ruas de Los Angeles.

- Aí, tia, isso lá são horas para entrar no quarto dos outros? - enfiei minha cabeça para baixo do travesseiro, tentando fugir do som ensurdecedor do despertador diabólico e da luz solar.

- Ah, para, né? - ela puxou o travesseiro - Hello?? Vamos acordar, né? Hoje você vai para a escola, já tratei de te matricular.

Não posso acreditar no que acabei de ouvir. Sinto o resto da disposição que eu tinha para levantar da cama se esvaindo lentamente do meu corpo.

- Não me fala uma coisa dessas, tia! - fico em posição fetal, fazendo um total drama.

- Deixa de drama, Diana - ela sentou-se na minha cama. - Lá não precisa usar uniforme.

- Isso não me motiva nem um pouco, tia.

Ela ficou falando horrores sobre como seria bom para mim fazer novas amizades, respirar novos ares, mas quem disse que eu quero isso?

Por fim, dei-me por vencida, levantei da cama e fui me arrumar enquanto a tia Lu fazia o café da manhã.

Vesti uma calça flare preta, um cropped também preto, uma jaqueta puffer preta que se assemelha a um saco de lixo e, nos pés, um tênis da New Balance 530, que ultimamente está sendo minha paixão.

Como acessórios, uso um par de argolas e, nos outros furos, meus outros brincos, além de um colar de cruz e alguns anéis nos dedos.

- Essa sua jaqueta parece um saco de lixo - é a primeira coisa que ela diz quando me vê na enorme cozinha.

- Já me falaram isso antes - respondo, sorrindo para a minha tia, que me devolve o sorriso.

- Você está muito linda, viu?

- Obrigada, titia - digo, dando um abraço apertado nela.

Eu a amo muito; não sei como estaria se não fosse por ela. Tia Lúcia tem minha eterna gratidão.

- Eu aluguei um carro enquanto não compro um - revela ela, após se desprender do meu abraço.

Ah, meu Deus! Tia Lúcia era um terror no volante, uma verdadeira barbeira. Eu não posso, de jeito algum, passar vexame em Los Angeles.

- Mas, tia - eu não consigo terminar, pois ela me interrompe.

- Diana, eu estou melhor.

Eu jamais acreditaria nisso.

- Tudo bem, então, tia. Quando vamos? - eu não queria ir se ela fosse dirigir.

- Agora mesmo. E não se preocupe com os materiais; lá eles dão para quem não tem.

- O mínimo - falo enquanto a acompanho até a garagem.

(...)

Já estávamos a caminho da escola e, a cada freada brusca que a tia Lúcia dava, era uma reza que eu fazia.

- A senhora não deveria correr tanto - ela me olhava com uma das sobrancelhas arqueada.

- Você, por acaso, está insinuando que eu não sou uma boa motorista?

- Não, de jeito nenhum, tia - é claro que era isso que eu estava insinuando; minha tia era a pior das motoristas.

- Acho bom - ela prestava atenção na estrada.

Já vi que o caminho será longo e perigoso, bem perigoso.

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