Me has salvado

CAPÍTULO 4

- Você vem aqui muitas vezes? -a loira perguntou.

- Sempre que possível. Não são muitas vezes, mais venho.
Esse lugar aqui...-bate em cima da toalha esticada na grama onde estávamos sentadas.
Me faz refletir.

- Aqui é lindo. Transmite uma energia boa!

- Venho pra cá quando é necessário também.

- E quando é necessário ?

- Momentos como esses. Onde procuro um lugar tranquilo pra pensar, encontrar paz, me conectar comigo mesma, resolver problemas, agir...

- Eu ainda te devo uma explicação? Por isso me trouxe?

- Vendo assim parece que você tem uma dúvida comigo. -ela ri.
Você não me deve nada. Só quero tentar entender o que se passa.
Sandoval é um problema. Não só seu, mais agora também meu...-a loira a interrompe.

- Você não tem que se envolver nisso. Sandoval é um problema que posso resolver...

- Porém agora ele virou meu problema. Ele é um tremendo filho de uma puta.
Você foi vítima dele, não foi ?

- Como você... Por que acha isso?

- O seu comportamento te entrega, o comportamento dele com você na mesa mais cedo o entrega, eu o pegar no flagrante olhando pra bunda de uma aluna o entrega... Ele ter tocado nos meus peitos o entrega também Maca.

- Ele fez isso com você ?- a olha incrédula.

- Sim. E confesso que estou surpresa. Não esperava que ele agiria tão rápido.

•M•

Sandoval não faz nada sem pensar. Nem muito menos por impulso.
E ele agir assim com Zahir é um ato impulsivo. A carreira dele deve está muito fodida pra fazer isso. Ou ele está tramando algo...

•Narradora•

- Quando aconteceu Maca?

A loira fica em silêncio por um tempo. Pensando se contava ou não.
Mais acontece que não é só sobre ela agora.

- Eu tinha 14 anos. Sandoval meu professor e eu a aluna exemplar.
Ele sempre me elogiava quando mostrava minhas atividades feita.
Eu achava ele totalmente esquisito, estranho, tinha um mal pressentimento dele.
E eu estava certa, porque ele era. E quando aquilo aconteceu, eu vi que ele é mil vezes pior do que eu pensei.
Depois da aula de educação física, eu fui tomar meu banho. E eu sou de demorar no banho, e conforme eu demorei as outras meninas já tinham saído.
Fiquei sozinha. Até ele entrar.
E estava com a toalha enrolada em meu corpo, e ele vestindo um conjunto de terno e calça branca. E aí ele veio se aproximando, eu falei que ali era o banheiro feminino das alunas, mas ele me ignorou totalmente.
Ele veio se aproximando mais, mais e mais. Nesse época eu já tinha meus seios fartos, então ele baixou a toalha do meu corpo dizendo pra eu não gritar... E quando a toalha já estava na minha cintura, ele olhou com um olhar totalmente faminto pros meus seios. Colocou uma das mãos na minha cintura, e subiu deslizando até chegar no meu peito.
Eu estava parada, não sabia o que fazer... Eu não sabia como reagir a tudo isso.
Ele foi se agachando até chegar na altura do meu peito, ele aproximou seu rosto...- Maca tinha os olhos marejados.- Roçou a merda daquela barba no vão dos meus seios e depois passou aquela língua nojenta.
Ele mordiscou um dos meus seios, mais antes que ele continuasse escutamos a porta bater forte. Alguém esteve ali completamente com raiva. E provavelmente viu aquela cena.
Isso fez ele se afastar bruscamente e ir pra fora.
Eu arrumei a toalha e chequei pra ver se ele tinha ido embora. Como tinha mais ninguém no corredor eu voltei pro chuveiro.
Eu esfreguei tanto o meu corpo ao ponto de machucar. Os meus seios por pouco não ficaram em carne viva.
Depois que me vesti peguei minhas coisas e sai dali.
Eu ia ter aula de boxe, mais antes passei na diretoria.
Contei tudo o que havia acontecido... E mesmo assim aquela filha da puta não acreditou em mim, e ainda disse que era coisa da minha cabeça. Porém era eu que estava ali, foi eu que sofri aquela merda toda, como ela pode falar uma coisa dessas? E saindo da sala dela, eu me virei e falei que um dia ela saberia que eu estava falando a verdade. E ela me olhou  como se falasse "eu sei que isso é verdade".
É como se ela estivesse sofrendo a mesma coisa que eu. Mesmo assim fui pra casa. Cheguei lá encontrei minha mãe sentada na sala junto ao meu pai, enquanto a cozinheira fazia a comida.
Falei que queria conversar em particular só com eles, então subimos pro meu quarto.
Ali eu contei tudo. Mostrei como meu corpo ficou depois de... Tentar tirar aquela sensação de que ele ainda estava ali.
Bom, fomos a escola. Meus pais acabaram com a diretora.
E depois de tanta confusão, ela deu um tempo de afastamento pra ele.
Meus pais me levaram ao psicólogo. Eu fiquei tão apavorada que ela me passou antidepressivos. Os quais  tomo até hoje.
E assim ficou a história. Com ele de volta a escola pra abusar e talvez até estrupar a mim ou outras alunas que chame a sua atenção.
Tirando você, meus pais e a diretora ninguém mais sabe dessa história.
Nem mesmo minhas amigas. Somos de contar tudo que acontece uma na vida outra... E sempre invento histórinhas dizendo que esta tudo bem.

- Maca... Sinto muito por saber o que você passou.
Ninguém deveria ter que enfrentar uma situação tão dolorosa e injusta, e é normal sentir uma variedade de emoções após um abuso. Quero que saiba que você não está sozinha e que estou aqui pra te apoiar.
A sua coragem em contar isso é admirável, e quero dizer que estou disposta a te ajudar da maneira que precisar. Também posso acompanhá-la caso queria relatar o ocorrido, se isso for algo que você considere importante.
E loira... É fundamental que você se sinta segura. Sua saúde emocional é prioridade.
Podemos encontrar alguma maneira de tirar ele da escola. E o essencial, fazer com que não volte.
Você merece respeito e dignidade. Lembre-se disso, viu?- Maca balança a cabeça em concordância.- Me promete, em? -Zulema bagunça o cabelo de Macarena pra descontrair.

-Hurrm.-murmura.

- Eu não ouvi um sim. -começa a fazer cosquinha pra fazê-la rir.

- Sim. Sim. Sim. Sim!!!

[...]

- Que bolo gostoso. Onde comprou ?

- Em uma cafeteira, no bairro de La Barceloneta.

- Ah, sei onde é. Nunca fui. Marquei com uma amiga de ir, mas deu errado.

- Lá é bom. Porém o menu não ganha do meu.

- Huumm... Então estou de frente a uma master chef? - Brinca.

- Meu bolo de coco gelado ganha de todos.

- Não, eu acho que não. Você não tem cara de que vai pra cozinha.

- Ah, tá duvidando da minha pessoa ? -a olha se fingindo indignada.

- Jamais. -Põe a mão no peito fingindo está afetada.
Apenas comentei minha opinião.

- Eu vou levar isso como um desafio. Porque quando você estiver comendo o melhor bolo da sua vida, vai me dar razão.

- Eu não vou admitir isso. Nunca.

- Nunca diga nunca, señorita Ferreiro. A vida tem de nos surpreender.

- Que horas são em ? -fingi procurar algum relógio.
Creio que já passou o horário escolar pra ter que escutar professora de filosofia.

- Sua besta. -Taca uma uva na loira.

- Zule, não é querendo ser estraga prazer... Acho que vai chover.

- É melhor irmos então. Eu te deixo em casa.

- E se você for jantar lá em casa?

- Jantar ?

...

Quem é vivo sempre aparece🤓

Até semana que vem (eu acho) 😝