Ana
O meu coração batia a mil por hora, nunca na minha humilde vida achei que iria falar assim para alguém ou sequer teria a coragem de me impor daquela forma como fiz com o Flamingo. O meu corpo tremia talvez da adrenalina de sair do balneário e encontra-lo no café, tomei coragem e caminhei para o balcão mas enganei-me redondamente ele já tinha ido embora, a minha colega Rita questionou-me sobre o que tinha acontecido, eu simplesmente dei uma resposta muito curta e simples, não gostava de falar sobre esta situação.
O meu dia passou-se tranquilo apesar de não parar de pensar naquele Flamingo bonito e.. NÃO CALMA, BONITO NÃO!
Estava nervosa, a hora de saída do café estava aproximar-se, a minha ansiedade estava em níveis altos tinha muito medo que ele aparecesse outra vez para me humilhar, depois da ameaça do meu chefe eu não podia arriscar nenhum contra tempo à porta do hotel.
Segui para o balneário para tirar o avental e ir para o hotel, despedi-me da minha colega e caminhei em direção ao hotel, até à vista tudo parecia estar calmo e sem sinal daquele flamingo, mas estava com muito medo que ele tentasse algo à porta do hotel.
Desço a rua de acesso ao hotel calmamente e para minha grande surpresa vejo do outro lado da rua mesmo à porta do hotel o Flamingo e o meu chefe a conversarem, o meu corpo congelou e o meu coração falhou uma batida, estava com muito medo do que estava por vir , afinal o que o Flamingo fazia por aqui e a conversar com o meu chefe?
Atravessei a rua a passos largos e com o coração muito pequeno, não podia perder este emprego o meu pai dependia deste dinheiro.
- Boa tarde senhor José. - passei por aqueles dois rapidamente mas a voz do meu chefe travou o meu caminhar.
- Boa tarde Dona Ana, escusa de entrar para se fardar, você está demitida. - não consegui evitar as lágrimas, fiquei desesperada e agarrei nos braços do meu chefe.
- Porquê senhor José? Por favor não faça essa crueldade, você sabe que preciso deste dinheiro para a medicação do meu pai, peço-lhe por tudo. - ajoelhei-me e chorei, nunca me tinha humilhado tanto mas pelo meu pai eu fazia tudo, não podia perder o meu pai.
- Dona Ana levanta-se, não precisa de se prestar a esse papel, aqui o meu amigo Ricardo já me contou o que você fez. Ontem ele veio confronta-la porque a irmã do senhor esteve aqui hospedada e você roubou um anel à senhorita, quando o Senhor Ricardo a confrontou você agrediu e humilhou este senhor, sendo assim não posso ter alguém como você a trabalhar neste hotel, sabe muito bem os valores da empresa. - as minhas lágrimas intensificaram e o desespero no peito aumentou, como ele tinha coragem?
Num ato de desespero eu levantei-me perdi a cabeça e bati no flamingo, bati com toda a minha força física e com a força da minha alma, o meu corpo tremia de raiva e desespero já não me conhecia, já não sabia quem eu era. Não era nada disto mas ele conseguiu me destruir, destruiu a esperança do meu pai superar a doença, tinha tanta raiva dele que se ele tivesse numa vala á morte jamais o salvaria da escuridão.
- SUA INDIANA NOJENTA, NÃO ME TOQUES. - ele empurrou-me com tanta raiva que eu cai de costas da calçada de pedra, o meu corpo doía a minha alma estava ferida e o meu coração partido em mil pedaços.
- Tu conseguiste destruir a minha vida em dois dias, como consegues dormir sabendo que destruíste alguém que nunca te viu, nunca te fez mal. - eu olhei bem no fundo dos seus olhos, ainda estava no chão a fungar, a limpar as lágrimas e mesmo assim só conseguia observar o vazio que ele carregava na alma.
Ele gargalhou e chutou os meus pés , ele sentia tanto ódio e desprezo por mim que em momento alguém mostrou qualquer arrependimento, ele simplesmente gargalhou da minha dor e foi-se embora como se a minha vida fosse uma anedota para ele.
Juntei todos os cacos que restavam do meu coração e toda a dignidade que sobrou e levantei-me com muito custo, os meus cotovelos estavam raspados e ensanguentados, caminhei em direcção ao hotel para tentar me justificar uma última vez, não podia perder este trabalho a medicação do meu pai dependia do dinheiro que ganhava no hotel.
Entrei no hotel e vi o meu chefe na recepção, tentei limpar as lágrimas e aproximei-me dele para tentar me justificar mas o homem estava irredutível.
- Dona Ana eu disse que você estava demitida, é preciso chamar a segurança para a senhora se retirar?
- Por favor Senhor José a medicação do meu pai depende do dinheiro que eu ganho neste hotel, deixe-me justificar a situação contar a minha versão deste mal entendido, trabalho aqui á 5 anos nunca faria uma maldade dessas, jamais roubaria alguém tenha piedade senhor.
O homem simplesmente virou-me as costas e fez sinal aos seguranças para me retirarem dali, eu não ia ser mais humilhada perder a pouca dignidade que me restava.
- Eu saio sozinha, não sou nenhum saco do lixo.
Caminhei em direcção à saída, as minhas lágrimas não tinham travão estava desesperada como ia justificar esta situação toda aos meus pais? Como iria encontrar outro trabalho?
Caminhei em direcção a casa, a minha cabeça girava á volta de uma solução, não entendia que mal é que eu tinha feito ao flamingo para ele me destruir, simplesmente atravessei á frente da sua mota, nunca o tinha prejudicado aliás nunca o tinha visto na vida para ele me fazer tanto mal.Ricardo
Admito que eu sou um génio, pensei em tudo ao promenor depois do confronto com a indiana no café, estava louco de raiva e com muita sede de vingança. Nunca ninguém na vida me tinha atingido assim, nem sequer tinham coragem para me olhar nos olhos mas aquela indiana tinha atingindo um patamar de ódio dentro de mim que jamais imaginei sentir por alguém, para ser sincero eu vivia de odio e raiva.
Depois do confronto dirigi-me ao hotel onde aquela nojenta trabalha e planejei tudo pelo caminho, seria o primeiro passo para fazer dela cinzas.
Avistei o banana do chefe, tinha decorado a cara dele do dia anterior e dirigi-me a ele, agora sim ia começar a primeira parte do plano.
- Senhor José? Lembra-se de mim? Estive aqui ontem a confrontar uma das suas empregadas que roubou um fio de ouro à minha irmã que esteve aqui hospedada. - a expressão do homem tornou-se pensativa.
- O senhor estava a confrontar a Ana ontem à porta do hotel, pensei que fosse uma rixa de namoradinhos. - como este homem de atreve? Eu namorar aquela indiana? Só me apetecia esmurrar o homem.
- Acontece que essa Ana roubou a minha irmã e eu quero o fio de ouro da minha irmã de volta, sabe ouvi dizer que essa mulher precisa de dinheiro urgentemente para o medicamento do pai. - na expressão do banana do chefe não havia dúvidas eu tinha convencido o homem de que a indiana era uma ladra.
O homem mandou-me aguardar visto que o turno da indiana começava dentro de pouco tempo e assim o fiz, aguardaria o tempo que fosse preciso para ver o início do fim daquela mulher.
Quando a indiana foi avistada da parte de fora do hotel eu e o chefe saímos e aguardamos que ela atravessa se a estrada, foi melhor do que eu esperava, demitida com justa causa e humilhada à entrada do hotel, eu conseguia ver que o coração dela estava quebrado em mil pedaços mas também consegui ver que ela faria qualquer coisa para ajudar o pai, admito senti uma pontada de inveja do facto de ela ter uma família que parecia tão unida, por isso eu dei um pontapé da sua perna, a minha raiva só tinha aumentado por algo dentro de mim se ter remexido ao ver o seu desespero, talvez fosse a pontada de inveja e as dores de cabeça que esta indiana me tinha causado.
Isto estava só a começar, virei-lhe as costas e jurei a mim mesmo que ela iria sofrer o dobro daquilo que estava a sofrer até a sua alma estar no meio do vazio como estava a minha, não iria restar nada dela e eu ia garantir que isso ia acontecer nem que fosse a última coisa que eu ia fazer na vida.
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Depois da tempestade vem a.. Calmaria?
Любовные романыAna e Ricardo são de "mundos" completamente opostos, mas o destino encarrega-se de cruzar a vida dos dois numa teia de ódio e amor. Será este casal capaz de enfrentar os obstáculos que os espera? Vem descobrir a história emocionante destes dois.