A semana passou sem problemas, e apesar de ainda ser cedo, eu começava a me acostumar com o bairro. Com meu trabalho de terça a sábado, consegui usar meus dias de folga para focar nos estudos de medicina. Além disso, fui (obrigada) convencida a sair com Baji e Chifuyu, que, aparentemente, me usaram como desculpa para uma noite de bebedeira, ainda que, eu nem ao menos bebo. Idiotas.
Minha mente ainda continua um pouco turbulenta, mas como se quisesse me provar que falava a verdade, eu não vi um único fio de cabelo de Senju durante toda a semana. Confesso que, por um momento, pensei em bater à sua porta e ver como ela estava. Mas, no último segundo, meu lado racional prevaleceu. Senju gritava problemas, e eu definitivamente não estava pronta para lidar com mais complicações na minha vida.
Apesar das preocupações sobre Senju, minhas saídas com Baji e Chifuyu acabaram sendo uma boa distração. Eles tinham uma energia contagiante e, com eles, era fácil esquecer as pressões do trabalho e dos estudos. Mesmo assim, não pude evitar a sensação de que algo pairava no ar, como se um segredo estivesse prestes a ser revelado. Talvez fosse a tensão silenciosa de Senju ou o simples fato de estar em uma nova cidade, cercada por pessoas e histórias desconhecidas.
No fim das contas, decidi que era melhor não me envolver demais. A última coisa que eu precisava era me meter em problemas alheios. Minha prioridade agora era me adaptar, manter o emprego e focar nos estudos. Ainda assim, não pude deixar de me perguntar o que estava escondido atrás daquela porta trancada.
Estava tão imersa em meu próprio devaneio que esqueci a hora e quando voltei a realidade Kang estava pegando uma cadeira ao meu lado.
— O descanso! Já acabou? – Vi Kang com uma expressão cansada e lembrei que tinha só vinte minutos de descanso que passei viajando fora de órbita.
— Relaxa. O café está puro agora, então temos uma pausa involuntária. – Ele me deu um sorriso amigável então me dei conta de olhar em volta e o estabelecimento estava vazio.
O silêncio era tão grande que era possível escutar os passos das pessoas lá fora que passavam apressadamente.
— Não é muito bom para o café, mas é um descanso extra para a gente. – Tentei cortar aquele silêncio e em resposta ouvi um pequeno riso de Kang.
— Estou tão cansado.
Me mantive em silêncio desde que Kang voltou ao trabalho depois de Melissa o cobrir, mas era notável seu cansaço e desânimo, ainda que fosse difícil dizer, considerando que Kang sempre sorrir e mantém uma calma inalterável. Seja lá o que esteja acontecendo tentei ao máximo não me meter e deixar ele em seu próprio espaço, me senti mal por naquele dia que ele não foi e não ter mandado ao menos uma mensagem então tenho tentando ajudar diminuindo ao coisas irritantes que as vezes precisamos lidar para que ele não fique mais cabisbaixo do que já está.
— Logo não iremos precisar mais trabalhar. – Me senti em uma corda bamba. Um limbo de não querer me intrometer e querer ouvi-lo.
Os olhos de Kang vieram ao meu encontro, algo que nunca tinha acontecido, pude reparar em olheiras e os seus olhos que insistiam em me encarar.
— Você 'tá bem? – Saiu antes mesmo de eu pensar direito no que ia falar.
— Quero ir em um parque de diversões. – Ele mudou totalmente do assunto me pegando de surpresa. — Você já foi em um?
— Já foi algumas vezes, mas descobri que meu estômago é muito fraco para adrenalina. – O respondi seguindo o rumo da conversa que ele queria.
Kang soltou uma risada, desta vez, alta e estridente. Sincera.
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𝒯𝑎𝑘𝑒 𝑀𝑒 𝒯𝑜 𝒞ℎ𝑢𝑟𝑐ℎ, Senju Akashi
FanficEm meio à mudança para um novo lar, [Nome] busca desesperadamente escapar de um passado conturbado, enquanto Senju Akashi, sua misteriosa colega de quarto, enfrenta seus próprios demônios internos. Abandonada por sua própria família e sedenta por af...