CAMINHOS CRUZADOS
POV'S. ESTHER NAVARRO
14 de maio de 2024O sol da manhã derramava-se sobre as ruas do Rio de Janeiro, e eu estava prestes a mergulhar em um treino intenso. A academia particular, onde apenas eu, Mirella, Alex, Victor e meus pais treinávamos, estava silenciosa. O som das minhas próprias respirações e o eco dos meus pensamentos preenchiam o espaço. A expectativa do dia me deixava nervosa e animada.
Meu corpo estava mais acostumado com a força das marés e a resistência do oceano do que com os halteres e esteiras. Hoje, o Brasil tinha seu primeiro jogo da VNL de 2024. Alex nos convidou para assistir juntos, e mesmo não conhecendo bem as jogadoras, exceto Thaísa, estava ansiosa para ver como o time se sairia.
—Esther, você vai hoje?—Victor, meu melhor amigo e também um boxeador, me chamou, com os olhos focados na barra de levantamento de peso.
—Provavelmente sim—respondi, amarrando os tênis e indo até a esteira.
A academia era minimalista, com paredes de concreto e janelas amplas que permitiam a entrada da luz natural. O cheiro de metal misturado ao suor era intenso, e eu preferia o cheiro salgado do mar. Mas ali, entre os aparelhos, eu me concentrava em outra forma de preparação. Coloquei os fones de ouvido e selecionei uma playlist de músicas que me lembravam o som das ondas quebrando na praia. A sensação de estar no mar, a adrenalina antes de pegar uma onda perfeita. Eu sempre gosto de trazer aquilo para o treino.
Victor e eu nos dividimos entre os aparelhos. Ele se dedicou às flexões, enquanto eu me concentrei nos agachamentos. O suor escorria pelo meu rosto, e cada músculo do meu corpo parecia vibrar. A cada repetição, eu imaginava estar na crista de uma onda, equilibrando-me entre o céu e o mar. A letra de Bellyache ecoava em minha mente, e eu me deixei levar pela melodia.
—Maninha, você está mais quieta do que o normal hoje—Victor disse, entre uma série de abdominais.
—Estou tentando compensar por ontem, já que não treinei—respondi, sem fôlego. A pressão de que a olimpíada estava próxima estava começando a pesar sobre mim.
Enquanto levantava pesos, pensei no mar lá fora. Nas ondas que se formavam, esperando por mim. O surfe era minha paixão, minha conexão com algo maior. A cada movimento, eu sentia a energia do oceano fluindo através de mim.
Após o treino exaustivo, Victor e eu decidimos almoçar em um restaurante próximo à praia. O sol ainda brilhava alto no céu, e a brisa salgada acariciava nossos rostos enquanto caminhávamos.
O restaurante era pequeno e aconchegante, com mesas de madeira e toalhas de papel. Nos sentamos perto da janela, e os fãs que nos seguiram até ali nos observavam com olhares curiosos e sussurros animados.
—Esther, Victor, vocês são tão fofos juntos!—Uma garota se aproximou, sorrindo.—Vocês namoram, certo?
Sim. Com a sua mãe.
Victor e eu trocamos olhares desconcertados. Éramos como irmãos, inseparáveis desde que nos conhecemos, e ele era namorado do Alex, meu irmão. A ideia de romance entre nós era estranha e desconfortável.
—Somos apenas amigos—respondi, me controlando para não dizer algo que vire bomba no Twitter.
—Mas vocês ficariam lindos juntos!—Um outro fã comentou, e eu me senti como se estivessem enfiando facas em meus ouvidos.
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Surfando no seu mar
Fiksi PenggemarEsther Navarro, uma bicampeã olímpica de surfe, vive para sentir a adrenalina das ondas. Mas quando recebe um convite para assistir um jogo de vôlei do Brasil pela vnl, ela não imagina que sua vida está prestes a mudar. Em meio a ondas e quadras, Es...