N - Caverna

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Entre a imensidão de árvores, o som de folhas sussurrava ao vento, enquanto S/n era levada para o coração da floresta. O calor do corpo de Minho a envolvia, e, mesmo estremecendo, não conseguia protestar. Ele havia a salvado, mas a confusão e o medo a impediam de encontrar palavras para expressar sua gratidão.

O caminho era iluminado por lamparinas amarradas de árvore em árvore, formando uma trilha tênue e quase mística no meio da escuridão densa. Cada passo de Minho ressoava suavemente no chão coberto de musgo até que, à distância, uma caverna iluminada apareceu como um refúgio escondido.

Minho a levou para dentro da caverna com cuidado, seus movimentos calmos, mas firmes. O ar ali era mais quente, o som do vento se acalmava, e a luz suave das velas penduradas nas paredes revelava o interior de uma casa humilde, oculta do mundo.

Com delicadeza, ele a acomodou em uma cadeira de madeira que, apesar de simples, era a mais confortável do lugar.

— Vou apagar as lamparinas para que não nos encontrem. – disse ele com uma voz baixa, quase sussurrada, enquanto seus olhos encontravam os dela por um breve instante.

S/n assentiu silenciosamente, o coração ainda acelerado, observando enquanto ele se afastava, deixando-a envolta na estranha calma daquele refúgio secreto.

Olhou ao redor, absorvendo a atmosfera peculiar e aconchegante da caverna. Apesar de sua localização isolada, o lugar era surpreendentemente limpo, com paredes de pedra cuidadosamente limpas. Tapeçarias inacabadas pendiam das paredes, os fios ainda soltos como se esperassem a continuidade de uma obra em progresso.

Acima de sua cabeça, um apanhador de sonhos balançava suavemente, capturando a luz das velas que iluminavam o ambiente. Os móveis, embora simples, eram acolhedores, e o espaço parecia repleto de vida com os tecidos coloridos que decoravam cada canto.

O que mais chamava sua atenção, porém, eram as pedras espalhadas por toda parte. Elas vinham em cores vibrantes e formatos únicos, algumas presas em redes nas paredes, outras guardadas cuidadosamente em frascos de vidro sobre os móveis. Cada uma delas parecia contar uma história própria, como se Minho tivesse colecionado pequenos fragmentos de mundos distantes e os colocado em exposição.

O ambiente, embora animado, exalava um cheiro forte e misterioso, que não se assemelhava ao perfume suave das flores. Era algo mais profundo, mais denso, mas ela não conseguia identificar exatamente o que era.

Antes que pudesse refletir mais sobre o que sentia, Minho retornou. Ele caminhou com passos silenciosos pela trilha agora escura, as lamparinas já apagadas. Ao entrar na caverna, ele puxou um tecido preto, espesso, cobrindo completamente a entrada e bloqueando qualquer luz que pudesse passar. O isolamento era completo.

A caminhada da entrada até os móveis era curta, mas a sensação de estar cercada pelo desconhecido fazia com que o lugar parecesse muito maior do que realmente era.

— Podes ficar relaxada, não nos acharão por aqui. – disse Minho, a voz baixa e firme enquanto abria uma gaveta em um dos armários incrustados na parede de rocha.

S/n observou em silêncio enquanto ele retirava cuidadosamente alguns pedaços de pano enrolados em uma bandagem. Sem dizer uma palavra, ele se ajoelhou diante dela, os olhos concentrados em seu calcanhar, onde o sangue, já quase seco, ainda manchava sua pele.

Ele envolveu o tecido com precisão, estancando qualquer resquício de dor que restava. Seus dedos eram firmes, mas gentis, o silêncio entre eles apenas intensificando a estranha intimidade da cena.

S/n sentia o calor subir ao rosto, o desconforto de estar tão vulnerável à frente dele a deixava sem ação. Ela tentou se distrair, olhando para qualquer outro ponto na caverna, mas sua mente insistia em voltar para a presença de Minho, que se movia de forma tão calma e controlada.

CONFINS DO PECADO - Yang Jeongin YANDEREOnde histórias criam vida. Descubra agora