Os céus choravam com pesadas gotas de chuva, como se até as nuvens lamentassem a perda irreparável daquele dia sombrio. O caixão, adornado com os emblemas reais, descia lentamente à terra úmida, enquanto o luto envolvia a cidade como um manto sufocante.
O rei, cuja morte havia chegado de forma tão abrupta, agora repousava em silêncio eterno. O povo, atônito e apavorado, sentia-se desprotegido, sem governante e sem rumo.
Em meio a esse caos, Dahyun permanecia enclausurada, sua liberdade arrancada pela dura punição de um mês trancada em seus aposentos. Nem mesmo o funeral de seu pai, o monarca morto, ela teve permissão para assistir.
Era como se sua existência tivesse sido apagada junto com a morte do rei. No entanto, tudo corria conforme o plano – o trono estava vazio, não havia sucessor. E Jeongin, aquele que nas sombras sempre aguardou, agora detinha todo o poder.
Sua primeira ordem ecoou pela cidade como o prenúncio de uma nova era de trevas. A caçada aos ciganos, já temida por tantos, começava com uma fúria renovada.
Nas penumbras da cidade, entre becos escuros e esconderijos secretos, os ciganos se misturavam ao caos, tentando desesperadamente escapar do destino iminente. Mas agora, sob o comando de Jeongin, não havia mais lugar seguro. As garras do novo poder se estendiam por todos os cantos, prontas para capturá-los e pôr fim a sua liberdade.
Naquela cidade, os ciganos haviam abandonado o costume de viver em movimento constante, de seguir o vento com suas carroças, pois os tempos de liberdade haviam se tornado memórias distantes.
Os portões estavam sempre vigiados por soldados, prontos para capturar ou executar qualquer um que ousasse cruzá-los. A antiga tradição cigana de não se fixar em um só lugar, de abraçar o mundo como lar, foi sufocada pela opressão. Agora, eles eram obrigados a viver às sombras, escondidos dentro da própria cidade, como fantasmas esquecidos.
Com a ascensão de Jeongin ao poder, a caçada se tornara ainda mais feroz. As ruas ecoavam com os passos dos soldados, e cada beco era revistado. Não havia clemência. A crueldade não discriminava entre crianças, jovens ou idosos – todos eram considerados culpados, condenados a pagar igualmente por um "pecado" que lhes havia sido atribuído pela simples razão de sua existência.
Não importava se eram inocentes ou culpados, sua identidade era o que os condenava.
A mulher debatia-se ferozmente, o desespero estampado em seu rosto enquanto os braços do guarda a mantinham firmemente presa. Sua faixa colorida, símbolo de sua herança e liberdade, escorregava de sua cabeça e caía ao chão, perdida entre seus movimentos angustiados.
— Me soltem, seus bastardos! – ela gritava com a voz embargada, as palavras impregnadas de fúria e desespero. Tentava de tudo para se libertar, mas seu corpo já estava fraco, esgotado pela luta desigual.
Um chute brutal atinge sua perna, e ela desaba no chão, os joelhos batendo contra a terra dura. O guarda, impiedoso, agarrou seus cabelos com força, forçando-a a manter-se ajoelhada. Era uma posição humilhante, projetada para quebrar qualquer vestígio de resistência.
— Ainda pensam que têm dignidade para falar assim. – a voz de Jeongin soou fria e calculada, cortando o ar com crueldade. Ele saiu da casa lentamente, suas mãos cheias de joias e bijuterias, relíquias da residência oculta dos ciganos, agora reduzida a escombros e lembranças desfeitas – Ladrões... Pensaram que escapariam da justiça.
Jeongin olhava para a mulher ajoelhada, seu olhar cheio de desprezo e autoridade. Para ele, eles eram mais do que apenas ciganos, eram parasitas, ladrões que ele estava determinado a erradicar.
— Não somos ladrões, não roubamos nada! Tudo o que temos foi conquistado com honestidade! – o homem, que já estava imobilizado pelos soldados, ergueu a voz em desespero, seus olhos queimando de indignação.
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CONFINS DO PECADO - Yang Jeongin YANDERE
FanfictionEm suas orações, sempre pedira para uma vida tranquila e guiada pelo Senhor. Como uma mulher na Idade Média, muitas coisas eram impedidas para prevenir sua morte. E nunca pensara que seria perseguida por um juiz obcecado por religião, e ainda por ci...