N - Cartas de Tarô

27 5 4
                                    

Três meses haviam se passado desde que todo aquele horror finalmente terminara. A cidade, ainda cicatrizando, tentava voltar à sua rotina, mas as lembranças daquele dia permaneciam gravadas na mente de todos. Muitas mudanças ocorreram desde então, mas talvez a mais significativa fosse Dahyun, que agora ocupava o trono.

Sua ascensão não foi pacífica. Após anos de repressão e subestimação por ser mulher, Dahyun tomou seu destino nas próprias mãos. Com uma frieza surpreendente, ela ameaçou as últimas autoridades, que, acuadas e sem alternativas, cederam e abriram a exceção necessária para que ela governasse.
O padre, naturalmente, foi o último obstáculo. Ele se opôs veementemente a essa mudança, argumentando que seria contra a vontade divina uma mulher ocupar o trono. Contudo, nesse momento, Azura, sempre à sombra, entrou em cena. Com uma habilidade sutil, ela apresentou uma carta "oficial", supostamente assinada pela própria.

A protagonista, finalmente livre das pressões e responsabilidades de ser a ajudante de Dahyun, agora rainha, encontrou uma paz que parecia quase surreal. Ela descansava em sua casa, um pequeno refúgio de tranquilidade após meses de caos e intrigas. Pela primeira vez em muito tempo, ela tinha tempo para si mesma, algo que parecia distante enquanto vivia à sombra da corte.

Dispensada de suas obrigações no palácio, ela passou a dedicar-se ao bebê, agora sem as preocupações constantes de servir a uma princesa – ou melhor, uma rainha. O pequeno era sua prioridade, e a sensação de cuidar de uma vida sem as amarras da nobreza era uma liberdade que ela nem sabia que desejava tanto.

Dahyun, com sua postura implacável, logo impôs novas mudanças no reino. Uma das mais ousadas foi a aprovação da medicina, uma decisão que, claro, não foi bem-recebida pelos religiosos mais conservadores.

O protesto deles foi feroz, mas a rainha havia deixado claro: qualquer "não" seria respondido com uma sentença de morte. Os demais governantes entenderam o recado. Afinal, Dahyun havia aprendido bem a tática que Jeongin utilizava – ameaçar de morte para conseguir o que queria. Funcionava.

Ouvindo a batida suave na porta, S/n suspirou e gritou um rápido "estou indo", antes de descer as escadas. Seus pés deslizavam pelos degraus, enquanto ela se perguntava quem poderia ser tão cedo. Ao abrir a porta, ela se deparou com Minho, que segurava uma pequena e curiosa caixa nas mãos. Ele tinha aquele sorriso que sempre parecia conter algum segredo.

— Bom dia. – cumprimentou, levantando a caixa estreita com um brilho travesso nos olhos – Você prometeu que me deixaria testar minhas habilidades clarividentes com você!

Ela não acreditava muito naquelas habilidades, mas Minho era tão persistente e encantador em suas excentricidades que ela não resistiu.

— Ah, claro. – abriu mais a porta e deu espaço para que ele entrasse – Vamos ver se você consegue prever algo de interessante dessa vez.

Minho entrou na casa, se acomodou na pequena mesa redonda, abrindo a caixa com um brilho de entusiasmo nos olhos. Ele retirou vários pedaços de papel, cada um adornado com gravuras elaboradas e cores vibrantes.

— Mas o que é isso? – S/n perguntou, sentando-se na banqueta à frente dele, a curiosidade evidente em seu olhar.

— Cartas de tarô. – segurou uma das cartas com cuidado – É um baralho para fazer leituras sobre a vida das pessoas, previsões de futuro e possíveis caminhos que podem dar certo com determinadas decisões.

CONFINS DO PECADO - Yang Jeongin YANDEREOnde histórias criam vida. Descubra agora