E - Poções

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Jeongin caminhava pelas ruas estreitas e escuras da cidade, o olhar afiado vasculhando cada canto, cada sombra. Perguntar por S/n havia se provado inútil. Os moradores, com medo ou ignorância, sempre negavam saber qualquer coisa. "Não a conhecemos", diziam. Mas Jeongin sabia que era mentira. Eles a escondiam. Eles sabiam onde a bruxa que havia enfeitiçado sua mente se escondia.

Mas ele não desistiria. Se fosse preciso, ele reviraria a cidade de ponta a ponta, arrancaria as pedras das ruas e cavaria até as profundezas, mas a encontraria. Ele a faria pagar pelos pecados que cometeu ao dominar seu coração, ao envenenar sua alma. 

Jeongin saiu da casa com passos pesados, o olhar frio e desdenhoso enquanto deixava a porta se fechar atrás de si. O lugar, aparentemente pacífico, com risos abafados e conversas suaves, escondia algo que ele já havia desvendado: o pecado.

Aqueles dois casais, vivendo como se fossem normais, estavam imersos em algo que desprezava com todo o seu ser. Eles fingiam ser casais convencionais, marido e mulher, mas ele percebia os olhares furtivos, os toques trocados quando acreditavam que ninguém estava vendo.

Homossexuais. Aberrações, pensava ele com repulsa. Tentavam enganar a sociedade, fingindo uma pureza que não possuíam. Mas Jeongin via além das aparências. Ele reconhecia o pecado quando o encontrava. Para ele, não havia espaço para aquilo no mundo de Deus.

A existência de tais seres o irritava, como uma mancha na ordem natural. Enquanto eles continuassem vivendo suas vidas corrompidas, a cidade nunca estaria livre da decadência.

Aqueles casais, vivendo suas vidas de forma tão desprezível, despertavam nele um nojo profundo. Dois homens e duas mulheres, casados, mas com relacionamentos separados? A moralidade havia se perdido ali. Aos seus olhos, era uma afronta à ordem divina, uma perversão que ele não toleraria.

Saindo daquela casa, o estresse do dia o consumia. Nenhuma pista de S/n, nada que o levasse até sua obsessão. E agora, além do fracasso, tinha que lidar com a imundície desses pecadores. Ele apertou os punhos, os ombros pesados pelo peso da frustração.

Os soldados se aproximavam, prontos para seguir suas ordens. Eles esperavam o próximo passo, outra casa para invadir, outro lugar para procurar. Mas Jeongin tinha outros planos.

Sem dizer uma palavra, ele arrastou um baú pesado até a porta da casa, trancando-a por completo, enquanto os moradores lá dentro permaneciam alheios ao que acontecia. O clique do baú se acomodando contra a maçaneta ecoou na rua silenciosa.

Então se aproximou da parede de pedra, onde uma tocha queimava fracamente, iluminando o caminho. Ele a arrancou de seu suporte, o calor subindo em seu rosto enquanto o fogo crepitava em sua mão.

— Pode queimar. – disse com uma calma que contrastava com o caos prestes a começar. Ele entregou a tocha para um dos soldados, que a segurou por um momento, confuso.

— O q-quê? – o soldado gaguejou, a incredulidade evidente em sua voz.

Jeongin virou-se lentamente para ele, o olhar frio e impassível.

— Eu disse: pode queimar, com todos dentro. – os soldados ao redor hesitaram, trocando olhares, o terror evidente em suas expressões. Eles sabiam que aquela ordem era cruel, um ponto de não retorno. Mas Jeongin, com seu olhar penetrante, não toleraria desobediência –  E se um de vocês ousar ajudar...

Deixou a ameaça pairar no ar, dando um passo à frente, os olhos negros como rabiscos desconexos, irradiando uma loucura crescente. Ele encarou cada um dos soldados, um por um, e o medo se espalhou entre eles como uma onda. Nenhum ousava questionar o que havia sido ordenado. 

CONFINS DO PECADO - Yang Jeongin YANDEREOnde histórias criam vida. Descubra agora