32. Superar

78 8 11
                                    

A noite havia caído silenciosa sobre a cidade, e a única luz que iluminava o quarto de Minho vinha do pequeno abajur ao lado da cama

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

A noite havia caído silenciosa sobre a cidade, e a única luz que iluminava o quarto de Minho vinha do pequeno abajur ao lado da cama. Jisung estava enrolado embaixo do cobertor junto do Lee, seus corpos entrelaçados de forma confortável e familiar, enquanto o calor deles afastava o frio que havia tomado conta do apartamento naquela noite de inverno. O som do vento batendo contra a janela e as respirações tranquilas dos dois criavam um ambiente íntimo, quase sereno.

O maior estava deitado de lado, uma das mãos repousando suavemente sobre a cintura fina de Han, enquanto o mais novo se aninhava mais perto, buscando o conforto da presença do namorado. Eles estavam juntos oficialmente há alguns meses, mas a intimidade parecia ter florescido de forma natural, como se ambos estivessem se curando e crescendo juntos desde o início. No entanto, havia uma sombra que às vezes pairava sobre eles, algo não dito, que o loiro percebia nos olhos de Minho sempre que seu passado surgia em conversas.

Era inevitável. Havia algo que Lee ainda guardava para si.

Jisung sabia sobre Kang Woo-Seok, o ex-namorado do policial, mas nunca entraram em detalhes. Minho mencionava o nome dele com uma certa frieza, um desdém que deixava claro que o relacionamento não havia terminado bem. Han sempre respeitara os limites de Lee, nunca forçando a falar sobre coisas que claramente o incomodavam. Mas, naquela noite, enquanto estavam tão próximos, o loiro não pôde deixar de perguntar.

Amor... — murmurou suavemente, sua voz baixa e hesitante.

Minho abriu os olhos lentamente, sentindo o movimento leve de Han se acomodando mais em seu peito. — Hm? — respondeu, sem muita preocupação, ainda relaxado no momento.

Jisung mordeu o lábio, ponderando se deveria realmente tocar no assunto. Ele odiava a ideia de trazer algo desconfortável à tona, mas ao mesmo tempo, o desejo de entender o passado do mais velho e ajudá-lo a superar qualquer dor que estivesse guardando era mais forte. — Por que você e o Woo-Seok terminaram?

A pergunta pairou no ar por alguns segundos, e Lee permaneceu em silêncio, rígido. Han sentiu o corpo de Minho se tencionar ao seu lado. A mão que estava sobre a cintura do menor parou de se mover e ficou imóvel, fria. A temperatura no quarto pareceu cair, e o ambiente, antes tranquilo, subitamente se tornou mais pesado.

— Por que você quer saber isso agora? — o maior finalmente perguntou, sua voz mais baixa e carregada de uma tensão que Jisung raramente ouvia.

O loirinho levantou um pouco o rosto, observando o perfil do policial na luz fraca. Ele não queria pressionar, mas a verdade era que ele estava preocupado. Kang não era apenas uma sombra do passado de Lee, mas também uma presença que ainda afetava ambos, especialmente depois de tudo o que aconteceu. Woo-Seok não só feriu Minho emocionalmente, mas Han também carregava cicatrizes, físicas e emocionais, devido àquele homem.

— Eu só... — Jisung hesitou, escolhendo as palavras cuidadosamente. — Eu só quero entender, Min. Quero saber o que aconteceu de verdade. 'Pra poder te ajudar, pra poder entender o que você passou.

O maior respirou fundo, mas ao invés de responder de imediato, ele se afastou um pouco do loiro. O movimento foi sutil, mas suficiente para que Han sentisse a distância entre eles crescer. O Lee virou-se na cama, ficando de costas para o outro, o silêncio entre eles crescendo e se tornando mais denso a cada segundo.

— Eu não quero falar sobre isso — respondeu, sua voz agora mais fria e distante.

Jisung sentiu o coração apertar. Ele sabia que havia tocado em algo sensível, mas não esperava aquela reação. Ele se aproximou mais uma vez, tentando tocar o ombro de Minho, mas este se afastou ainda mais, quase se levantando da cama.

Minho, por favor... — Han sussurrou, sentindo uma leve angústia surgir em seu peito. — Eu não quis te incomodar. Só queria... entender.

O policial sentou-se na cama, passando as mãos pelos cabelos castanhos, visivelmente irritado. Ele balançou a cabeça, frustrado. — Por que você tem que cavar essas coisas, Han Jisung? Não basta saber que ele foi uma parte ruim da minha vida? Por que você tem que trazer isso de volta?

Han Jisung?

O menor se encolheu um pouco, sentindo a dureza nas palavras do Lee. Ele não queria que a conversa tomasse aquele rumo, mas agora parecia tarde demais para voltar atrás.

— Eu não queria te deixar assim, Min. Só achei que... talvez fosse bom você falar sobre isso. — Tentou justificar-se, ainda sentado de forma tímida sob o cobertor.

Minho bufou, levantando-se da cama abruptamente. — Você não entende, Han Jisung. Não entende o que eu passei. O que ele fez comigo, o que ele fez com nós dois! Falar sobre isso não vai ajudar em nada. Só vai me fazer reviver tudo.

A dor na voz do Lee era clara agora. Ele andava de um lado para o outro no quarto, enquanto o confeiteiro permanecia imóvel, observando-o. A cada passo que Minho dava, a distância entre os dois parecia aumentar, não só fisicamente, mas emocionalmente também.

— Minho, eu sei que foi difícil. Eu estive lá, lembra? Eu também fui machucado por ele — Jisung falou, sua voz falhando levemente enquanto as memórias de Woo-Seok surgiam em sua mente. — Mas... nós estamos juntos agora. Nós podemos superar isso juntos.

Superar isso? — Riu, mas não havia humor em seu riso, apenas dor e amargura. — Você acha que é tão simples assim? Que podemos apenas esquecer tudo o que aconteceu? Ele não foi apenas uma fase ruim, Jisung. Ele foi uma parte de mim que... destruiu muito do que eu era. Eu ainda estou tentando me consertar.

O loirinho sentiu as lágrimas se acumularem em seus olhos, mas tentou se controlar. Ele odiava ver Lee daquele jeito, mas também sabia que não poderia forçá-lo a enfrentar os demônios do passado se Minho não estivesse pronto.

— Eu... não sabia que te machucaria tanto — Han admitiu, sua voz agora baixa e arrependida. — Eu só queria te ajudar.

Minho parou de andar e olhou para Jisung, seus olhos ainda carregados de mágoa. — Às vezes, ajudar é não mexer nessas feridas, Han.

O silêncio voltou a preencher o quarto. Jisung queria dizer mais, queria pedir desculpas, mas sentia que qualquer palavra naquele momento só pioraria as coisas. Lee suspirou, pegando sua jaqueta que estava jogada sobre uma cadeira.

— Vou dar uma volta — ele disse simplesmente, evitando o olhar do outro.

Han apenas assentiu, sentindo-se impotente. Ele observou Minho sair do quarto sem olhar para trás, e o som da porta da frente se fechando ecoou pela casa, deixando o menor sozinho.

Os dias seguintes foram longos e silenciosos. Minho não falava com Jisung. Ele respondia às mensagens de forma seca e evitava se encontrar com ele, alegando estar ocupado com o trabalho. Jisung sabia que havia magoado Lee ao trazer Woo-Seok à tona, mas também sabia que precisava dar espaço para que o namorado processasse as emoções.

Durante aqueles dias, Han refletiu muito sobre o que havia acontecido. Ele se culpava por ter forçado uma conversa para a qual Minho claramente não estava pronto, mas também entendia que aquilo fazia parte do processo de cura. Ambos carregavam cicatrizes deixadas por Kang, e enfrentá-las juntos não seria fácil.

Doce Justiça | MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora