No silêncio da casa, eu escuto
as vozes que só ele ouve,
sussurros que vêm de um mundo distante,
que nem o amor alcança, nem a dor remove.Seus olhos, às vezes, me atravessam,
como se vissem algo que eu não vejo,
um medo que nunca posso entender,
um abismo profundo entre nós e o desejo.Ele fala de sombras e de luzes,
de gente que nunca está lá,
e eu tento segurar suas mãos trêmulas,
mas elas escapam, como a mente que se desfaz.Eu sou só um garoto,
com perguntas que não têm resposta,
querendo um pai que sorria,
não esse homem que o medo devasta.Mas no fundo, eu sei que ele tenta,
que por trás das vozes, ele ainda está,
escondido entre os fantasmas e ecos,
o pai que um dia eu pude abraçar.Então, fico em silêncio ao seu lado,
esperando o tempo passar,
quem sabe um dia, em um instante breve,
ele volte e me veja, mesmo sem falar.