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Se eu deitasse aqui (If I lay here)

Se eu apenas deitasse aqui (If I just lay here)

Você deitaria comigo e simplesmente esqueceria o mundo? (Would you lie with me and just forget the world?)

[...]

Makoto foi uma decepção na minha vida. Por termos crescido juntos, acreditava que ele era o príncipe encantado na minha vida e que me protegeria de todo o mal. Meu irmão confiou nele de olhos fechados e quem diria que nos decepcionaríamos tanto com ele.

Quando eu era uma bailarina exemplar e de alto rendimento, ele me dava os melhores presentes e me enchia de elogios. Makoto foi insistente até eu ceder aos seus encantos e finalmente nos beijarmos, após isso, começamos a namorar.

Uma bela história havia se iniciado. Seus amigos me adoraram, sua irmã mais nova me tratava com tanto amor e seus pais me conheciam o suficiente para quererem que já nos casássemos. Mas, no auge dos meus vinte e cinco anos aconteceu a tragédia naquele palco onde eu lesionei na frente de toda a plateia e você nem ao menos conseguiu se levantar para ir até mim. Eu achei que pelo choque, você nem ao menos conseguia se mover, mas quando meu irmão me pegou no colo como se fosse uma flor recém cortada do caule... Eu o vi dando as costas para mim e uma parte de nós se rachando.

Uma semana se passou até você aparecer na porta da minha casa e dizer que tinha ficado assustado, eu acreditei de início, pensei que pudéssemos passar uma borracha naquele pequeno trecho da nossa história. Mas não, não, não e não. Você havia mudado e eu também, perdi aquele brilho que eu tinha como bailarina e você me prendeu em uma gaiola. Me escondendo do mundo.

Estou no meu intervalo do almoço sentada em um banco de praça próxima ao edifício que faço os quadros. É um ateliê que eu aluguei para ter meu sossego. Não faço somente quadros, de vez em quando crio roupas também. Uma segunda paixão que nunca pensei que iria ser forçada a torná-la realidade.

Suspiro pesado precisando voltar ao ateliê e finalizar uma encomenda. Caminho com auxílio das minhas muletas e ao subir as três escadas que ligam até o salão, o recepcionista me observa como se fosse de vidro e a qualquer momento pudesse me quebrar. Dou um sorriso sem graça para ele e chamo o elevador, não consigo esconder o incômodo com esse olhar de pena.

Ao chegar no segundo andar, abro o ateliê e deixo as muletas de lado, coloco meu avental e me sento na cadeira para voltar de onde eu parei. Agora as ideias pareciam claras e as cores estão mais vivas, sim, eu preciso agradecer aos deuses por não terem tirado tudo de mim.

Presa em meus pensamentos enquanto canto a música que toca em meu celular, sinto uma mão tocar meu ombro e um grito sair dos meus lábios. A outra pessoa também parece se assustar e com a mão no peito, eu vejo os meus pinceis caídos no chão.

— Mas o que? ...

— Me desculpa — A garota de cabelo curto até o ombro se agacha pegando os pinceis e me entregando — Entramos no ateliê achando que não teria problemas e estava aberta para atendimento.

— Sim, claro, estou disponível para atendimento... Apenas não ouvi a campainha — Limpei minhas mãos no avental e a encarei com mais atenção — Me chamo S/n Okkotsu, prazer.

— Maki Zenin — Sua expressão séria me causou calafrios — Queria saber se é possível fazer a criação de um vestido de madrinha de casamento.

Meu corpo tensiona ao ouvir sobre criar vestido para casamento. Ela parece me analisar enquanto espera por uma resposta, solto uma tossida fraca mas acabo concordando.

— Eu só preciso saber para quando é, verificar suas medidas... E-Eu já... — Me virando para ir em direção a recepção acabo por esbarrar em alguém pela segunda vez somente no dia de hoje.

Peço desculpas imediatamente enquanto as mãos da outra pessoa me segura de uma maneira um tanto quanto firme. Ao olhar em seu rosto, foi como se minhas pernas tivessem amolecido e meu estômago se embrulhado. Era o garoto do meu sonho, bem na minha frente e olhando nos meus olhos de uma forma indecifrável.

Me recompus e sem saber o que dizer, peço licença para ir até a recepção, fico alguns segundos parada o encarando até decidir sair dali imediatamente. 

Tentando entender o que esta acontecendo, pego meu bloco de anotações e uma caneta, caminho de volta até onde estavam os dois e me volto para a mulher, ainda sobre os olhares do rapaz.

— A-Acho que podemos começar — Ela sorri mínimo e assente — Maki Zenin, vestido de madrinha. Qual a cor?

— Cor salmão — Eu levanto meu olhar para os dois antes de continuar anotando, ela fazia uma cara feia enquanto o rapaz não demonstrava nenhuma reação — É uma droga de cor, eu sei.

Ela solta um suspiro enquanto o rapaz da de ombro. Ele não irá dizer nada? Pego uma fita para fazer as medidas nela e anotar tudo com maior precisão possível.

— Para quando irá precisar? Com a data eu consigo estipular o valor e...

— Valor não será o problema, ele quem irá pagar o meu vestido — Ela apontou para o rapaz que fez uma cara feia e balançou a cabeça negativamente — Você quem inventou de se casar, Toge. Ainda me prometeu pagar o meu vestido para que eu aceitasse ser sua madrinha, mesmo eu lhe dizendo o grande erro que esta cometendo. 

Fechando a cara e com um suspiro pesado, ele se virou nos deixando sozinhas. Eu não queria me meter na vida deles, mas saber que o rapaz dos meus sonhos estava de casamento marcado era ... Estranho. Então era por isso que eu não conseguia toca-lo? Significava que o mesmo estava comprometido? Que brincadeira é essa? Que sinais são esses?


SPEAK NOW | Inumaki TogeOnde histórias criam vida. Descubra agora