Dead skin. - Jikook

Nice to meet you.

Enquanto Jeon se afastava, Jimin sentiu um misto de alívio e confusão. O acolhido, embora caloroso, era envolto em um ar de estranheza que ele não conseguia ignorar. O sorriso de Jeon, tão cativante, parecia esconder segredos profundos, e Jimin se perguntou se realmente estava livre.

— Vamos, vou te mostrar seu quarto — disse Jeon, puxando Jimin suavemente pela mão.

Jimin seguiu, seu coração acelerado não apenas pela nova experiência, mas também pela incerteza do que o aguardava. Ao entrar no quarto, ficou maravilhado. Era grande e bem decorado, com móveis elegantes e uma vista deslumbrante da cidade. Mas algo no ambiente o deixava inquieto.
Em cada batida do coração, Jimin sentia o peso do desconhecido, como se cada respiração o levasse mais fundo em um abismo sem fim.

— Aqui é o seu espaço — explicou Jeon, com uma voz suave. — Você pode fazer o que quiser, decorar do seu jeito.

Jimin acenou, mas sua mente estava longe. Ele ainda se lembrava das paredes frias do cativeiro e do cheiro do medo que o acompanhou durante anos. Ele carregava o peso do medo como uma corrente invisível, cada pensamento um eco de sua fragilidade, um lembrete de que a liberdade ainda poderia ser um sonho distante.

— Sinta-se à vontade para explorar — continuou Jeon, mas sua expressão carregava uma intensidade que Jimin não conseguia entender. O olhar de Jeon transitava entre uma frieza extrema e um calor aconchegante, e isso dava arrepios em Jimin.

— Obrigado, Jungkook... — começou Jimin, hesitando. — Você realmente... me salvou.

Jeon sorriu, mas havia algo sombrio em seu olhar.

— Você é especial, Jimin. E eu prometo que nunca vai sentir medo novamente.

Jimin engoliu em seco, mas sua curiosidade e esperança o mantinham ali. Ele queria acreditar nas palavras do homem, mas um pequeno sussurro de dúvida persistia em sua mente.
Jeon era o homem mais deslumbrante que Jimin já havia visto. Ele carregava uma classe, que vinha junto de uma personalidade claramente forte com uma beleza inigualável. Aquele homem era um sonho.

Naquela noite, enquanto se deitava em uma cama confortável em seu novo quatro, Jimin olhou para o teto e refletiu sobre sua nova vida. Ele sonhou com sua família, com a liberdade, mas também com o olhar de Jeon, que agora era um constante em sua mente. Havia algo nesse homem que o atraía, mas também o aterrorizava.

Enquanto Jimin observava a luz do luar entrando pela janela e iluminar o chão do cômodo, suas memórias o arrastaram de volta para os anos sombrios em que esteve sequestrado. O eco do silêncio pesado, o cheiro da umidade nas paredes frias, e o som distante de risadas que nunca eram suas. Cada dia era uma luta pela sobrevivência, cada minuto uma eternidade marcada pela solidão.

"Por que não percebi antes?" pensou, lembrando-se dos rostos que passavam por ele, pessoas que poderiam ter ajudado. Agora, cada gesto de bondade parecia uma armadilha, cada sorriso um possível disfarce. O medo de ser enganado o consumia, tornando-o incapaz de confiar facilmente. O que antes era inocência se transformou em uma armadura pesada.

Ele se lembrava das promessas quebradas, das esperanças destruídas. O trauma o havia moldado em algo novo, uma versão de si mesmo que mal reconhecia. Ao longo daqueles sete anos, Jimin aprendera a desconfiar do mundo. A maldade, uma sombra que antes parecia distante, agora era uma constante em sua mente. Mas ao mesmo tempo, a dependência tornou-se seu novo traço. A solidão era um veneno, e ele se via ansioso para ter alguém ao seu lado, qualquer pessoa que pudesse preencher o vazio que o sequestrador deixara. Na época em que estava sequestrado, torcia para que não ficasse sozinho naquela sela, então tentava dialogar com todas as outras vítimas que lá estavam; o ajudava a se sentir menos perdido. Jimin adquirira o que os especialistas chamariam de EPT (Estresse pós-traumático), que causou uma compulsão quase desesperada por companhia, como se apenas a presença de outro ser humano pudesse afastar os fantasmas do passado.