Capítulo Seis.

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Pov:Jennie.

Sábado.

Covarde. Covarde. Covarde. Era isso o que Jennie era. Uma completa co-var-de. Enrolando-se em seu lado na cama, Jennie bebeu na vista de Lisa dormindo profundamente na cadeira estofada, suas longas pernas esticadas longe sobre os banquinhos, e seus pés e panturrilhas oscilando pelo outro lado. Ela tinha se deslizado nas almofadas de pelúcia em algum momento durante a noite, mas a pobre mulher tinha os ombros para frente e a cabeça inclinada em um ângulo desajeitado que a deixaria com um torcicolo no pescoço.

Deveria acordá-la e convidá-la para cama, mas não conseguia fazer sua boca se abrir para dizer as palavras, e não conseguia se mover através dos cinco metros de espaço para cutucar seu
ombro e o guiar para cama.
Covarde.

Doía para correr os dedos em seu cabelo despenteado e mandíbula forte, acordá-la apenas para poder olhar dentro daqueles olhos azuis incríveis que, após vinte anos de luta, de alguma forma roubaram seu coração — algo que tinha jurado que nunca ia enfraquecer e o entregar a ninguém. Muito menos para esta mulher.

Como pôde se deixar apaixonar por uma mulher cujo mundo iria rejeitá-la? Como poderia dizer a esta mulher como se sentia, sabendo que mesmo que ela a quisesse por mais que esta semana, ela só iria prejudicar a vida que ela tinha trabalhado tão arduamente para construir?

Não poderia nunca fazer isso. Ela amava aquele mundo e os negócios que ela e Grey tinham criado; Tinha prosperado ao assegurar um grande cheque para um novo empreendimento, assim como Grey tinha feito. Ambos brilhavam quando falavam sobre isso ao longo dos anos, gabando-se para sua avó daqueles dias antes que ela falecesse, sabendo o quão orgulhosa ela a fazia por vê-los bem sucedidos.

Inchara orgulho em Jennie também, o que era parte do problema. Lalisa levava uma vida de jantares caros da sociedade e trocando ideias com velhos ricos do sul, a fim de construir capital para a empresa dela e de Grey. Ela precisava de uma mulher que pudesse ajudá-la nesse mundo, e Jennie apenas não era essa pessoa. Ela nem sequer saberia como se vestir para isso, muito menos como se comportar e fazer aquela conversa fútil que parecia tão necessária para o
sucesso em jantares corporativos. Além disso, todos os bonitos vestidos do mundo não poderiam cobrir seu cabelo ruivo, suas várias tatuagens, e os diversos piercings. Claro, maquilagem, tintura, e a remoção dos aros de metal poderia esconder quem ela realmente era, mas ainda que estivesse disposta a fazer isso, não poderia censurar sua boca sarcástica e inteligente.

Praticamente todas as conversas que já teve com Lalisa deveria ter provado isso para ela há muito tempo.
Lágrimas picaram seus olhos. Jennie respirou lento e fácil, lutando com tudo nela para enfiá-las de volta. Isso seria inútil. Havia aprendido essa lição há muito tempo também.
Com sua visão limpa, encontrou Lalisa nas sombras novamente. Juntas, a menos de uma semana, e ela não podia imaginar ir para casa em um apartamento que não a teria nele com ela.

Não conseguia sequer imaginar que abriria os olhos em dois dias e não a veria dormindo ao seu lado, e saber que o calor de seu corpo não iria aquecê-la até o ponto de superaquecer, quando a
puxava contra seu peito e a abraçava apertado. Seu pulso acelerou e sua pele formigou com vida em só pensar sobre como Lalisa a segurava enquanto dormiam. Tão rapidamente também,
seu peito apertou, e Jennie puniu a loucura dessas novas necessidades por Lalisa, desprezando a umidade que atravessou sua determinação e vazou um ponto úmido em seu travesseiro.

Ela não podia deixar-se ter Lalisa. Para consegui-la por pouco tempo e perdê-la em um ano ou dois anos, quando ela percebesse que não funcionariam como um casal, iria rivalizar com a dor que havia sofrido quando seus pais mandaram Grey e ela para longe. Tinha jurado que nunca passaria por isso de novo.

The Sweetest Tattoo. Jenlisa G!POnde histórias criam vida. Descubra agora