Possession

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    O que seria a vida sem um toque de diversão ou arrependimento? Seria apenas um mar de previsibilidade e lembranças medíocres, não acham? É isso que Bill defende com unhas e dentes, esse é seu argumento contra tudo e qualquer coisa relacionada a ter nossa dimensão para si, e é isso que ele quer mostrar para Ford.

    Em um dia nublado em Gravity Falls, Stanford estava tomando café junto de Stan e seus sobrinhos, Waddles estava dormindo ao lado do pé de Mabel e ao que tudo parecia, era só uma manhã normal.

— Tivô Ford, o senhor está trabalhando  em algum mistério novo?? — pergunta Dipper com seu habitual entusiasmo quando se trata do sobrenatural. Ford ajeita o óculos e logo responde.

— Nenhuma novidade, por enquanto, estou apenas pensando no que fazer com aquele dado infinito — era uma mentira, mas tudo bem, ninguém ali parecia ter percebido isso.

— É! Aquele cara esquisitão quase comeu o cérebro de vocês dois! Mas então eu e o Tivô Stan fomos e demos um fim neles! — Mabel diz animadamente, com a boca cheia.

— Ei! — Dipper ri — não fala de boca cheia!

— Mabel está certa, fomos simplesmente incríveis quando nos salvamos vocês, mas agora, não quero nunca mais ver aquele jogo nerd na minha vida! — Stan diz e logo toma mais um gole de café.

— É! Jogo de nerd! — Mabel comenta.

    O resto do café da manhã foi tranquilo, agora Dipper e Mabel brincavam com balões de água em frente à cabana do mistério e Stan lia jornal enquanto assistia tv, um sábado perfeito, será?

    Ford se encontrava em seu laboratório, observando o feixe, apenas um deslize e o mundo estaria na palma da mão de Bill.

    Sem querer pensar muito nisso, o cientista guarda o objeto na caixinha e depois em um armário, trancando o mesmo, em seguida trancou a porta do laboratório e subiu no elevador, indo até seu quarto e se sentando em uma cadeira que lá tinha.

    Em meio aos seus devaneios, foi possível ouvir uma risada familiar, mas ele pensava que era apenas algo de sua imaginação, então ignorou, mas então ouviu a risada de novo e de novo, ele sabia exatamente quem era, só não queria dar margem para o demônio tentar puxar assunto, estava fardo disso.

    E então, tudo ficou calmo, sendo possível apenas ouvir as risadas e conversas de Dipper e Mabel do lado de fora, até que Bill aparece, deixando tudo em volta cinza, Ford aperta os punhos e se afasta um pouco.

— O que você quer agora? — pergunta o homem, irritado.

— Quero apenas um pequeno acordo.

— Acordo? Você está oferecendo isso? Que novidade, já disse que não deixarei você pegar o feixe!

— Calma lá Fordinho, não é bem assim, eu só queria passar um tempo divertido com o meu velho amigo.

— Enfia isso no cu e me deixe em paz! Já conversamos sobre isso, não temos mais nada! Você não vai tirar mais nada de mim!

    Bill se aproxima de Ford rápido e logo segura o rosto do homem, pressionando suas bochechas.

— Não seja tão maldoso comigo querido, é apenas para distração, você anda muito irritado esses dias, sabia?

— Eu não quero nada seu.

— Pode mentir o quanto quiser, mas eu sei a verdade, e então? O que acha?

    Ford engoliu em seco, a ideia era horrível, mas era Bill.. Ele ainda tinha a esperança de que o demônio era o mesmo que ele conheceu e se apaixonou a anos atrás, a voz de Ford era hesitante, mas ele aceitou, Bill segurou a mão de Ford e chamas azuis envolveram ambas.

— É assim que eu gosto! Sempre tão obediente, obrigado por ter facilitado as coisas para mim, de novo. — o tom de Bill era sínico, um ar de pura maldade.

— Espera, o que?!.. — antes que algo mais pudesse ser dito, Bill possuiu o corpo de Ford, e o homem virou apenas um fantasma, flutuando em volta de seu corpo. — Ah.. É isso que eu ganho por ter confiado em você.

    Era uma reação diferente da que Ford teria, mas de certo modo e inconscientemente, ele estava esperando algo diferente do demônio egocêntrico.

— Por que está tão surpreso? Já não é meio óbvio que você é só um brinquedo? — Bill diz enquanto se observa no espelho — ah! Faz tanto tempo que eu não habito um corpo humano! Quer dizer, eu possui o Pinetree, mas não é a mesma coisa, não acha Fordinho?

    O cientista não respondeu, estava perdido em seus pensamentos críticos, aquilo era doloroso demais para ele, como pode ser tão trouxa? "Você é só um brinquedo", aquilo quebrou seu coração de novo, embora não seja novidade.

(...)

    O resto do dia, Bill permaneceu procurando pelo feixe, sem interagir muito com a família Pines, suas poucas interações foram tão casuais que nenhum deles perceberam que aquele não era Ford. O tempo se passou e finalmente o ocorreu que o objeto deveria estar no laboratório de Ford, então o demônio se dirigiu até lá, se surpreendendo pela porta estar trancada, igualmente a outra vez.

— Que porra é essa Ford?! Cadê a merda da chave?! — Bill fala, sua expressão era de raiva, estava ficando impaciente.

— Acha mesmo que vou falar?

— Ah! Você vai falar! De um jeito ou de outro..

(...)

    E então, na manhã seguinte, parecia que Bill finalmente tinha desistido, Ford estava em seu corpo novamente, trancado no quarto enquanto limpava os machucados de Bill havia feito nele, cortes, queimadura, arranhões, tudo apenas para tentar atingir o cientista de alguma forma, além disso, a porta do laboratório estava cheia de arranhados e manchas de sangue, aquilo fez a espinha de Ford arrepiar, já que, lembrava de velhos tempos.

    Quando finalmente terminou de colocar o último curativo em si mesmo, notou que tinha uma carta acima de sua escrivaninha, uma carta que não estava lá. Ford se aproxima para pegar a mesma, abrindo-a, arregalou os olhos quando leu o que estava escrito, em seguida um aperto em seu coração.


"Fordsy, acho que me expressei mal ontem, não quero que você pense que é um "brinquedo" ou algo assim, eu realmente te amo, você sabe disso, só estava irritado, mas vai ficar tudo bem, logo você entenderá isso e vamos ficar juntos para todo o sempre.

— Beijos do seu demônio favorito"

    Ford queria acreditar naquilo, e então, ele realmente acreditou, mas logo percebeu que era exatamente o que Bill tinha falado, um brinquedinho que ele pode usar, quebrar e jogar fora quando bem entender, Ford percebeu que era apenas um cachorrinho obediente e ele se odiava por isso.

(...)

Esse foi mais longo, acho que vou começar a escrever mais nessa pegada.

I need a human's touch~ BillFordOnde histórias criam vida. Descubra agora