Um Mundo Na Escuridão

18 2 0
                                    

 Eu tenho muitos inimigos e o mau existe. Há vinte e cinco anos atrás, em 1682, um ponto preto surgiu no céu, que ficava maior a cada dia subsequente. Muitas discussões surgiram sobre isso, mas foi somente em 1687 -vinte anos atrás e mesmo ano do meu nascimento- que a primeira invasão chegou e tudo caiu em caos. Um nome foi passado de boca em boca, Nibiru, o Planeta Escuro, e para seus nativos, nibirianos. Eles são verdadeiros monstros, geralmente altos, magros, rápidos, letais, porém cada um tem suas características únicas, e o pior de tudo é que eles se reproduzem usando homens, mulheres e animais. As mudanças que trouxeram foram enormes. Reinados caíram, pânico generalizado, pessoas se juntaram para formar as Grandes Orgias. E não só isso, os Colhedores do Caos, que são como eu chamo os seres indescritíveis que estão observando nosso mundo desde a primeira invasão. Não sei se estão alimentando do nosso sofrimento ou apenas gostam de ver seres inferiores passando por horrores. De qualquer forma, a presença deles trouxe mais loucura à população, quem não cedeu à insanidade a mantém através da religião.

 Meu nome é Edgard Finn, chamado de Bruxo Lanceiro pela Igreja Louca, o que obviamente revela que utilizo uma lança como arma, a Purificadora. Era um jovem adulto de vinte anos; olhos castanhos; cabelos pretos; branco; bigode e barba crescendo; adquiri muitas cicatrizes por causa das batalhas que travei; por baixo do manto e capuz velho que uso, visto armaduras dos cavaleiros que derrotei durante minha jornada de espalhar a Justiça de Deus.

 Tinha acabado de chegar no continente europeu de barco, na França. Logo na praia, havia cerca de dez cruzes deixadas com esqueletos ainda crucificados. Já tinha ouvido falar desse tipo de crucificação em que a cruz é deixada na costa até a maré alta subir. Porém eu não podia ficar ali, eu ouvi boatos de alguns escravos que mataram o senhor feudal daqui.

 Não muito longe do mar, estava uma vila, bem simples, composta de uma grande fazenda, quatro casas e como qualquer bom lugar, uma igreja. Acreditei que os escravos teriam se zangado com a situação que viviam na fazenda e tramaram contra seu senhor e que ainda continuaram nela. E eu estava certo. Abri o celeiro, cheguei bem no meio do almoço deles, eu não vi armas próprias para combate ao redor. No entanto, notei que tinha uma criança que não se encaixava, parecia ter sete ou oito anos, loira dos olhos azuis, talvez fosse germânica, usava roupas sujas, assustada e recolhida em um canto. De qualquer jeito, eu perguntei:

 -Por que mataram seu senhor? Os nobres são representações do espírito sagrado.

 -Ele era louco! O antigo senhor sacrificava qualquer um aos nibirianos para se proteger! Disse um dos escravos pegando uma enxada.

 -Não é assim que Deus fez esse mundo. Ele estava certo, sendo dono de todos vocês, ele que decide quando vocês vivem ou morrem.

 Eu falei enquanto eles –principalmente os homens- pegavam mais enxadas e pás ao redor de mim. Em resposta, peguei a Purificadora e preparo para qualquer tentativa de ataque.

 -Sinto muito, inglês, mas você vai ter que sair daqui.

 Os escravos claramente não sabiam como lutar. Se não estivessem em grande número, provavelmente não conseguiriam ter matado o senhor. Rapidamente encontraram seu fim na minha arma. Espero que eles conversem com o Todo Poderoso e que ele tenha misericórdia por terem desrespeitado suas ordens. Após guardar a Purificadora, eu fui conversar com a menina loira:

 -Você não pertence aqui, pertence? Você tem nome?

 -Eles me deram o nome "Jaime", senhor. Estou aqui desde que me lembro, pouco tempo após a revolta.

 -Irei achar um lar para você, Jaime. Vamos.

 Não demorou muito para Jaime confiar em mim, era muito claro que seus pais morreram. Agora como, talvez era melhor não saber. Ela era muito inocente, não parecia sair do celeiro regulamente, mas aparentava estar bem cuidada e saudável. Não deveria me atrapalhar muito na viagem.

Planeta Do CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora