Hearts in Sync (Sunisa Lee e Flávia Saraiva)

Behind the Smile, the Panic

A competição estava mais perto do que nunca, e a tensão no ar era palpável. Faltavam apenas três dias para o grande evento, e Sunisa, embora se sentisse tecnicamente pronta, lutava contra uma ansiedade crescente. Cada movimento nos treinos parecia carregar o peso do mundo, e sua mente estava sobrecarregada com a pressão de ter que voltar às competições de forma impecável após a lesão. Flávia, que agora estava no mesmo país que Sunisa, sentia uma ansiedade semelhante, não por causa de uma competição, mas pela expectativa de ver sua namorada. Ela contava os dias, as horas, até os minutos para poder estar ao lado da americana novamente.

Naquela manhã, Sunisa foi para mais um dia de treino, tentando manter a calma e focar na execução de seus movimentos. Mas no fundo, seu coração batia mais rápido do que de costume, e a pressão que ela colocava em si mesma a cada tentativa parecia se intensificar.

Ela estava no salto, um dos aparelhos que exigia mais precisão, força e velocidade. Sunisa correu em direção à mesa com toda a sua habilidade, mas, quando deu o último impulso, seu corpo não respondeu como deveria. O salto não saiu como o planejado, e ela caiu, batendo com força no chão.

A dor física era mínima, mas o impacto emocional foi devastador. Naquele momento, tudo desabou dentro dela. A pressão, as expectativas, o medo de falhar — tudo veio à tona de uma vez. Sunisa se levantou rapidamente, disfarçando a frustração, mas sentia o coração batendo descontroladamente, e as lágrimas ameaçavam transbordar. Ela não podia deixar que ninguém a visse assim, então, sem dizer uma palavra, saiu do ginásio o mais rápido que pôde e foi para o banheiro.

Fechou a porta rapidamente, como se estivesse fugindo de algo invisível, e encostou as costas na parede fria. As pernas começaram a ceder. Seu corpo, normalmente forte e ágil, agora parecia frágil, quebradiço. Sunisa deslizou até o chão, as mãos tremendo enquanto segurava a cabeça. Sua respiração ficou cada vez mais irregular, os batimentos cardíacos aceleravam, e seu peito parecia estar sendo comprimido por uma força oculta. Era como se estivesse se afogando, sem conseguir puxar o ar suficiente para respirar. O que ela temia há semanas finalmente estava acontecendo: uma crise de pânico em pleno ginásio, às vésperas de sua volta às competições.

Ela tentou, desesperadamente, respirar fundo, mas o ar parecia não entrar. As lágrimas, que ela tanto tentou segurar, começaram a escorrer pelo rosto. As paredes do banheiro pareciam se aproximar, apertando-a. O som de seu coração era ensurdecedor em seus ouvidos, abafando qualquer outra tentativa de pensamento racional. Ela abraçou o próprio corpo com tanta força que suas unhas cravaram na pele. Seu corpo começou a tremer incontrolavelmente, e um grito mudo escapou de seus lábios, perdido no vazio do banheiro. As lágrimas queimavam seu rosto enquanto ela lutava contra o desespero avassalador que parecia crescer a cada segundo.

Ela apertou os olhos, tentando afastar as imagens terríveis em sua mente: a lesão, o fracasso, as expectativas esmagadoras. Tudo isso a consumia. O ginásio, o lugar onde sempre encontrou força e propósito, agora era seu maior inimigo. E naquele momento, fechada no banheiro, ela não era a campeã olímpica, a ginasta de elite — era apenas uma jovem quebrada, perdida dentro de si mesma.

De volta ao ginásio, Jordan Chiles, que sempre estava atenta aos movimentos de Sunisa, começou a sentir a ausência da amiga. Minutos haviam se passado e ela não tinha retornado para continuar o treino. Preocupada, Jordan foi atrás, e quando entrou no banheiro, a cena que encontrou fez seu coração apertar. Sunisa estava sentada no chão, tremendo, com a cabeça entre os braços, respirando de forma irregular.

"Suni?" Jordan chamou suavemente, fechando a porta atrás de si, aproximando-se cautelosamente. Sunisa não respondeu, apenas levantou os olhos cheios de lágrimas. Jordan imediatamente se abaixou ao lado dela, colocando uma mão suave em seu ombro. "Ei, olha pra mim, eu tô aqui, vamos passar por isso juntas. Respira comigo, tá?"