Paris to LA

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Era uma manhã clara e ensolarada na Vila Olímpica de Paris 2024. Sunisa Lee, a campeã olímpica de Tóquio, estava se preparando para mais um treino quando viu Flávia Saraiva, a pequena gigante da ginástica brasileira, ao longe, concentrada em seus alongamentos. Elas se conheciam há anos, mas nunca tinham conversado profundamente.

Sunisa, sempre curiosa e amigável, decidiu se aproximar. "Oi, Flávia! Como você está?", perguntou com um sorriso caloroso.

Flávia olhou surpresa, mas logo retribuiu o sorriso. "Oi, Sunisa! Estou bem, e você?"

"Também! Pronta para mais um dia de treino pesado?"

Flávia riu. "Sempre! A vida de ginasta não é fácil, mas você sabe como é, não é?"

As duas continuaram conversando enquanto caminhavam juntas para a área de treino. Trocaram histórias sobre suas infâncias, as dificuldades que enfrentaram no esporte e como era carregar as expectativas de seus países nos ombros.

Durante uma pausa, Sunisa olhou para Flávia com admiração. "Você é incrível, sabia? Sua força e determinação são inspiradoras."

Flávia ficou um pouco envergonhada, mas sorriu. "Obrigada, Suni. Eu sinto o mesmo sobre você. Sua técnica é impecável, e sua energia contagiante."

A partir daquele dia, as duas ginastas começaram a passar mais tempo juntas. Treinavam lado a lado, incentivando-se mutuamente a cada salto e pirueta. Apesar das barreiras linguísticas e culturais, desenvolveram uma amizade forte e sincera, baseada em respeito e carinho.

Em uma noite, depois de um dia exaustivo de competições, decidiram explorar a Vila Olímpica. Caminhando pelos jardins iluminados, Sunisa olhou para Flávia, que agora carregava um band-aid em sua sobrancelha, e disse: "Sabe, Flávia, eu sempre achei que as Olimpíadas eram sobre competir, mas agora vejo que também é sobre encontrar pessoas incríveis como você."

Flávia parou, surpresa, e olhou nos olhos de Sunisa. "Eu sinto o mesmo, Suni. E quem diria que uma americana e uma brasileira se tornariam tão amigas?"

As duas riram, e naquela noite, sob o céu estrelado de Paris, perceberam que a conexão que tinham era especial. Não era apenas sobre ginástica ou Olimpíadas, mas sobre o laço que construíram e a amizade que floresceu em meio à pressão e aos desafios do esporte.

No final das Olimpíadas, elas se despediram com promessas de manterem contato. O mundo da ginástica pode ser pequeno, mas a amizade que desenvolveram era infinita. E, no fundo, ambas sabiam que, independentemente de onde a vida as levasse, sempre teriam uma à outra para compartilhar as conquistas e os desafios que viriam.

Los Angeles, 2028.

Quatro anos haviam se passado desde aquele verão inesquecível em Paris, quando Sunisa Lee e Flávia Saraiva descobriram que o verdadeiro ouro olímpico estava na amizade que floresceu entre elas. Mas, com o tempo, ambas perceberam que o que sentiam ia além da camaradagem das competições.

Agora, em 2028, elas estavam novamente em uma Vila Olímpica, desta vez em Los Angeles. Sunisa tinha um nervosismo diferente em relação a essas Olimpíadas, e não era por causa das competições. Ela sabia que, em breve, veria Flávia novamente, e isso a deixava ansiosa e empolgada ao mesmo tempo.

No segundo dia, depois de um treino matinal, Sunisa pegou o celular e, com os dedos ligeiramente trêmulos, enviou uma mensagem. "Oi, Flá. Estou na Vila. Vamos nos ver hoje? Sinto tanto a sua falta."

Flávia, que estava finalizando uma sessão de fisioterapia, sentiu seu coração acelerar ao ler a mensagem. "Claro, Suni! O que acha de nos encontrarmos no jardim do centro de convivência? Sabe aquele lugar com as luzes lindas?"

Sunisa sorriu para a tela, lembrando-se do cenário que havia mencionado. "Perfeito. Vejo você lá às 19h?"

Às 19h em ponto, Sunisa estava no jardim, cercada pelas luzes suaves que pendiam entre as árvores. Ela ajeitava a roupa, que carregava a bandeira de seu país em seu peito, nervosa, olhando em volta na esperança de ver Flávia. E então, lá estava ela, exibindo as cores do time Brasil, caminhando em sua direção com um sorriso que fazia o coração de Sunisa bater mais rápido.

"Oi, Suni", disse Flávia suavemente, parando na frente dela.

"Oi, Flá", respondeu Sunisa, tentando conter a vontade de abraçá-la imediatamente. Mas o impulso foi mais forte, e elas se envolveram em um abraço apertado, como se aquele simples gesto pudesse expressar tudo o que tinham sentido durante aqueles quatro anos.

Enquanto caminhavam pelo jardim iluminado, a conversa fluiu naturalmente, mas havia uma tensão suave no ar, uma expectativa que ambas sentiam, mas que nenhuma das duas sabia como abordar.

Depois de algum tempo, elas se sentaram em um banco de madeira, sob as luzes que piscavam levemente. O silêncio caiu entre elas, não desconfortável, mas cheio de significados não ditos.

"Flá, eu preciso te dizer uma coisa", começou Sunisa, sentindo a coragem brotar dentro de si. "Esses últimos anos... eu não conseguia parar de pensar em você. E não era só saudade da nossa amizade, era algo mais."

Flávia olhou para Sunisa, os olhos brilhando com algo que ela também sentia há muito tempo, mas que nunca teve coragem de admitir. "Eu também, Suni. No começo achei que fosse algo da minha cabeça, mas senti sua falta de uma maneira que não conseguia explicar. E percebi que... o que sinto por você é diferente, mais forte."

Sunisa respirou fundo, sentindo o coração disparar. "Flá, eu acho que estou apaixonada por você."

As palavras pairaram no ar por um segundo que pareceu uma eternidade. Flávia sentiu uma onda de emoções a inundar, e antes que pudesse pensar ou responder, inclinou-se para Sunisa, encurtando a distância entre elas. Seus lábios se tocaram, suaves e tímidos no início, mas logo se tornaram mais confiantes, como se estivessem expressando tudo o que não conseguiram dizer durante todos aqueles anos.

Quando se separaram, ambas estavam ofegantes, mas com sorrisos genuínos no rosto. Flávia segurou a mão de Sunisa, entrelaçando os dedos, e disse: "Eu também estou apaixonada por você, Suni. E não quero deixar mais nenhum momento passar sem que você saiba disso."

Sunisa apertou a mão de Flávia, sentindo uma alegria que nunca havia experimentado antes. "Então, vamos viver isso, Flá. Juntas."

A noite continuou, e elas permaneceram ali, conversando, rindo e trocando beijos, como se o mundo ao redor não existisse. Agora, o futuro parecia promissor e cheio de possibilidades, e ambas sabiam que, independentemente do que viesse pela frente, tinham uma à outra. E isso era o que mais importava. Mesmo que perante aos ginásio fossem adversárias.


Hearts in Sync (Sunisa Lee e Flávia Saraiva)Onde histórias criam vida. Descubra agora