O dia começou cedo, com o céu tingido por um azul suave que prometia mais um dia ensolarado no Rio de Janeiro. Mas para Flávia, aquele amanhecer carregava uma sombra que nenhuma luz poderia dissipar. Era o dia da despedida, o momento em que Sunisa teria que voltar para os Estados Unidos para finalizar sua recuperação. Embora o retorno fosse temporário, a distância entre elas pesava como uma despedida definitiva.
Flávia acordou antes do sol nascer, sentindo a ansiedade embrulhar seu estômago. Ela se virou na cama, seus olhos fixando-se na figura adormecida de Sunisa ao seu lado. O rosto de Sunisa estava sereno, como se, mesmo dormindo, ela encontrasse paz na proximidade de Flávia. Observá-la assim era um conforto e uma tortura ao mesmo tempo, porque Flávia sabia que em poucas horas aquela serenidade seria interrompida pela inevitável separação.
Levantando-se com cuidado para não acordar Sunisa, Flávia saiu do quarto e pediu o serviço de quarto do hotel. Ela selecionou as frutas favoritas de Sunisa, as que ela sempre pegava primeiro na mesa, e escolheu pães artesanais frescos. Pediu também um café fresco, do jeito que ambas gostavam. Enquanto esperava a entrega, Flávia foi até a varanda do quarto de hotel e olhou para o horizonte, tentando acalmar o turbilhão de pensamentos que a dominava.
Quando a refeição chegou, Flávia arrumou a mesa na varanda com cuidado, desejando que aquele momento pudesse aliviar um pouco a tensão que pairava sobre elas. O aroma do café fresco misturado com o som distante das ondas criava um cenário quase perfeito, mas a tensão no ar era palpável. Depois de um último olhar para a mesa posta, ela voltou ao quarto.
Sunisa ainda dormia, seus cabelos espalhados pelo travesseiro. Flávia sentou-se ao lado dela, observando cada detalhe. Os cílios longos, o leve movimento dos lábios a cada respiração, o jeito como sua mão estava aberta sobre o lençol, quase como se estivesse à espera de ser segurada. Flávia sentiu uma pontada de dor no coração, um lembrete de que logo esses momentos se tornariam apenas lembranças.
Com delicadeza, Flávia passou a mão pelos cabelos de Sunisa, seus dedos se movendo devagar, como se quisesse gravar a sensação para sempre. Sunisa começou a se mexer, e seus olhos se abriram lentamente, focando no rosto de Flávia. "Bom dia, babe" murmurou Sunisa, sua voz rouca de sono.
"Bom dia, minha linda" respondeu Flávia, tentando sorrir, mas sentindo as lágrimas se acumularem atrás dos olhos.
Sunisa se sentou, esfregando os olhos enquanto se ajustava à luz suave que entrava pelas janelas. "Que horas são?" perguntou, ainda com um tom de sono.
"Mais cedo do que deveria ser," respondeu Flávia, tentando manter a voz leve. "Mas eu queria aproveitar cada minuto com você hoje."
Sunisa sorriu, mas havia uma tristeza em seu olhar. Ela sabia tão bem quanto Flávia que o dia seria difícil. "Vamos tomar café na varanda?" questionou Sunisa, vendo de longe a mesa arrumada e tentando afastar o clima pesado que já se instalava entre elas.
Elas se dirigiram à varanda, onde o sol já começava a subir no céu, lançando uma luz dourada sobre a cidade. Sentaram-se lado a lado, e por um momento, apenas desfrutaram do café da manhã em silêncio. O barulho das ondas e o canto distante de pássaros eram os únicos sons que acompanhavam aquele momento, criando um contraste doloroso com a tempestade de emoções que ambas sentiam por dentro.
"Você lembra da primeira vez que tomamos café aqui?" perguntou Sunisa, tentando trazer à tona uma memória que pudesse aliviar a tensão.
Flávia sorriu, lembrando-se daquele dia. "Lembro, sim. Você reclamou que o café estava muito forte e então, depois de tomar o primeiro gole, me olhou e disse que, na verdade, era o melhor café que você já tinha tomado."
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Hearts in Sync (Sunisa Lee e Flávia Saraiva)
RomansSunisa e Flávia se encontraram em Los Angeles 2028 após se aproximarem em Paris.