- Bom dia Capitão Nascimento, preciso conversar com o senhor urgentemente! - Exclama a garota- E me diga o motivo para eu ter a honra, de ter a motivadora de vagabundagem na minha sala a essa hora da manhã? - Questionei
- Eu quero conversar com você sobre o meu novo projeto, sem suas interações com o eu pessoal
- E desde de quando você acha que pode reclamar das minhas "interações" garota ?
- Desde do momento em que você se meteu na minha vida, e quis fechar os meus projetos sociais sem o menor motivo
- Vai se foder você é extremamente irritante, a essa hora da manhã eu tenho que ficar aguentado a porra de adolescente me enchendo o saco, você não deveria estar fazendo alguma besteira com os vagabundos sem o mínimo de educação que você diz ajudar?
- Eles não são vagabundos sem estudos, são pessoas que diferentes de você não nasceram em berço de ouro
- Você não sabe nem a porra do mínimo sobre a minha vida, então não fode falando o que você não sabe
- Eu sei muito sobre você Capitão, até mais do que você imagina na verdade
- Sabe mesmo ? - Questionei a garota mais uma vez
- Sim
- Então me conta, o que você ACHA que sabe sobre a minha vida caralho!
- Não quero - Responde debochando
- Isso não foi um pedido, foi uma ordem
- Está achado que sou como todos aqui dentro que fazem o que você quer; na hora que você quer ?
- Ou você fala, ou você vai presa e eu fecho aquele Projetinho de merda de vez !
- Você não teria coragem
- Sejamos sinceros, eu tenho e muita
- Você é horrível - ela repetiu, a raiva transparecendo em seus olhos.
- Você ainda não viu nada - respondi, desafiador.
- Ah, é? Então me surpreenda, Capitão Nascimento, mas antes disso, deixa eu te dizer uma coisa: você é só um playboyzinho mimado, filhinho de papai, apenas um cara branco rico e arrogante que acha que pode mandar em todo mundo só porque tem um uniforme e uma pistola.
A sala ficou em silêncio por um momento. O clima estava pesado, e eu podia sentir a tensão no ar.
- Olha aqui, garota - comecei, tentando manter a calma. - Você pode achar que me conhece, mas não sabe nada sobre o que eu passei para chegar até aqui, cada cicatriz que carrego tem uma história.
- E eu também tenho minhas histórias - ela interrompeu, firme. - Mas ao contrário de você, eu não precisei de um sobrenome famoso ou de dinheiro para fazer a diferença, eu estou lá fora, enfrentando a realidade todos os dias, enquanto você se esconde atrás da sua autoridade.
- Autoridade? Isso é o que você acha que eu tenho? - ri sarcasticamente. - Autoridade não vale nada se você não tem respeito, e respeito é algo que você ainda precisa conquistar.
- Respeito? Você quer respeito? Olha ao seu redor! O que você faz por essas pessoas? Apenas manda e desmanda como se fossem objetos! Se você realmente se importasse, estaria ao lado delas, não em uma sala de reuniões tentando fechar o meu projeto!
A raiva dela era palpável e eu sabia que ela estava certa em algumas coisas. Mas não ia deixar isso barato.
- Então me diga como posso ajudar essas pessoas além de ficar ouvindo suas lições de moral! - gritei, perdendo um pouco da paciência.
Ela cruzou os braços e sorriu sarcasticamente.
- Comece ouvindo, e pare de agir como se só porque você tem dinheiro e poder isso te dá o direito de decidir o que é melhor para os outros. Você não sabe nada sobre eles!
Foi então que eu respirei fundo, tentando controlar a situação.
- E se eu decidir fechar seu projeto agora mesmo? O que vai fazer? Ir embora e deixar esses "vagabundos" na rua?
Ela me encarou com firmeza.
- Não sou apenas uma adolescente revoltada, sou alguém que realmente se preocupa com as pessoas que você despreza, e se você fizer isso, vai perceber que está jogando fora uma oportunidade de mudar vidas.
Aquelas palavras ficaram ecoando na minha cabeça, eu poderia ser um oficial rígido e autoritário, mas talvez tivesse perdido de vista o verdadeiro objetivo do meu trabalho.
- Você sabe o que precisa ser feito para ajudar essas pessoas? - perguntei finalmente, mais calmo.
Ela sorriu levemente, como se tivesse ganhado uma pequena batalha.
- Sim, Capitão, e é a primeira vez que vejo um pequeno sinal de esperança em você, vamos trabalhar juntos?
- Olha pra minha cara de quem vai ajudar vagabundo por aí, você deveria parar com essa de querer transformar o mundo, ou parar de encher o meu saco a essa hora, qualquer um dos dois seria super bem vinda - Sorri
- Como eu posso acreditar que alguém com um coração tão gelado seria capaz de fazer o bem a outro alguém
- Eu faço o bem todos os dias, cuidado e protegendo a todos, inclusive pessoas chatas como você
O capitão cruzou os braços, olhando para você com um sorriso sarcástico no rosto.
- Olha só, você pode se sentir o "salvador do mundo", mas eu sei que no fundo você só quer se sentir melhor consigo mesmo, o que você ganha ajudando os outros? Um tapinha nas costas? - Ele deu uma risada baixa, como se a ideia fosse absurda.
- E me diz uma coisa, quem é que realmente precisa do seu "cuidado"? as pessoas que não conseguem nem se levantar da cama de manhã? Ou aquelas que só sabem reclamar da vida? - O capitão balançou a cabeça, claramente duvidando da sua boa vontade.
- Eu prefiro ser realista, a vida é dura e as pessoas são mais duras ainda, o que você acha que vai mudar com suas boas intenções? - Ele se inclinou para frente, o olhar desafiador.
- No fim das contas, todo mundo tá lutando pela própria sobrevivência, e eu não tenho tempo pra salvar ninguém. - Ele deu um sorriso provocador, como se estivesse esperando uma resposta sua
Você respirou fundo, tentando manter a calma diante da atitude do capitão.
- Olha, eu entendo que a vida é dura e que nem todo mundo vê o valor em ajudar o próximo, mas isso não significa que devemos nos fechar para as pessoas. - Você fez uma pausa, tentando encontrar as palavras certas.
- Você pode achar que eu estou apenas buscando reconhecimento, mas a verdade é que a gente nunca sabe o impacto que um pequeno gesto pode ter, as vezes, um sorriso ou uma mão estendida pode mudar o dia de alguém. - Seu tom estava firme, mas amigável.
O capitão arqueou uma sobrancelha, claramente intrigado, mas ainda cético.
- E você acha que isso vai fazer com que o mundo seja um lugar melhor? - Ele riu levemente, como se a ideia fosse quase ridícula. - O mundo é um lugar frio e cruel, a última coisa que ele precisa é de mais "boas intenções"
- Talvez você esteja certo sobre o mundo ser cruel, mas isso não significa que a gente não possa tentar torná-lo um pouco mais caloroso. - Ela sorriu, desafiando-o a ver as coisas de outra forma.
Ele revirou os olhos, mas havia uma leve mudança na sua expressão.
- Ok, então me diz: o que você faria se tivesse um dia para mudar algo? - O capitão parecia genuinamente curioso agora, embora ainda mantivesse sua postura defensiva.
- Eu começaria com pequenas coisas. Um gesto aqui, uma conversa acolhedora ali... e quem sabe inspirar outras pessoas a fazerem o mesmo. - Você falou com paixão.
Ele ficou em silêncio por um momento, refletindo sobre suas palavras, abatalha estava longe de acabar, mas talvez houvesse uma faísca de esperança na conversa entre aqueles dois teimosos de personalidade extremamente forte
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Um amor intenso - Capitão Nascimento
RomanceEm meio ao cenário vibrante e caótico do Rio de Janeiro contemporâneo, onde a beleza exuberante das praias contrasta com a violência das favelas e a corrupção nas altas esferas do poder, desenrolava-se um romance proibido entre uma jovem paulista qu...