O capitão Nascimento estava ali, parado, com os olhos fixos em um ponto qualquer, mas a mente longe, ele não conseguia parar de pensar na morena, aquela beleza radiante, que chamava a atenção de todo mundo, mas que, por dentro, era um verdadeiro labirinto de irritações.— Porra, essa garota é uma verdadeira obra-prima... — ele murmurou para si mesmo, com um tom de desprezo. — Mas que merda! O jeito dela me tira do sério, é como se ela tivesse um botão de irritação que só funciona quando eu tô por perto.
Ele balançou a cabeça, lembrando das conversas sem sentido e das risadas que soavam vazias.
— Olha, beleza não é tudo, se essa morena fosse tão inteligente quanto bonita, a gente estaria falando de outra coisa, mas não, ela prefere ser uma dor na minha cabeça! — O capitão bufou, como se estivesse tentando expulsar os pensamentos incômodos.
— E o pior é que eu fico aqui pensando nela... Por quê? Pra quê? Essa beleza toda só traz complicação, a vida já é dura o suficiente sem eu ter que lidar com mais essa. — Ele se passou a mão pelo cabelo, visivelmente frustrado.
— É isso que dá se deixar levar pela aparência. No fundo, só quero paz e essa garota tá mais pra tempestade do que pra calmaria. — O capitão soltou um suspiro profundo, como se estivesse tentando se livrar daquela ideia de uma vez por todas.
Meus dias, há quase um mês, contavam sempre com a presença daquela linda morena, a Morena" não era seu nome, mas eu comecei a apelidá-la assim, pois sua beleza era radiante, mas seu jeito de ser era completamente irritante, era como se ela tivesse um talento especial para me provocar, e eu não conseguia entender por quê.
Toda manhã, lá estava ela, com aquele sorriso que iluminava o dia, mas logo em seguida vinha a sua risada alta e as piadas sem graça. Era impossível não se deixar levar pela beleza dela, mas cada vez que ela abria a boca, uma parte de mim queria simplesmente sumir.
Um dia, enquanto estávamos no café da manhã da empresa, ela começou a contar uma história sobre sua última viagem. Eu tentei prestar atenção, mas a forma como ela dramatizava tudo era tão exagerada que eu mal conseguia conter o riso.
— E então eu disse: "Você realmente acha que um pato pode voar até Paris?" — ela exclamou, gesticulando exageradamente. Eu só consegui balançar a cabeça, meio entre o riso e a irritação.
— Morana, você sabe que isso é impossível, certo? — retruquei com um sorriso forçado.
Ela olhou para mim com aqueles olhos brilhantes e soltou uma risada alta. Aquela risada... Era contagiante e irritante ao mesmo tempo. Eu queria ser sério, mas era difícil quando ela estava por perto.
Conforme os dias passavam, percebi que minha frustração começava a se misturar com algo mais profundo. Algo que eu não queria admitir. Havia momentos em que eu me pegava pensando nela fora do trabalho — na forma como seus cabelos dançavam ao vento ou como seu jeito espontâneo trazia vida a qualquer ambiente.
Mas quando chegava a hora de encarar aquele jeito dela novamente, toda a admiração se transformava em um desejo de distância. Como poderia gostar de alguém que me deixava tão confuso?
Era uma batalha interna constante: o coração batia forte pela beleza dela, enquanto a razão gritava para eu manter distância. E assim continuava o ciclo: atraído pela morena radiante e irritado pelo seu jeito de ser. Uma verdadeira montanha-russa emocional.
E então veio aquele dia fatídico. Estávamos saindo do trabalho e ela decidiu me acompanhar até o estacionamento. O sol se punha atrás dela, criando uma silhueta perfeita. Eu não pude evitar.
— Sabe... — comecei hesitante — às vezes você é realmente insuportável.
Ela parou e me olhou com uma expressão surpresa misturada com diversão.
— E você é um verdadeiro carrancudo! Mas isso só torna tudo mais divertido! — respondeu com um sorriso travesso.
Naquele momento, percebi que talvez houvesse mais naquele relacionamento do que apenas irritação e beleza superficial. A morena podia ser insuportável, mas havia algo fascinante na forma como ela iluminava até os dias mais sombrios.
Talvez eu estivesse começando a entender que a vida era feita de contrastes — assim como ela: linda e irritante ao mesmo tempo, e talvez fosse hora de parar de lutar contra isso e simplesmente aproveitar cada momento confuso ao lado daquela morena inesquecível.
A verdade é que ele sabia: aquela morena podia ser linda, mas o jeito dela era como uma bomba-relógio prestes a explodir,e ele não tinha tempo pra explosões na sua vida.
— O que eu poderia dizer sobre ela, depois de tudo que aconteceu? Somos completos opostos, mas eu sabia que era inevitável quando estava na presença dela. Mas, porra, eu não queria nada disso! Era uma loucura! Ela era apenas uma adolescente, e eu me pegava pensando nela como se fosse a resposta pra todos os meus problemas. Nunca tive alguém que me desafiasse desse jeito, ninguém que estivesse contra mim. E ela sempre me mostrava o contrário.
— Olha aqui, garota da ONG — comecei, meio irritado, enquanto a observava organizar as doações. — Você acha que é fácil ser assim tão cheia de moral? Desafiando todo mundo e ainda se achando a salvadora da pátria?
Ela parou e me encarou com aquele olhar desafiador.
— E você acha que isso é fácil? — respondeu com firmeza. — Você só vê a superfície, mas por trás dessa "moral" tem muito mais. Não é só sobre você, sabia?
— Ah, porra! Você realmente acha que pode me ensinar alguma coisa? — retruquei, cruzando os braços. Era uma provocação, mas ao mesmo tempo havia algo de verdade no que ela dizia.
— Se você não consegue ver além do seu próprio nariz, talvez precise de uma liçãozinha — ela disse com um sorriso sarcástico.
Aquilo me deixou intrigado. Como aquela garota conseguia me tirar do sério e ao mesmo tempo me deixar curioso sobre o que passava na cabeça dela?
— Olha só, você pode ser a rainha da ONG e tudo mais, mas não vem achar que vai mudar minha visão de mundo com esse seu discurso bonitinho — respondi, tentando manter meu tom arrogante.
Ela deu uma risada alta.
— Discurso bonitinho? É isso que você tem pra dizer? Você é tão cego que não percebe o quanto precisa de alguém como eu na sua vida!
Porra! Aquela frase me atingiu em cheio. Era verdade: eu estava tão preso na minha zona de conforto que não via o quanto ela estava certa. Mas admiti isso? Jamais!
— Você pode ser a garota mais legal do mundo, mas não venha achando que vai ganhar esse jogo tão fácil assim — falei, tentando recuperar um pouco do controle da situação.
Ela se aproximou e olhou nos meus olhos com intensidade.
— Jogo? Isso aqui não é um jogo! Isso é sobre pessoas reais! E se você não consegue ver isso... bem, lamento pela sua alma perdida!
Aquelas palavras ecoaram na minha mente enquanto ela se afastava para continuar seu trabalho. Eu estava começando a perceber que essa garota desafiadora era exatamente o tipo de pessoa que eu precisava em minha vida.
Era um conflito constante entre querer ignorá-la e querer entender cada vez mais sobre quem ela realmente era. Afinal, quem diria que aquela adolescente provocadora poderia ser a chave para eu abrir os olhos e ver o mundo de uma maneira diferente?, vai se foder é óbvio que eu não faria isso, ela é só uma garotinha mimada de merda que quer tirar a minha paz, eu preciso de uma mulher de verdade, não uma criança que acha que pode mudar o mundo com projeto pra vagabundagem
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Um amor intenso - Capitão Nascimento
RomanceEm meio ao cenário vibrante e caótico do Rio de Janeiro contemporâneo, onde a beleza exuberante das praias contrasta com a violência das favelas e a corrupção nas altas esferas do poder, desenrolava-se um romance proibido entre uma jovem paulista qu...