Capítulo um.

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Já era madrugada quando Beatriz chegou no palácio. Ela subiu com cuidado até o quinto andar e entrou no corredor dos quartos. Tudo estava em absoluto silêncio, até ela abrir a porta de seu quarto e dar de cara com a imagem da mãe parada como uma estátua olhando através da porta da sacada.
-Isso são horas de se chegar em casa Beatriz?
-Se eu soubesse que chegaria e daria de cara com você, teria vindo mais tarde ainda.
-Poupe-me de sua ironia. Onde você estava?
-Receio que vossa majestade não vai querer saber.
-Beatriz, você está passando dos limites ultimamente. - a rainha fez uma pausa e voltou a falar calmamente- Não pense que vou aliviar as coisas com você.
Beatriz fez silêncio e começou a se trocar.
-Espero não ver o nome da nossa família em nenhuma revista de fofoca pelo o que eu sei lá que você estava fazendo.
A porta se fechou e os olhos de Beatriz se fecharam junto. Não era justo. Ela fazia de tudo para tentar evitar discussões com sua mãe mas era incontrolável. Ela não tinha receio demonstrar seu desprezo com Beatriz. Mas por que? Por que com ela?
Beatriz olhou o relógio, já passavam das cinco da manhã. Em duas horas teria que estar em pé, impecável. Sem olheiras ou vestígios de ressaca. Pronta para receber os maiores líderes do Reino Único para um café no palácio. Provavelmente teria que decorar um roteiro de como agir, do que falar, com quem falar e até mesmo a maneira de respirar. Era típico da sua mãe preparar essas coisas por medo de que algum dos filhos '' sujasse'' a imagem de família perfeita. Ás vezes nem o rei escapava.

Eram sete em ponto quando bateram na porta do quarto. Antes mesmo de Beatriz levantar para abrir, sua irmã Eleanor e a Rainha entraram.
-Pode me explicar isso? -a Rainha perguntou tomando uma revista das mãos de Eleanor.
- '' Princesa sai para nigth e volta para o palácio quase junto com os convidados para o café.''- Beatriz leu a manchete de capa em voz alta- as pessoas são pagas pra escrever matérias tão ruins assim?
-A questão aqui não é o editor da revista Bia- Eleanor falou com calma logo sendo interrompida pela mãe.
-Você não consegue ficar uma semana fora das primeiras páginas? O que você entende da palavra privacidade Beatriz?
-O que eu posso fazer se a mídia me procura mamãe?
-Você quer é aparecer, isso sim. Só por que sua irmã tem atenção do povo agora, você quer aparecer mais que ela.
-Como é que você pode insinuar uma coisa dessas? -Beatriz indagou espantada- isso é um absurdo!
-Cale a boca e vá se arrumar agora.
Oito horas Beatriz já estava no salão junto aos seus pais e Eleanor, quando Charlie chegou.
-Que animação é essa? -ele perguntou tentando aliviar o clima presente.
-Pergunte a sua irmã. -a Rainha respondeu.
-Eleanor? -Charlie dirigiu-se a ela imaginando que fosse algum problema com a sua coroação.
-Não a essa irmã -a rainha tornou á falar- a vadia que está na capa das revistas.
-Katherina! -o Rei falou em tom áspero, chamando atenção da mulher.
-Beatriz está passando dos limites com a mídia, Eleanor também concorda comigo, não é querida?
-É - Eleanor respondeu depois de um longo tempo de silêncio.
-Ela só concorda por que sabe que se um dia alguém der mais atenção á Beatriz e descobrir a carisma natural que ela tem, Eleanor perderia o papel principal em um piscar de olhos. -Charlie falou demonstrando irritação.
-Chega! - o rei falou irritado, sabendo que suas palavras nesse tom bastariam para acalmar as coisas. Pelo menos por enquanto.
Os convidados chegaram logo e o café correu tranquilamente. Das poucas coisas que aquelas pessoas tinham em comum, uma era a capacidade de esconder os sentimentos e agir como se nada tivesse acontecido. Geralmente, só quem conhece bem a dor é capaz de esconde-la.

O último desejo.Onde histórias criam vida. Descubra agora