Hey, Addams. | Wenclair

06 - Jantar

Jantares na mansão Addams sempre foram uma experiência peculiar. Enquanto para a maioria das pessoas esse seria apenas mais um momento rotineiro para se alimentar, na casa dos Addams, tudo tinha um ar mais... dramático, quase ritualístico. O ambiente era cuidadosamente sombrio, com as velas altas lançando sombras dançantes pelas paredes, a mesa perfeitamente decorada com detalhes macabros, e, claro, os próprios Addams, com sua mistura única de charme excêntrico e misticismo.

Mas naquela noite, para mim e para Wednesday, o jantar parecia algo completamente diferente. O tempo não passava. Cada segundo se arrastava, transformando o que deveria ser uma refeição normal em uma espécie de teste silencioso.

Eu sabia que estava forçando os limites, mas era impossível resistir. Desde que chegamos à mansão, a tensão entre nós só aumentou. E agora, naquela mesa, cercada por toda a sua família, eu estava determinada a levá-la ao ponto de ruptura. Queria ver até onde ela poderia aguentar antes de ceder, antes que aquele controle impecável que ela sempre mantinha finalmente se desfizesse.

Todos conversavam e riam, enquanto os pratos extravagantes e quase sobrenaturais eram servidos, mas minha atenção estava fixada em Wednesday. Ela, claro, tentava manter seu semblante impassível, participando das conversas com o mínimo de palavras, enquanto seu olhar evitava o meu o máximo possível. Ela sabia o que eu estava fazendo. E estava se segurando.

Eu me inclinei para mais perto dela, esperando que ninguém notasse o movimento, e então sussurrei baixinho em seu ouvido. O tom da minha voz era suave, mas carregado de intenção.

— Sabe, Wednesday... — comecei, deixando as palavras fluir lentamente, só para sentir o leve estremecer que passou pelo corpo dela. — Eu estava pensando... quanto tempo será que você consegue manter essa calma, com todo mundo assistindo?

Ela permaneceu imóvel por um segundo, seus olhos fixos no prato à sua frente, mas pude ver o leve tensionar de sua mandíbula. Sabia que, por dentro, ela estava processando cada palavra, tentando não reagir. Mas eu continuei.

— O que será que sua mãe diria se soubesse o que estou pensando agora? — murmurei, mal contendo o sorriso ao ver o desconforto se acumular nela.

A voz de Morticia ecoava ao fundo, discutindo algo animadamente com Gomez, e a família estava completamente envolvida em suas conversas. Ninguém parecia perceber o que estava acontecendo entre mim e Wednesday. Ninguém, exceto ela, claro, que agora segurava o garfo com mais força do que o necessário.

Eu continuei com minhas provocações, sem pressa, aproveitando cada segundo de sua tentativa de manter a compostura.

— Você está tão tensa... — sussurrei, minha voz um pouco mais baixa, quase um sopro. — Tem certeza de que não quer... relaxar um pouco?

Eu sabia que ela estava à beira de sua paciência. Podia sentir isso na maneira como ela respirava, tão controlada, como se cada inspiração fosse cuidadosamente medida para não perder o controle. Mas, claro, eu ainda não tinha terminado.

— Eu me pergunto... o que você faria se não estivesse aqui... com todos eles. — Deixei a insinuação no ar, sentindo meu corpo se aproximar um pouco mais, apenas o suficiente para que ela sentisse o calor da minha proximidade.

Ela finalmente virou o rosto, seus olhos escuros encontrando os meus por um breve segundo. Havia uma mistura de raiva e confusão ali, e, embora ela não dissesse nada, eu soube que estava quase conseguindo o que queria.

E então, com o jantar ainda em andamento, decidi dar o passo final.

De forma discreta, enquanto todos continuavam ocupados com seus próprios pratos e conversas, deslizei minha mão por baixo da mesa, tocando a coxa de Wednesday. Eu sabia que isso seria o limite. Um toque leve, mas provocante, que ela jamais esperaria naquele ambiente, naquela situação. Minhas mãos, quentes de propósito, traçaram um caminho lento, acariciando suavemente sua perna.