Desejo Obscuro

Capítulo 3: Obsessão em Perspectiva

Meu nome é Matt, tenho vinte e seis anos, nasci em San Diego e eu não tenho uma carreira em específico, já pensei em ser muita coisa quando criança, mas ai chegou o ensino médio e eu desisti. Aos vinte anos me mudei para Los Angeles e comecei a morar em um condomínio estiloso, minha família sempre teve ótimas condições financeiras e por ser filho único acabou por eu ser bem mimado até essa época, eu ainda sou, mas eu odeio esse fato.

Pouco tempo depois de eu ter me mudado apareceu ofertas para fazer alguns bicos, tirando foto, atuando e mais um monte de coisa, qualquer oportunidade possível eu estou aceitando. Foi assim que aprendi a me virar sozinho, não depender mais do dinheiro da minha família e finalmente consegui comprar minha Yamaha R6, uma moto esportiva.

Diria que minha vida é totalmente sem graça, não tenho problemas de mommy issues nem de daddy issues, na verdade recebo atenção até demais e isso não é tão bom, não tenho irmãos, não falo com os meus parentes e não gostava de ninguém, pelo menos não até o momento.

Eu apaixonado por alguém não costuma ser algo agradável porque eu automaticamente reencarno o Tyler The Creator com New Magic Wand, sou invejoso, se eu te ver com algum homem não vai ser nada bom, viro egoísta, o 60/40 para de funcionar e eu vou querer cem por cento do seu tempo, sou manipulador, sem contar que vou virar possessivo também e meu ciúmes não é nada legal. Não bato em mulheres e jamais farei isso, tive e tenho uma boa educação, porém, se qualquer homem ousar a tocar em você sem a sua autorização, não me responsabilizarei pelos meus atos.

Eu não tinha a intenção nenhuma de ficar obcecado por uma garota, isso nunca havia me ocorrido, até que um belo dia tudo mudou. Em frente ao quarto da minha casa possuía outro quarto, minha escrivaninha ficava de frente pra ele, então eu tinha a grande curiosidade em saber se alguém morava lá já que as cortinas sempre estavam fechadas então não conseguia ver se alguém ascendia a luz ou não.

Passei dias curioso, os dias se transformaram em meses e os meses em anos e ai eu parei de esperar por alguém naquela casa porque percebi que ela realmente estava vazia. A única informação que eu tinha é que a casa seria de algum modelo da Vogue, porque aquela casa foi feita exclusivamente para modelos da Vogue morar. Foi aí que fiz um breve pedido para que o futuro morador fosse uma garota e depois de passar um longo mês pedindo por isso acabei desistindo porque meu pedido não foi atendido.

Seis longos anos passaram sem que ninguém aparecesse nessa casa, nesse meio tempo arrumei toda minha casa, fiz amigos, não tenho mais tanto contato com a minha família, fiz diversos tipos de trabalho mas ainda não tinha um fixo, não por não me chamarem, mas sim pelo fato de eu não querer um serviço fixo. Até o grande dia que tudo felizmente mudou, cheguei em casa e sentei na mesa do meu quarto para mexer no meu notebook, e ao olhar pela janela descobri que a cortina do quarto da frente estava aberta, isso me deu um arrepio na espinha e eu criei esperança de novo.

Eu passei horas esperando pra ver de quem finalmente era a casa, mas acabou que eu peguei no sono de tanto esperar e quando acordei no meio da madrugada a pessoa já estava dormindo e não conseguia vê-la, então acabei por tomar um banho e realmente dormir.

Quando acordei no outro dia já estava muito tarde e obviamente fui correndo olhar a janela mas a pessoa já tinha saído de casa, fiquei nitidamente frustado e ai decidi sair pra andar de moto com um amigo. Passamos mais ou menos umas três horas andando até que decidimos parar por um parque e ele percebeu que eu estava relativamente revoltado.

- Cara, o que rolou? Faz tempo que você não fica assim. - ele pergunta tirando o capacete.

- Depois de seis anos alguma pessoa muda para o quarto na frente do meu, mas eu simplesmente não consigo saber quem é a porra da pessoa. - Digo também retirando meu capacete e olhando pro garoto a minha frente.