Era uma noite de tempestade. A chuva caía incessante, batendo contra as janelas da mansão dos Snape com um ritmo incessante. Dentro, a atmosfera estava carregada de tensão e expectativa. Severus Snape preparava-se para mais uma sessão de treinamento com Lúcia, decidindo testar suas habilidades em um cenário mais avançado e perigoso.
“Hoje, vamos realizar um exercício de combate em condições adversas,” anunciou Severus, sua voz firme apesar da tempestade do lado de fora. “Você terá que defender-se de feitiços em um ambiente simulado, como se estivéssemos em uma batalha real.”
Lúcia, já exausta dos treinos diários, olhou para o pai com um misto de determinação e preocupação. O nível de intensidade dos treinos havia aumentado drasticamente, e o cansaço estava começando a afetar sua concentração. No entanto, ela nunca ousaria questionar as ordens de Severus.
A sala de treinamento estava agora configurada como um campo de batalha, com obstáculos e feitiços ativos para simular o ambiente hostil. Lúcia, com sua varinha em mãos, começou a se mover por entre os obstáculos, repelindo feitiços de ataque lançados por Severus. A intensidade dos feitiços era imensa, forçando-a a usar toda a sua habilidade para se defender.
“Concentre-se, Lúcia!” Severus gritou, lançando feitiços ainda mais poderosos. “Não permita que nada a distraia! Mantenha sua postura!”
A cada feitiço que Lúcia bloqueava, ela sentia a pressão aumentando. A fadiga estava começando a cobrar seu preço, e o ritmo frenético do treinamento estava tornando cada movimento mais difícil. Mesmo assim, ela persistia, lutando para manter o controle.
No entanto, em um momento de descuido, Severus lançou um feitiço de grande magnitude. O feitiço foi mais poderoso do que o previsto, e Lúcia, cansada e lenta, não conseguiu se defender a tempo. O feitiço atingiu-a em cheio, lançando-a contra uma das paredes mágicas que Severus havia criado como parte do cenário.
Ela caiu no chão, sua varinha escorregando de sua mão e um gemido de dor escapando de seus lábios. Severus imediatamente parou e correu até ela, o pânico agora substituindo a frieza de seu rosto.
“Lúcia!” ele gritou, ajoelhando-se ao lado da filha. “Lúcia, você está bem?”
Ela tentava se levantar, mas estava claramente machucada. O feitiço havia causado uma explosão de energia mágica que a ferira gravemente. Seu corpo estava em estado de choque, e os olhos, que antes brilhavam com determinação, estavam agora cheios de dor e confusão.
“Pai...” sua voz era fraca, quase inaudível. “Eu... eu não consigo...”
Severus, com o rosto pálido e os olhos arregalados de medo, começou a aplicar feitiços de cura improvisados, tentando estabilizar a filha. Ele estava ciente de que a gravidade da situação exigia mais do que sua magia básica, mas, com a mente turvada pelo medo, ele lutava para manter a calma.
“Segure-se, Lúcia,” ele sussurrou, a voz tremendo. “Não me deixe. Não posso perder você.”
Com a ajuda de feitiços e poções de emergência, Severus conseguiu estabilizar Lúcia o suficiente para transportá-la para o quarto onde poderia receber cuidados mais apropriados. Ele a deitou na cama, seus movimentos agora desesperados enquanto preparava poções e encantamentos de cura.
A noite passou em um borrão de preocupação e remédios. Severus não conseguia dormir, suas mãos tremendo enquanto aplicava cada feitiço e poção. Ele sabia que o treinamento havia ultrapassado o limite do seguro e que a responsabilidade pelo acidente era sua. A dor que sentia ao ver Lúcia ferida era imensa, uma mistura de culpa e desespero.
Quando a manhã chegou, Lúcia ainda estava inconsciente, mas sua condição havia estabilizado. Severus observava-a com um olhar sombrio, a culpa estampada em seu rosto. Ele sabia que o rigor excessivo e a pressão implacável haviam levado a essa tragédia. Lúcia não deveria ter que pagar o preço por seu desejo de excelência.
Horas depois, Lúcia começou a recobrar a consciência, seus olhos se abrindo lentamente. Quando viu Severus ao seu lado, o peso da situação começou a se instalar.
“Pai...” ela murmurou, a voz ainda fraca. “O que aconteceu?”
Severus, com lágrimas nos olhos, pegou a mão dela. “Eu... eu errei, Lúcia. O treinamento foi mais severo do que eu imaginei. Eu não deveria ter colocado você em perigo.”
Lúcia tentou forçar um sorriso, mesmo que o esforço fosse doloroso. “Eu estou bem agora, pai. Mas... por favor, não faça isso novamente. Não me force a arriscar minha vida dessa maneira.”
Severus, com a voz cheia de remorso, balançou a cabeça. “Prometo que vou mudar. Vou ser mais cuidadoso com o treinamento daqui em diante. Não quero que você passe por isso novamente.”
Lúcia, ainda fraca, assentiu e tentou relaxar. A recuperação seria lenta, mas o acidente servira como um duro lembrete para Severus sobre os limites da disciplina e da proteção. Ele havia aprendido da maneira mais difícil que o preço da perfeição não deveria ser a vida de sua filha.
Enquanto Lúcia começava a se recuperar, Severus sabia que precisava reavaliar sua abordagem. A jornada de treinamento continuaria, mas agora com uma nova perspectiva sobre o equilíbrio entre a preparação e o cuidado. A relação entre pai e filha, embora marcada pela dor, também estava começando a encontrar um novo caminho, uma compreensão mútua do que realmente significava proteger e cuidar um do outro.
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𝗥𝗲𝘄𝗿𝗶𝘁𝗲 𝘁𝗵𝗲 𝗦𝘁𝗮𝗿𝘀
Short StoryApós a morte de sua esposa, Adriana, Snape terá que ser responsável sozinho de sua filha pequena. Sendo protetor e cuidadoso, porém o que mais poderia deixar o homem na angústia e quando ele descobre uma condição magica grave em sua filha. Tendo que...