𝗖𝗶𝗻𝗰𝗼: O peso do medo

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A mansão dos Snape estava marcada por um silêncio sombrio. Lúcia, ainda se recuperando dos ferimentos, havia sido confinada ao quarto para repouso. Embora suas feridas físicas estivessem cicatrizando, o trauma emocional do acidente era uma batalha mais difícil de enfrentar.

Severus, com a consciência pesada, tentava fazer o possível para confortar sua filha, mas sentia-se impotente. Ele sabia que o treinamento rigoroso havia causado mais do que dor física. O medo e o trauma eram agora parte da vida de Lúcia, e ele estava impotente para restaurar a confiança que ela havia perdido.

“Lúcia,” Severus disse com um tom suave, entrando no quarto. “Como você está se sentindo hoje?”

Ela olhou para ele com um olhar distante, a expressão fechada e a mente claramente perturbada. “Ainda sinto a dor, pai,” ela respondeu lentamente. “Não só a dor física, mas algo... algo mais profundo.”

Snape sentou-se ao lado dela, tentando encontrar palavras que pudessem confortar. “Eu sei que o que aconteceu foi terrível, e eu sinto muito por ter sido tão severo. Mas você precisa saber que sua recuperação, tanto física quanto emocional, é o mais importante agora.”

Lúcia olhou para o teto, sua mente longe. “Eu... eu não quero mais usar magia, pai. Tenho medo. Cada vez que fecho os olhos, vejo o feitiço vindo em minha direção. Sinto que não posso confiar em minha própria magia.”

Severus ficou em silêncio por um momento, o peso das palavras de sua filha caindo sobre ele. Ele sabia que o medo que Lúcia sentia não era algo que poderia ser facilmente desfeito. A confiança dela na magia, uma habilidade que antes era uma parte integral de quem ela era, estava profundamente abalada.

“Lúcia,” ele disse finalmente, com a voz cheia de preocupação. “A magia é uma parte de você, mas o mais importante agora é que você se sinta segura. Se você precisar de tempo para se recuperar, eu compreendo. Não há pressa.”

Lúcia balançou a cabeça lentamente, lágrimas começando a se formar em seus olhos. “Mas eu não posso ficar sem usar magia para sempre. E se algo acontecer? E se eu precisar usar magia e não conseguir? E se o medo me paralisar novamente?”

Severus sentiu um aperto no coração ao ver a dor e o medo em seu rosto. Ele sabia que era seu dever ajudar Lúcia a superar essa barreira, mas também entendia que forçá-la a enfrentar seus medos imediatamente não era a solução.

“Vamos dar um passo de cada vez,” ele disse, tentando transmitir alguma forma de conforto. “Podemos começar com pequenas coisas, práticas básicas, e construir sua confiança novamente. Não haverá pressão para você se forçar a usar magia se não estiver pronta.”

Com o passar dos dias, Severus começou a introduzir práticas mais suaves. Em vez de treinos extenuantes, ele começou a ensiná-la técnicas de meditação e controle emocional, usando a magia de maneira leve e não ameaçadora. Ele queria ajudá-la a reconstruir sua confiança, mas sabia que o processo seria lento e exigiria paciência.

Lúcia, relutante no início, começou a participar das práticas. Ela tentava realizar feitiços simples, como criar pequenas chamas ou mover objetos leves, mas sempre com uma sensação de insegurança. O medo estava presente em cada movimento, e a magia parecia ser uma extensão de sua ansiedade.

Durante essas sessões, Severus observava com um cuidado quase paternal. Ele fazia o possível para assegurar que Lúcia não se sentisse pressionada, oferecendo elogios e encorajamento para cada pequeno progresso que ela fazia. Ele sabia que o medo não desapareceria da noite para o dia, mas o apoio constante era essencial para sua recuperação.

Uma tarde, enquanto praticavam uma técnica de controle de respiração para ajudar a reduzir a ansiedade, Lúcia conseguiu conjurar uma pequena esfera de luz. Ela a observou com um olhar curioso e um leve sorriso de satisfação. Embora o medo ainda estivesse presente, ela havia conseguido criar algo com sucesso, mesmo que fosse algo pequeno.

“Veja, Lúcia,” Severus disse com um tom encorajador. “Você conseguiu fazer isso. Cada pequeno passo é uma vitória.”

Ela olhou para ele, os olhos ainda marcados pela hesitação, mas também começando a mostrar sinais de esperança. “Eu... eu consegui, pai. Mas ainda sinto medo.”

“E é natural sentir medo,” Severus respondeu. “O importante é que você está enfrentando isso. E eu estarei aqui com você em cada passo do caminho.”

A recuperação emocional de Lúcia estava apenas começando, e o medo não desaparecerá facilmente. No entanto, com a orientação paciente e o apoio constante de Severus, ela começou a dar pequenos passos em direção à reconstrução de sua confiança. O caminho à frente seria longo, mas a relação entre pai e filha, marcada por uma nova compreensão, tornava-se um pilar essencial para a cura da doença.

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