Capítulo 3

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A casa parecia apertar-se ao nosso redor, como se as próprias paredes estivessem vivas. O ar pesado fazia cada respiração ser uma batalha, e o frio que nos envolvia era quase paralisante. A cada passo que dávamos, sentíamos o peso de algo antigo e terrível nos observando, esperando.

Rodrigo estava agitado. Ele andava de um lado para o outro, os olhos fixos no teto, onde os gritos de sua esposa ecoavam como se viessem de todos os lados.

Rodrigo: - Isso não pode estar acontecendo! Ela está viva! Eu sabia que ela não tinha desaparecido! Ela está aqui em algum lugar!

Eu coloquei a mão em seu ombro, tentando acalmá-lo.

Eu: - Calma, Rodrigo. Nós vamos descobrir o que está acontecendo. Mas você precisa ficar calmo. Se isso é mesmo o que parece... ela pode estar possuída. E isso não é sua esposa falando. É outra coisa.

Ele me olhou com olhos cheios de desespero, e eu senti o peso de sua dor. Perder alguém para o desconhecido é algo que ninguém deveria enfrentar.

Ellen: - Tem algo muito errado aqui. - Ela fechou os olhos, tentando focar sua visão além do que os nossos sentidos comuns podiam perceber. - Eu sinto uma presença... está se movendo. Ela esteve escondida o tempo todo... Está se movendo pra algum lugar da casa.

O som veio novamente, desta vez mais alto. Algo se abriu, em algum lugar da casa. Nos entreolhamos, a tensão crescendo, e seguimos o som.

Mafê tocou a parede mais uma vez, e de repente ela se afastou bruscamente, como se tivesse sido queimada.

Mafê: - Há uma passagem aqui... escondida na parede.

Ela passou a mão suavemente pela superfície até que, com um estalo, a parede cedeu, revelando uma escada estreita e empoeirada que descia para o que parecia ser um porão oculto.

Rodrigo arregalou os olhos.

Rodrigo: - Mas isso é impossível! Eu conheço essa casa... como...?

Kawan: - Cara, essas coisas não são como você pensa. Se a casa não quer que você veja algo, você não vai ver. Mas agora, a verdade está se revelando, e nós estamos prestes a descobrir o que ela esconde.

Rodrigo: - Isso... isso não estava no projeto original da casa! Eu juro!

Eu: - Vamos descobrir o que está lá embaixo.

Descemos as escadas com cuidado, o ar ficando mais denso a cada degrau. O cheiro de podridão era insuportável, como se algo tivesse sido deixado ali para apodrecer por décadas. A sensação de mal estar aumentava a cada passo, e o frio começava a invadir nossos ossos.

No final das escadas, chegamos a uma sala pequena, iluminada apenas pela luz fraca de uma lâmpada que piscava. No centro da sala, algo estava parado.

Era a esposa de Rodrigo.

Kawan: Como que diabos ela se teleportou do andar de cima pra cá? Se bem que... A gente só ouviu a voz dela.

Rodrigo: - Clara! - Ele gritou, correndo na direção dela.

Mas nós percebemos de imediato que havia algo terrivelmente errado. Ela estava de pé, com a cabeça pendendo para o lado, o corpo imóvel, mas seus olhos... os olhos estavam abertos e fixos em nós, brilhando com uma luz sobrenatural. Havia algo nela que não pertencia a este mundo.

Quando Rodrigo chegou perto, ela moveu-se rápido, agarrando seu braço com uma força desumana. Rodrigo gritou de dor, o rosto contorcido enquanto ela apertava, os dedos dela cravando-se na pele dele como garras.

Clara: - Rodrigo... você vai me abandonar? Por que você não vem comigo?... - A voz dela era um sussurro gutural, uma mistura de dor e ódio, como se duas vozes falassem ao mesmo tempo.

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