Capítulo 6

3 1 0
                                    

O ambiente no quarto de Ana ainda era tenso, mas o terror que havia dominado o ar começou a ceder espaço para um sentimento mais sombrio: o mistério. Isabela, ainda nervosa, nos observava com ansiedade enquanto tentávamos entender o que estava acontecendo com sua filha. Ana agora parecia adormecida, a respiração leve, mas algo ainda estava presente nela, esperando por um momento de fraqueza para voltar à superfície.

Foi então que Jorge, enquanto olhava mais de perto para o braço de Ana, franziu o cenho.

Kawan: Vocês viram como ela entrou em estado de sono tão rápido? E vcs viram como a voz dela mudou quando ela falou? Tadinha, deve tá sofrendo muito.

Isabela: Minha menina...

Mafê: Estamos aqui pra ajudar no que puder, fique tranquila Isabela.

Jorge: — Tem algo aqui... — Jorge se aproximou e puxou a manga do pijama de Ana, revelando uma figura estranha, marcada em sua pele. — Isso... é um símbolo.

Nós nos aproximamos para olhar. Era uma figura cortada no braço de Ana, como se tivesse sido gravada de forma superficial, mas proposital. A marca, embora pequena, carregava uma sensação de algo antigo e perigoso.

Eu: — O que é isso?

Jorge: — Reconheço esse símbolo. É de uma seita. Eles costumam se reunir em igrejas " "abandonadas", exatamente como a que Isabela mencionou. Pode ser que essa igreja onde eles estiveram seja mais do que apenas um prédio velho e esquecido. Algo lá está ligado a essa marca.

Ellen: — Então o que está acontecendo com Ana com certeza aconteceu lá... na igreja. Ai gente que horror.

Jorge: — Exato. Precisamos ir lá investigar. Pode haver mais pistas sobre o que está acontecendo com ela.

Eu: — Concordo, mas não podemos deixar Ana e Isabela sozinhas. Não sabemos o que mais pode acontecer.

Jorge: — Sim, vamos nos dividir. Eu, você e a Ellen vamos à igreja. Mafê e Kawan ficam aqui, cuidando de Ana e de Isabela. Se algo acontecer, eles podem tentar ajudar.

Todos assentiram, e o plano foi definido. Mas antes de irmos, algo me puxava para ficar um pouco mais. Eu sabia que Ana precisava de mais do que apenas proteção física naquele momento. Ela precisava saber que não estava sozinha, que estávamos ali para ajudá-la, não apenas para combater a presença maligna.

Quando os outros saíram do quarto, eu fiquei para trás, sentado ao lado da cama de Ana. Ela ainda parecia dormir, mas eu sabia que, de alguma forma, ela podia me ouvir.

Eu: — Ana... eu sei que você está aí. Sei que está com medo.

Por um breve momento, seus olhos abriram levemente, mas não havia aquela escuridão que vimos antes. Era Ana. A verdadeira Ana.

Eu: — Sei que isso deve ser assustador, sentir que algo está tentando te dominar. Mas nós estamos aqui para te ajudar. Não estamos aqui para te julgar, para te machucar ou te culpar por nada. Você é uma pessoa boa, e eu sei que o que está acontecendo não é culpa sua.

Seus olhos se encheram de lágrimas silenciosas.

Ana: — Eu... não quero ser assim. Não quero machucar ninguém.

Meu coração apertou. Ver alguém tão jovem carregando esse peso era devastador.

Eu: — Eu sei. E você não vai machucar mais ninguém. Nós vamos fazer de tudo para tirar isso de você, para te libertar. Mas, acima de tudo, quero que saiba que não está sozinha. Você tem sua mãe, tem a gente... e nós não vamos te abandonar.

Ana fechou os olhos novamente, uma lágrima escorrendo pela bochecha. Eu não sabia se ela conseguia sentir completamente o que eu estava dizendo, mas esperava que, de alguma forma, essas palavras encontrassem o caminho até o coração dela.

The PossessionOnde histórias criam vida. Descubra agora