Capítulo 7

23 8 20
                                    


*Há 9 anos*

A casa já estava em total silêncio, só conseguia se sentir o cadáver de Katarina exalando o cheiro de morte com um tempero de medo, escorado pelo chão ensanguentado. 

Com barulhos delicados e baixos a porta principal se abre. Uma figura pequena e assustada passou pela porta em direção a cozinha, quando menos se esperava um grito agudo de dor e surpresa ecoou pelos cômodos da casa.
"Mamãe..." essa é a única palavra possível de escutar com clareza perante a tanta dor.
A garota que antes entrava com toda delicadeza, gritava sem parar, sem se importar se alguém mais estaria ali para escutar. Vendo sua mãe ao chão, ainda com os olhos abertos. Tudo aquilo era inesperado naquele momento, por mais que ela sabia que não era uma criança desejada pelo seu pai, e que estava em um fio para sua morte, não esperava ver sua mãe deitada com a pele tão fria e sem vida.
Ainda com os braços por cima do corpo de sua mãe, uma mão agarra seu pescoço, a jogando para o lado.

- Ah, então ai está. Você é igualzinha a mim, uma pena que não foi em um bom momento, docinho. Mas sabe, você é tão pequena, não sei se deveria realmente te matar. Posso só te vender, que tal?

A pequena menina, assustada, não sabia o que fazer. Estava em completo choque, ela não queria acreditar que tudo aquilo que estava acontecendo com ela. Era apenas uma menina de 13 anos, apesar de saber se defender, e o mínimo que sabia não era executado por estar extremamente assustada.

- A garotinha está com medo...até parece um cachorro acoado.

As palavras de Benjamin borbulhavam no estômago da criança, era algo que a queimava por dentro de tão podre.

As mãos daquele homem soltam o pescoço de garota, sem delicadeza.

- Vamos, me diga a sua idade. Já tem um belo corpo, pirralha.

Antes que a assusta menina pudesse fazer alguma coisa, uma figura aparece atrás de Benjamin, o puxando de forma agressiva para um pouco longe da menina.
Estava muito escuro, não dava para enxergar nada, então tudo que a menina podia fazer era escutar.

- Seu nojento, eu te mataria agora se não fosse trazer problemas para mim. Mas saiba que você não vai sair daqui sem pelo menos estar ferido.

Mas antes que Harry pudesse fazer algo, barulhos de tiros sendo disparados começaram. Ele já entenderá o que estava acontecendo. Não foi o Benjamin que matou a mulher, ele estava lá para matar a criança. Katarina foi morta por outra pessoa, a que provavelmente está do lado de fora atirando agora.
Sem pensar duas vezes ele vai até a garota.

-Merda... Seria melhor se ela realmente tivesse te mandado para o México. - disse em um murmuro olhando para os lados - Presta atenção, você vai sair daqui correndo pela janela do banheiro. Corra sem olhar para trás, se preocupe em parar quando chegar em algum mercado. Lá você se esconda em um banheiro. Você entendeu? - Ele agora olhava para a menina e falou bem perto de seu ouvido, para que só ela escutasse.

-Quando eu falar para você ir, não hesite, apenas corra.

Toda aquele situação ficava dando voltas e voltas na cabeça da garota, mas ela entendia que se não corresse ia se colocar em uma sentença de morte. A palavra "vá" ecoou pelos ouvidos da garota, e não precisou de ser repetida.
Ela correu até o banheiro, abrindo a janela e a atravessando de maneira ágil, ela podia escutar Harry gritando do outro lado para chamar a atenção do atirador. Ela correu, correu com o calor de quem não queria morrer, correu com dor, correu com medo, mas não deixou de correr. Depois de um tempo correndo ela vê um mercado, ela entra nele no mesmo instante.

-Oi, licença. Será que eu poderia usar o banheiro? Estou apertada.

As palavras mentirosas saíram com dificuldade, dava para sentir o choque que ainda percorria o sangue da garota.
O homem do balcão assentiu com a cabeça, a entregando uma chave, indicando onde era o banheiro.

No instante que ela pisou para dentro do banheiro pode sentir lágrimas dolorosas sendo derramadas. Ela se sentou sobre o vaso, e ficou ali apenas chorando, colocando sua dor para fora.
Depois de um tempo, enquanto estava sentada no vaso pode escutar alguém se aproximando do banheiro.

- Garota, você está ai, certo? Ele me disse que mandou você esperar no banheiro, ou aquele cara só falou merda.

Era uma voz masculina, não a de mais cedo. Era diferente. Mas passava uma certa verdade.
Ela estava com muito medo, mas não queria continuar ali, então apenas decidiu abri a porta.

- Ah, então era você, significa que eu não passei vergonha. Mas agora presta atenção no que eu vou te falar. A gente vai sair daqui e vai direto para o aeroporto, vamos para França. Lá você não será mais quem você é. Nome falso, vida falsa. Você vai recomeçar tudo do zero. Eu vou te ajudar, mas não vai ser para sempre. É mais seguro que eu também não saiba onde exatamente você está.

- Mas, e a minha mãe? - Parecia que aquilo cortava o peito da garota.

- Não quero ser cruel, mas ela já morreu, não tem o que fazer. Agora você tem que se preocupar com você mesma, como que vai ser a sua vida. Sua mãe com toda certeza gostaria de que você continuasse, por ela.

Entre Sombras Onde histórias criam vida. Descubra agora