Rhiannon acordou com o som abafado de um trovão distante; o céu lá fora ainda estava escuro, como se o amanhecer estivesse indeciso. Ela se mexeu na cama, a dor surda nas costas lembrando-a do que havia acontecido na noite anterior.
Ela não conseguia esquecer o olhar dele. O olhar de alguém ─ ou algo ─ que não era inteiramente humano.
"Dois passos à frente."
Mas o que era Jasper, afinal? O que ele queria dela?
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Jasper manteve a promessa silenciosa que fez a si mesmo de observar Rhiannon por uma semana. Uma semana de passos contidos, presença velada nas sombras, seus olhos fixos nela de longe, assegurando-se de que não havia indícios de que ela delataria seu encontro. O segredo da destruição do recém-criado ainda estava seguro; nem Alice, nem Edward pareciam saber de nada, ambos ainda em alerta, acreditando que o vampiro poderia aparecer a qualquer momento em Forks. Aquilo deu a Jasper a desculpa perfeita para suas escapadas frequentes a Seattle. Ele cuidaria de seus próprios problemas sem levantar suspeitas.
Rhiannon parecia não saber de nada. O susto que ele lhe deu no topo dos prédios parecia ter calado qualquer curiosidade perigosa. Jasper percebeu isso quando sua rotina permaneceu intacta durante os dias em que a vigiou, sempre de uma distância segura, nas sombras. Ela era previsível. Pegava o ônibus para a escola pela manhã e saía tarde da noite da floricultura, sempre estendendo o expediente além do necessário, como se não houvesse pressa para voltar para casa. Ele a observava pela janela de seu apartamento, onde ela vagava solitária na penumbra. Aparentemente, não havia ninguém ali além dela.
Jasper se perguntou se ela tinha família. Havia algo desolador naquela silhueta imóvel à noite, na maneira como ela prolongava o trabalho, mesmo com poucos clientes. Ele estudava os pequenos detalhes com um olhar clínico. Talvez ela não quisesse voltar para casa, ou talvez não tivesse para onde ir. Não importava. Hoje seria a última vez que ele a seguiria. Seu tempo em Seattle havia acabado, e Forks estava à sua espera.
Quando a noite caiu, Jasper entrou na floricultura. O sino sobre a porta tocou, um som agudo que preencheu o espaço vazio com um eco suave. O cheiro de terra molhada e flores frescas encheu seus sentidos. Rhiannon estava distraída, inclinada sobre o balcão, com uma caneta em mãos. Ele percebeu que ela estava entretida em uma palavra cruzada, tão absorta que nem notou sua presença imediata. Quando finalmente levantou os olhos e viu quem estava à sua frente, seu sorriso diminuiu, transformando-se em uma expressão séria.
─ Você de novo ─ ela disse, a voz baixa, sem entusiasmo. Seus dedos apertaram a caneta com mais força do que o necessário.
─ Só de passagem ─ respondeu Jasper, com aquele tom inexpressivo que parecia deixar as pessoas à vontade, embora soubesse que o efeito em Rhiannon era o oposto. Ele era um enigma para ela, e a inquietação em seus olhos deixava isso claro.
A loja estava vazia, exceto por eles e os gerânios que chegaram naquela tarde.
─ Veio conferir se não abri a boca? ─ Rhiannon ergueu uma sobrancelha, mas havia um certo cansaço em sua postura. Ela parecia exausta.
