V - Ciúmes

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O dia havia começado, para a minha felicidade, bastante tranquilo e ia se encerrando também assim, já era fim de tarde quando finalmente finalizei todas as pendências que eu havia deixado de lado nos últimos três dias para cuidar de Inocêncio, os machucados estavam bem melhores e ele já não sentia mais dores pelo o corpo por causa da queda, a cada dia que passava ele estava mais forte e extremamente agoniado para poder voltar ao trabalho, dizia que não deveria perder tempo repousando quando poderia tá com os pés na terra e as mãos na enxada, mas somos dois teimosos e eu o ameacei para que ele ficasse por pelo menos alguns dias em repouso e se curasse totalmente, em minha mente, mesmo eu não tenha presenciado, a cena de Inocêncio caindo daquele cavalo se repetia constantemente como tortura e até mesmo pesadelos tive por conta de tal fato, então sim, ele ficaria de repouso até o dia em que eu dissesse ser o suficiente.

Estávamos na cozinha conversando com Rita e Clarinha enquanto tomávamos um delicioso café da tarde, a conversa fluía e riamos de coisas do passado ao tempo em que ouvíamos Clara falar de seus planos para o futuro, seus sonhos que gostaria de realizar, ela era como minha filha e o tempo estava passando rápido demais para o coração de uma quase mãe. A conversa estava tão boa que nem ouvíamos o barulho do carro que havia chegado à fazenda e só fomos perceber que tinha chegado outra pessoa ali quando a voz de uma mulher, desconhecida por mim, se fez presente.

"Olá?"

Eu automaticamente me levantei e fui procurar saber quem havia chegado, ao me deparar com a mulher confesso que paralisei por dois segundos, pois ela era muito bonita, cabelos pretos, olhos esverdeados e pele morena, a presença dela também me causou um certo desconforto e o motivo entendi logo depois.

"Olá" — Respondi com um sorriso amigável. "Posso ajudar?"

"Estou procurando por Inocêncio, ele se encontra?" — Perguntou de forma suave e o meu sorriso sumiu de imediato, agora um novo sentimento fervia em meu sangue e coração.

"Desculpa, mas de onde você o conhece?"

"Meu nome é Lupita, sou a médica que o atendeu."

Mas antes que eu pudesse dizer qualquer outra coisa, Inocêncio apareceu na sala e pela sua postura pude perceber que ele não esperava encontrá-la por lá.

"Doutora?" — Pergunto confuso. "O que faz aqui?"

"Me desculpe vir sem avisar, mas desde que você saiu do consultório não consegui parar de pensar em você."

Veja bem, eu fui muito bem criada e sou uma mulher de postura, meus pais sempre me deram boa educação, mas naquele momento havia uma mulher simplesmente falando para o meu homem que ela não parava de pensar nele e isso era demais para suportar, por isso que em minha cabeça eu estava esbofeteando-a enquanto por fora tentava manter toda a minha compostura.

"Digo." — A voz dela cortou o meu transe. "Fiquei bastante preocupada e somente hoje consegui vir até aqui para me certificar de que está tudo bem."

"Não carecia vir tão longe, doutora, mas agradeço a preocupação." — Inocêncio se manteve o tempo todo ao meu lado e isso de certa forma me deu um alívio. "Aurora tem cuidado muito bem de mim."

Lupita parecia ter lembrado que eu estava presente e me encarou, dessa vez seus olhos refletiam um brilho diferente, como se naquele momento estivéssemos declarado uma batalha. Lupita era jovem, acredito que talvez a mesma idade de Mariana e a diferença entre elas e eu é que eu não me relacionava ao desespero e por mais que o meu sentimento fosse grande, jamais competiria por qualquer homem que fosse, nem mesmo Inocêncio, prova disso foi que mêses atrás o deixei para seguir por um caminho que acreditei ser solo.

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⏰ Última atualização: Sep 23 ⏰

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