Após uma semana extremamente cansativa, a agente Malisorn só desejava relaxar e beber um pouco sem se envolver com ninguém, até que uma mulher prendeu sua total atenção. Mal sabia ela que seu caso de uma noite, que desapareceu no meio da multidão na...
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Agora eu estava encarando o meu reflexo no espelho do banheiro.
Após meu chefe apresentar nossa nova colega de trabalho, vulgo a mulher com quem transei num canto escuro da balada na noite anterior, eu comecei a soar igual sardinha enlatada. Cumprimentei-a rapidamente por educação e corri para cá. Eu precisava respirar. Dei graças a Deus que a Wan não veio atrás de mim, não sei como falaria a ela que a Yoko é a mulher que desapareceu. Quando ela descobrir, com certeza vai tirar sarro de mim mais do que já faz.
Sinceramente, não sei o que pensar ou como me portar. Minha cabeça, nesse momento, é um borrão. Se eu fecho os olhos, aquela mulher é a primeira a ocupar meus pensamentos. Seu corpo quente contra o meu, o som da música abafado pela proximidade de nossas respirações, o som de seus gemidos, o gosto de seus lábios... Eu sei exatamente a forma do pequeno corpo escondido atrás daquelas roupas largas. Que porra.
Como é que isso aconteceu?
Soltei um suspiro irritado e me inclinei contra a pia, sentindo o peso da confusão e do desconforto me atingir em cheio. Eu precisava de uma saída, de uma forma de lidar com isso, de colocar essa... coisa... no lugar certo antes que afetasse o meu trabalho. "Foco, Faye", murmurei para o reflexo no espelho. Eu tinha que encontrar uma maneira de encarar Yoko e não deixar que ela percebesse o quão abalada eu estava. O pior é que ela não demonstrou nem um pingo de surpresa ao me ver ali. Ela já sabia quem eu era? Essa merda não faz sentido nenhum.
Justo quando pensei que estava sozinha por mais alguns segundos, a porta se abriu com um rangido e, para meu espanto, Yoko entrou no banheiro. Nossos olhares se encontraram instantaneamente, e o ar ficou pesado. Um segundo se transformou em uma eternidade enquanto eu tentava ler sua expressão. Ela estava tão serena.
Yoko se dirigiu a uma das pias e começou a lavar as mãos, e eu, bom, eu ainda estava ali, pateticamente paralisada.
— Agente Malisorn — ela disse, com um tom casual, mas ouvi-la me chamando assim fez com que um arrepio subisse pela minha espinha.
— Agente Apasra — balbuciei, meu esforço para manter a compostura quase falhou. O sorriso dela, aquele maldito sorriso que eu conhecia muito bem, iluminou seu rosto, e eu me senti completamente exposta.
Yoko se inclinou levemente para a frente, ela continuava ousada como na noite anterior, eu tenho quase certeza que ela está brincando comigo.
— Eu, realmente, não esperava te encontrar aqui — ela disse, com a voz rouca e baixa, quase como um sussurro.
— Bem, não vou precisar mais ficar te procurando — deixei sair, como se meus pensamentos intrusivos estivessem tomando conta de mim. Porra.
Os olhos da mulher semicerraram-se e logo um sorriso ladino brotou em seus lábios.
— Ah, então você estava me procurando?
Eu forcei um sorriso, tentando esconder o quão longe aquela conversa estava me levando. Mas Yoko se aproximou um pouco mais, com seu olhar vagando entre meus olhos e minha boca propositalmente, e a proximidade me deixou mais tensa do que eu já estava.
