One

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A balada estava cheia, como sempre

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A balada estava cheia, como sempre. As luzes de neon dançavam pelas paredes, e o som grave da música me envolvia como uma onda. Eu não estava à procura de nada naquela noite. Era apenas mais uma tentativa de esvaziar a mente, de apagar a semana exaustiva no trabalho que não me levou a lugar algum. Eu sabia que precisava de uma pausa, e era ali, naquele caos, que eu me distraía, acompanhada da minha amiga e parceira de trabalho, Wanwan. Ela, provavelmente, já estava ocupada, fodendo com alguma mulher em algum canto, enquanto eu apenas bebia uns drinks e dispensava qualquer uma que ousasse se aproximar.

Eu não estava nos meus melhores dias. Se estivesse, estaria me divertindo tanto quanto ela.

Mas então, uma mulher, diferente de todas as outras que já encontrei ali, chamou minha atenção.

Ela dançava no centro da pista, destacando-se como se o mundo ao redor estivesse em câmera lenta. A maneira como ela se movia... era como se cada batida da música fosse feita exclusivamente para ela. Sua pele brilhava sob as luzes, um tom claro que contrastava com seus longos cabelos escuros que caíam suavemente sobre os ombros. Cada movimento que ela fazia exalava confiança, como se ela soubesse exatamente o efeito que causava em quem a assistia.

E eu assistia.

Tentava me manter no meu canto, encostada numa banqueta no bar, com o corpo virado para a pista de dança. Era impossível tirar os olhos dela. Ela era gostosa pra caralho e não precisava se esforçar para chamar atenção. Seus movimentos eram uma dança hipnótica, não exatamente sedutora, mas parecia conter um ímã que me atraia naturalmente. Os quadris balançavam de forma envolvente, como se tudo fosse deliberado. O vestido preto, colado em seu corpo, destacava suas curvas de um jeito quase obsceno, eu sentia que se piscasse cometeria o maior pecado mundano ao perder o mínimo movimento possível.

Foi quando ela olhou para mim.

Seus olhos me atravessaram de um jeito que fez meu estômago revirar. O olhar dela percorreu meu corpo impiedosamente, como se, de repente, eu fosse a única coisa que importava naquele ambiente lotado. Um sorriso provocador surgiu no canto de seus lábios, e ela deu alguns passos em minha direção, sem desviar os olhos dos meus. Por um momento, me perguntei se tinha imaginado tudo, talvez fosse efeito do álcool. Mas não. Ela estava vindo até mim. Porra.

Respirei fundo, pedindo mais uma bebida no bar enquanto tentava ignorar a tempestade que se aproximava.

— Você parece deslocada aqui — disse ela, quando chegou perto o suficiente para que eu pudesse ouvi-la sobre o som da música. A voz era baixa, quase um sussurro.

— Talvez eu esteja — respondi, ainda que frequentasse aquele lugar mais do que a minha própria casa. Eu não estava deslocada.

— Gosta de dançar? — ela perguntou, com um sorriso malicioso brincando em seus lábios vermelhos, tentadoramente convidativos.

Eu ri, nervosa. De perto, ela era ainda mais bonita.

— Depende de quem está me convidando.

Foi a vez dela de rir, um som suave, como se já soubesse exatamente onde aquilo terminaria. Sem dizer mais nada, estendeu a mão para mim. Hesitei, mas acabei virando de uma só vez o líquido no meu copo e segurei seus dedos delicados.

Conspiração  - FayeYokoOnde histórias criam vida. Descubra agora