"O mundo está cheio de monstros com rostos amigáveis e anjos com cicatrizes. Mas cuidado em quem você confia, lembre-se: o diabo já foi um anjo."
- Desconhecido.• Celeste Ferraz •
- Espera! - exclamei ofegante, com a mão posta na árvore mais próxima - não aguento mais correr - falo pausadamente - para onde está me levando?
Ele para a uns cinco passos à minha frente, olha ao redor procurando alguém que poderia estar nos seguindo e explicou que poderíamos ir mais devagar, porque estaríamos próximos a uma tal "cabana", a qual ficaríamos abrigados até a poeira baixar. Na verdade, isso foi o que ouvi do disse, estava mais focada nas minhas pernas doloridas querendo falhar.
- Onde fica essa cabana? Na casa do caralho? - berrei em sua direção após mais algum tempo de caminhada, pois além de não me falar o que está acontecendo, ele simplesmente foi andando na frente - daqui a cinco minutos, nesse ritmo, eu chego em aruanda! - concluí de braços cruzados.
- Cacete! Você é pior que rádio quebrado fazendo o mesmo chiado! - pela primeira vez, depois de certo tempo, tinha virado de frente para mim - se prestasse um pouco mais de atenção, repararai que acabamos de chegar - completou.
Dou uma volta olhando ao redor, procurando qualquer sinal, de ao menos, um casebre. E não vejo nada, não há nada ao meu redor além de árvores, passarinhos fazendo ninho e pernilongos que só faltavam me carregar.
- Chegamos onde planeja me matar?
- Acredite, vontade é o que não me falta - alisou a testa, aparentemente com dor - você é pior que uma vitrola quebrada - respirou fundo.
Ele se agachou e começou a retirar as folhas do que parecia ser um alçapão de madeira. Quero saber como que eu ia adivinha que havia um alçapão de baixo dos meus pés?
Depois de abrir a tampa, que rangeu até quase sangrar meus ouvidos, revelando uma escada, também de madeira.
- Primeiro as damas - disse com um sorriso amarelo.
Sínico.
Adentro a escuridão do que parecia um porão, o lugar cheirava a mofo, madeira velha e a humidade.
Ao colocar cautelosamente os pés em chão firme, reparei que a única coisa a iluminar esse lugar, era o feiche de luz que vinha de fora, isso até ele fechar o alçapão, novamente com um rangido de quebrar os dentes.
E ficamos no breu. Depois ele acendeu a luz e reparei que estava atrás de mim, sei disso pois sua respiração arrepiava o meu cangote e ele cheirava a ferrugem e a suor.
Em outras circunstâncias... O que? Para com isso Celeste, você está aqui por culpa dele, só dele.
O comodo, aparentemente húmido, continha uma mesinha ao centro, uma esteira com lençóis maltrapilhos e uma única lâmpada no que deveria ser o teto.
Como diabos eu vim parar aqui? - É tudo o quero saber.
- Sente-se - ele ordenou, apontando para o colchão. - Você precisa descansar.
Sentei, mas não por causa da sua ordem. Minhas pernas simplesmente desistiram. Tudo doía, minha cabeça latejava, e meu coração batia rápido demais.
Agora, seria comparada facilmente a uma criança, chorando por um colo que qualquer um quisesse dar.
Enquanto massagiava minhas panturrilhas, Miguel cruzou o pequeno ambiente, até chegar a mesinha, onde de baixo, havia uma pilha de coisas, das quais, não pude identificar. Mas no meio daquele montarel de coisas, conseguiu retirar uma caixa do que parecia primeiros socorros.
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Até que a morte vos mate
Lãng mạnApós a morte trágica de sua mãe, Celeste Ferraz se vê envolvida em uma série de eventos misteriosos e perturbadores que desafiam sua percepção de realidade. Enquanto lida com o peso da culpa e a dor da perda, figuras enigmáticas como Miguel aparecem...