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N/A: Se preparem para um capítulo gigantesco...

LAUREN JAUREGUI POV

Me chame de insensível, me chame de fria
Você é medrosa, eu sou ousada
Me chame de arrogante, abaixe o tom
É melhor me amar, porque você é só um clone
— Billie Elish.

Emito uma risada baixinha quando me lembro do pensamento estúpido e infantil de Camila, quando viu o nome de Griffin Colapinto na capa do livro que deveríamos ler.

Claro que eu não iria aumentar ainda mais seu ego rindo daquilo na sua frente, mas quase suei para segurar a risada que queria acompanhar a dela e manter minha expressão séria. Esse é um dos motivos pelos quais odeio pessoas engraçadinhas, com a mente ainda estancada na quinta série, como a minha quando o assunto é pensar besteira. Porque, fala sério, você consegue disfarçar a raiva que está sentindo por alguém, a paixonite, a fraternidade, mas é quase impossível resistir a uma pessoa engraçadinha. E eu não estou falando sobre atração, mas, na minha nova relação com a surfista veterana da Slater pelos próximos quatro dias, rir de suas gracinhas não é algo que eu posso fazer, ou ela vai achar que estou amolecendo e me tornando um dos seus peões.

Mas que foi meramente engraçado, foi.

Estaciono na garagem do condomínio, colocando mais um pedaço da barra de chocolate na boca. Passei no Walmart, na saída da escola, para comprar algumas caixas de chocolate Harison e aproveitei para assistir à noite chegando do píer, porque só isso seria capaz de me acalmar depois do que aconteceu mais cedo.

Quando a detenção acabou, eram cinco horas da tarde, e agora, quando o elevador abre no meu andar, são sete em ponto. Sinto o cheiro de comida assim que sou deixada na sala de estar vazia, e imagino que Samantha já deva estar preparando a janta, o que me lembra que estou com fome, ainda que tenha devorado vários dos doces.

Cruzo o corredor que leva até a cozinha, onde o cheiro só vai ficando cada vez mais forte, mas ainda não consigo distinguir do que se trata. Encontro Samantha no cômodo, de frente para o fogão, misturando algo em uma panela com uma colher de pau enquanto salpica algum tempero em seja lá o que esteja preparando.

— Boa noite, Samantha — desejo, para não a abordar já com uma pergunta, e a mulher se assusta, virando-se para trás com a mão sobre o peito. — Foi mal, não queria te assustar.

Ela ri, aliviada ao me ver, abanando a mão no ar como quem dizia que estava tudo bem.

Samantha é uma mulher na casa dos quarenta, ainda conservada demais para a idade e que, segundo a história que meus avós me contaram, veio de uma vida sem oportunidades. Ela começou a trabalhar para eles antes mesmo de eu nascer, ou de os dois conseguirem minha guarda oficialmente, o que quer dizer que não passava dos seus vinte e cinco anos. Tenho dezoito hoje e, às vezes, olho para Samantha enquanto ela nos serve à mesa ou limpa a casa, e não consigo deixar de pensar no que ela seria hoje se tivesse tido as oportunidades para seguir o próprio sonho. Afinal, ninguém deseja ser a empregada doméstica de uma família rica. E não é como se houvesse algo para se envergonhar na profissão, mas, fala sério, alguma criança realmente já sonhou em trabalhar com um esfregão? As pessoas que desempenham esse papel estão nele por necessidade, não por opção.

Enfim... esse não é seu problema, Lauren.

— Boa noite, Lauren — ela me oferece seu sorriso simpático, se recuperando do susto. — Precisa de algo?

— Você sabe se meus avós estão em casa?

— A Sra. Jauregui está no quarto, pediu que eu a avisasse quando você chegasse.

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