capítulo 1

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Enquanto eu caminhava, o som da música preenchia os meus ouvidos, abafando o mundo ao redor. O capuz cobrindo os cabelos loiros fazia-me sentir invisível, o que eu prefiro...

Após alguns minutos de caminhada, os meus olhos captaram uma figura familiar à frente, eu desacelerei o passo. Henry Foster, o meu pai, inconfundível com sua altura imponente de 1,92, estava logo ali! eu ia cumprimentá-lo, chamar por ele, talvez pedir uma carona? Mas algo me fez ficar quieto. A presença de uma mulher ao lado dele me congelou...

A mulher não era minha mãe. Ela tinha cabelos longos e castanhos, rindo de algo que o meu pai dissera, enquanto ele a puxava para perto dele pela cintura. A visão do meu pai sorrindo de forma tão relaxada e íntima com aquela mulher fez algo no meu estômago se contorcer. O meu peito abriu, e eu senti o sangue drenar do rosto.

"O que... o que é isso?" murmuro para mim mesmo, com uma voz quase inaudível, como se ao falar mais alto, a situação se tornasse ainda mais real... eu tirei um dos fones, o meu coração batendo rápido agora, não por causa da música, mas pela ansiedade que me consumia por inteiro!

Eu dei um passo para trás, mordi o lábio inferior, sem saber o que fazer. Parte de mim queria confrontar o meu pai, queria entender por que ele estava ali com aquela mulher, por que não estava com a minha mãe. Mas outra parte, a parte mais dominante, queria simplesmente desaparecer, fugir da cena antes que eles me vissem.

Olhei ao meu redor, buscando uma saída rápida naquele momento. Minhas pernas pesadas, e eu senti a minha cabeça girar um pouco, fruto da fadiga constante que eu senti. Respirei fundo, tentando me acalmar, enquanto os meus olhos seguiam fixos no meu pai.

"Não... isso não pode estar acontecendo." Eu pensei, com a mente a mil, tentando encaixar as peças daquela imagem desconcertante.

Papai parecia tão despreocupado, tão alheio ao mundo à sua volta, enquanto eu me sentia prestes a desmoronar. Seria aquilo mesmo? Traição?

O meu coração parecia bater descompassado enquanto eu olhava para o meu pai e aquela mulher desconhecida. Eu senti o meu rosto arder e uma onda de confusão tomar conta de mim. Sem pensar muito, dei meia-volta rapidamente, o capuz ainda sobre a cabeça, como se pudesse me esconder do mundo. A música nos fones agora não parecia mais reconfortante; parecia apenas um barulho distante e sem sentido. Meus passos aceleraram quase por instinto. Eu precisava me afastar dali urgentemente... Meus pés me levavam por outro caminho, mais longo, mas necessário. Cada passo foi pesado, como se o peso daquilo que acabei de ver fosse demais para carregar sozinho. Eu apertei as alças da mochila, sentindo o suor nas mãos, lutando contra o nó que se formava na minha garganta.

As ruas estavam vazias, como de costume na parte da cidade, e o vento frio cortava o meu rosto. Caminhando rápido, desviando o olhar das casas e ruínas ao redor, focado apenas em colocar distância entre mim e a cena que acabei de testemunhar. As memórias da minha mãe, Angelina, sempre tão cuidadosa e preocupada com ele, me atingem como uma avalanche de culpa e tristeza. Como eu poderia voltar para casa agora, sabendo o que vi? o que eu faço com essa informação?

O silêncio das ruas desertas me deixou a sós com os meus pensamentos, e eu senti os meus olhos marejarem, mas olhei para cima, e enxuguei rapidamente, lutando contra as lágrimas.

"Eu preciso me recompor... não posso... não posso surtar..." murmurei para mim mesmo, quase implorando que minha mente se acalmasse. Eu sabia que eu precisava voltar para casa, mas cada passo em direção a ela parecia mais difícil que o anterior. a minha mãe estaria lá, talvez preparando o jantar, com aquele sorriso cansado, mas carinhoso, como sempre, ela chega sempre antes dele em casa mesmo trabalhando juntos, ela faz questão de chegar antes para preparar o jantar. Como eu poderia encarar minha mãe agora, sabendo o que descobri?

Caleb FosterOnde histórias criam vida. Descubra agora