As Folhas do Outono - Simone e Soraya

• Capítulo 10

Bem, parece que voltei... Aproveitem a leitura! ♡

“Friends just sleep in another bed

And friends don’t treat me like you do

I know that there’s a limit to everything

But my friends won’t love me like you”

O dia em Nova York amanheceu chuvoso, o vento frio entrava pela janela a ponto de fazer Simone se encolher ainda mais nos braços de Soraya. O calor dos seus corpos cobertos pelo edredom a deixou quente durante toda a noite, mas a brisa gélida repentina fez seu corpo estremecer.

Abriu os olhos devagar e na mesma velocidade se deu conta de onde estava. Sem se mover, olhou para a loira que estava exatamente na mesma posição em que dormiram. Suas pernas ainda entrelaçadas, seus braços em volta dos corpos e a cabeça encostada sobre o peito de Soraya.

Fiquei tanto tempo sem me sentir bem dividindo a cama com outra pessoa.

Olhou para a janela e os pingos finos de água que caía lá fora a fez ponderar a possibilidade de ficar ali o dia todo, contudo, infelizmente, o universo não estava conspirando muito a seu favor. Precisava criar coragem e sair dali. Estava tão bem, estava tão segura, que um nó se formava em sua garganta quando pensava em chegar em sua casa e encontrar quem menos gostaria de ver. Não se surpreenderia se Fairte estivesse a esperando como um bônus no pacote falta de empatia.

Soraya estava dormindo tão tranquilamente que Simone imaginara que não acordaria tão cedo, portanto, tirou devagar seu braço que estava passado por sua cintura e suas pernas estavam tão entrelaçadas que tentou com todo cuidado se desvencilhar. Ao conseguir se desfazer do emaranhado que elas haviam virado na cama, se distanciou um pouco e quase se recusou a se distanciar mais, seus corpos encaixam tão perfeitamente um no outro como duas peças de um quebra-cabeça.

Seus olhos estavam fixados no rosto da loira que não dava nenhum sinal de que acordaria. Sorriu sozinha só por vê-la tão serena. Embora tivesse visto ela dormindo várias vezes, era em uma cama de hospital, após um acidente, não era um sono sereno que merecia ser velado como esse.

Se Soraya pudesse sentir o tanto de gratidão que Simone estava sentindo naquele momento, só assim teria noção de que mesmo parecendo fazer pouco, estava fazendo muito. Simone se sentia acolhida e tão bem cuidada, e durante a noite que pôde literalmente estar nos braços dela se sentiu segura.

Levantou da cama devagar após arrumar o edredom sobre Soraya como estava antes, andou até o banheiro tentando não fazer qualquer barulho que pudesse acordá-la, fez sua higiene matinal, seguindo para o closet em seguida. Tirou a roupa que pertencia a Soraya e trocou pela sua, saindo com os saltos nas mãos para não fazer barulho.

Parou por mais alguns segundos na porta do quarto e sorriu ao ver que Soraya ainda dormia aparentemente bem. Andou até a porta de entrada nas pontas dos pés, pegou a chave em cima do aparador que Soraya havia jogado na noite passada e encaixou na fechadura, a girou e colocou as mãos na maçaneta.

— Eu te ofereço a minha cama e você sai sem me dar um bom dia? — a voz rouca e mole atrás de si a fez virar num impulso.

— Você parecia estar dormindo tão bem, não quis te acordar. — Encolheu os ombros. — Bom dia. — Seus lábios se abriram num sorriso e Soraya negou com a cabeça.

— Se afasta dessa porta agora.

— Por que? Soraya, eu vou em…

— Você não sai daqui — a interrompeu — sem um café da manhã.