• Capítulo 11

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— Posso entrar? — Paulo abriu a porta da sala de Soraya depois de algumas batidas. Ela levantou o olhar para o pai e sorriu.

— Você sempre pode.

— Passei para dizer que eu e sua mãe estamos indo embora, tudo bem? — Fechou a porta atrás de si e se direcionou até a cadeira de frente para Soraya.

— Tudo bem. — Olhou o horário na tela do notebook. — Eu vou logo também, mas antes preciso terminar isso. — Bateu os dedos sobre o caderno em cima da mesa, chamando atenção de Paulo.

— É para o desfile? — Girou o caderno para que pudesse ver o desenho.

— Sim. Esse é o primeiro.

— Está ótimo, Sô!

— Ainda não está, mas espero que fique. — Sorriu e voltou o caderno no lugar em que estava.

— Agora... posso fazer uma pergunta? — Se ajeitou na cadeira e cruzou os braços e a loira assentiu. — Se esse é o primeiro — apontou o caderno —, o que é esse vestido preto que você não desgruda? — Girou a cadeira de modo que ficou de frente para o manequim com o vestido quase finalizado.

— É... — Ela parou e olhou o vestido. Paulo girou a cadeira novamente e olhou-a com as sobrancelhas arqueadas. — Não é para a coleção, é para alguém.

— Cecí?

— Não... Simone.

— Simone? A médica?

— O que tem a médica? — Ana disse ao abrir a porta e adentrar o escritório. Se sentou sobre as pernas do marido e olhou para os dois esperando uma resposta.

— Aquele vestido é para Simone. — Paulo girou a cadeira novamente com a mulher em seu colo, logo voltando ao lugar.

— Como assim, Soraya? Explica isso. — Ana franziu o cenho e Soraya passou as mãos no rosto.

— Ela passou de médica a amiga. Mantemos contato depois de eu ter saído do hospital, nos falamos todos os dias, nos vemos às vezes. É isso.

— E qual é a do vestido? — perguntou de novo à filha.

— Tivemos uma conversa sobre isso ainda no hospital e... eu apenas quis fazer. — Encolheu os ombros.

— Ela está abreviando tudo. — Ana olhou para o marido que assentiu.

— Não vamos insistir.

Ambos levantaram da cadeira e deram a volta na mesa; Paulo beijou a testa da filha e em seguida Ana repetiu o ato.

— Se cuida. — Ana sorriu antes de fechar a porta.

Soraya encostou as costas na cadeira e olhou para o vestido. Faltava finalizar somente alguns pequenos detalhes. Estava ansiosa para poder entregá-lo, e mais ansiosa ainda para saber se Simone iria gostar.

Não tinha como não abreviar para os pais quando nem mesmo sabia classificar o que estava sentindo.

Dois dias se passaram desde o café da manhã que tomaram juntas; desde a despedida que causava frio na barriga em Soraya só por lembrar. Esse maldito frio na barriga e as memórias que insistiam em passar como um filme em sua cabeça estava a matando. Não conseguia distinguir o que era toda essa bagunça que eram os sentimentos que tinha ligados aos momentos que passara com a morena; se sentiu isso antes não estava lembrada e por isso jamais conseguiria relacionar a algo que já conhecia.

Desde a noite após dormirem juntas, seu corpo parecia dar falta de algo na hora em que se deitava na cama. O cheiro do cabelo e do perfume de Simone estavam grudados em seu lençol e em seu travesseiro, a fazendo entender do que estava sentindo falta.

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⏰ Última atualização: Oct 02 ⏰

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