Capítulo 3: O jogo começou

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Daphne Hale

Eu respiro fundo, tentando afastar o peso da cena à minha frente. Mais uma vítima, mais uma peça no quebra-cabeça que Marcus Crowe insiste em jogar comigo. É como se ele estivesse me provocando, me desafiando a encontrá-lo. Mas, ao mesmo tempo, ele me conhece bem o suficiente para saber que não será fácil.

A mulher diante de mim — jovem, talvez nos seus vinte e poucos anos — está morta há algumas horas. Seu rosto distorcido em um sorriso grotesco, a marca registrada de Marcus. Ele sempre faz isso, como se quisesse que a última expressão de suas vítimas fosse um reflexo do seu próprio prazer doentio.

Eu me abaixo ao lado do corpo, minhas mãos enluvadas tocando o chão próximo. Há algo de diferente neste caso. A forma como a vítima foi posicionada... não é só sobre a morte. Marcus quer que eu veja além, que perceba algo que talvez eu tenha perdido nos outros casos.

— "O que você está tentando me dizer?" — murmuro para mim mesma, meus olhos percorrendo cada detalhe da cena.

A posição da cabeça, o corpo ligeiramente inclinado para a estrada. Não é só sobre exibição, é como se ele estivesse apontando para algo. Mas o quê?

Me levanto, caminhando lentamente pela estrada, observando o horizonte. Nada. Apenas a vastidão da paisagem vazia. Ele está brincando comigo, mais uma vez. Mas há algo a mais aqui. Eu sinto.

Samantha e Jacob estão ao fundo, trabalhando em suas próprias partes da investigação. Ambos estão exaustos, mas comprometidos, como sempre. Jacob parece tranquilo, mas eu sei que isso é só a fachada que ele usa para esconder a tensão crescente. Ele odeia esse tipo de caso, os que envolvem Marcus. Sempre foi assim, desde o primeiro corpo.

Samantha, por outro lado, mantém seu foco. Os papéis nas mãos dela são um lembrete constante de que precisamos de respostas, rápido. O tempo não está a nosso favor.

— "Daphne?" — a voz de Samantha me tira dos meus pensamentos. Ela se aproxima, o olhar cansado, mas firme. — "O que acha que ele quer desta vez?"

— "Ele quer que eu veja algo." — respondo, sem hesitação. — "Mas ainda não sei o que é."

Samantha suspira, olhando em volta. Ela sabe tão bem quanto eu que Marcus não deixa nada ao acaso. Cada detalhe tem um propósito, mesmo que ele não seja evidente de imediato.

— "Ele está nos provocando." — Samantha murmura, ecoando o que já estava em minha mente. — "Isso parece diferente dos outros. Mais... pessoal."

— "Sempre é pessoal." — digo com firmeza. — "Ele quer ser encontrado, mas nos seus próprios termos."

A verdade é que Marcus Crowe sempre me pareceu mais do que um simples serial killer. Ele é meticuloso, cuidadoso, e tem um desejo insano de controle. Ele sabe que eu estou atrás dele, assim como sabe que estamos sempre a um passo de distância. Mas dessa vez... algo está diferente.

Caminho de volta até o corpo, me abaixando uma vez mais para analisar a expressão da vítima. Os cortes no rosto são precisos, quase cirúrgicos, como se Marcus estivesse criando sua própria obra de arte macabra. O sorriso é o detalhe que mais me atormenta. Ele faz questão de deixá-las assim, com essa expressão distorcida, como se quisesse mostrar o quanto ele controla o momento final de cada vida que tira.

Sussurros de um AssassinoOnde histórias criam vida. Descubra agora