Capítulo 2: Minhas mãos estão tremendo de resistirem a você

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Vim dar o ar da graça, qualquer erro ou incoerência podem me avisar. Boa leitura!
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Our secret moments in a crowded room 
(Nossos momentos secretos em uma sala lotada) 

They got no idea about me and you 
(Eles não têm ideia sobre nós duas) 

I don't want you like a best friend 
(Eu não te quero como uma melhor amiga) 

Only bought this dress so you could take it off 
(Eu só comprei esse vestido para você tirá-lo)

[...] All of this silence and patience
(Todo esse silêncio e paciência)

Pining and anticipation
(Apreensão e antecipação)

My hands are shaking from holding back from you, ah-ah-ah
(Minhas mãos estão tremendo de resistirem a você, ah-ah-ah)

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As últimas semanas desde a chegada da Dra. Torres foram terríveis. Ela era arrogante, ríspida e tratava os internos — e inclusive até eu — com uma frieza fora do normal. Sempre acabávamos discordando de algo e, no final, terminava  em briga. A Dra. Torres era tudo o que Maya não gostava em um colega de trabalho: arrogante, meticulosa ao extremo, e incapaz de aceitar erros, por menores que fossem. Sua postura rígida e autoritária tornava difícil trabalhar em equipe. Não havia um dia em que eu não me questionasse como alguém tão brilhante podia ser tão insuportável ao mesmo tempo.

Nossas discussões no hospital se tornaram uma rotina. A cada procedimento ou caso, uma divergência. O que me incomodava era o fato de, apesar de tudo, eu saber que ela estava certa na maior parte do tempo. O jeito como ela assumia o controle de uma situação com tanta confiança e firmeza era admirável, mas eu odiava como ela fazia parecer que todo o resto estava um passo atrás. Incluindo eu.

No entanto, hoje era um dia em que Maya não podia se dar ao luxo de errar ou se distrair. A cirurgia que fariam juntas exigia o máximo de atenção, e qualquer desvio poderia ser fatal. Jordan Addams, uma garota de 16 anos com uma condição neurológica rara, era o foco da manhã. Maya tinha um carinho especial por Jordan desde que começou a tratá-la ainda criança. E, por sorte ou azar, teria o auxílio da Dra. Torres. Por mais que ela fosse insuportável em certos aspectos, eu sabia que ela era a melhor opção para o caso.

Com meus internos Emma e John, percorri os corredores do hospital. Era uma manhã típica, exceto por uma figura extra que se juntou a nós: Giovanna. Não foi uma surpresa agradável, já que cada interação com ela parecia sempre terminar de forma intensa. Quando entramos no quarto de Jordan, fui a primeira a apresentá-la.

— Essa é Jordan Addams, —  Comecei, me dirigindo aos internos. — Ela tem um histórico complicado e uma condição neurológica rara. Eu a trato desde os 10 anos, mas agora descobrimos um novo problema. Seu cérebro está apresentando uma nova anomalia, que precisamos tratar o mais rápido possível.

Jordan, apesar de sua condição, sempre mantinha um belo humor adolescente, algo que eu achava cativante, ainda que doloroso.

— Ah, Dra. Collins, me conta aí, qual a nova bomba? Vou ter que raspar a cabeça de novo? — Ela disse, com um sorriso irônico, sempre zombando da própria situação.

— Se você não deixar, vou raspar por você — Brinquei, enquanto me aproximava da maca. A relação com Jordan era doce, uma conexão forte por ela ser irmã de uma amiga minha dos tempos de faculdade. O carinho era mútuo.

Giovanna entrou logo atrás de mim. Seu comportamento sério contrastava com o ambiente mais leve que eu tentava criar com Jordan. Giovanna cruzou os braços, encarando a garota com sua postura sempre meticulosa, mas eu podia sentir que havia um toque de preocupação ali, mesmo que fosse sutil.

Who are you in the dark?Onde histórias criam vida. Descubra agora