02 | auge ilusório e queda 🏁

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Carlos Sainz pov's

A vida é feita de momentos que mudam tudo. Seu primeiro amor, sua primeira vitória, sua primeira derrota. Para mim, 2024 tem sido o ano em que passei de um auge ilusório para uma queda que parece não ter fim.

Perdi meu lugar na Ferrari.

Eu tento me convencer de que ciclos se fecham, que mudanças são necessárias, e que serei bem-sucedido na Williams. Mas, honestamente, estou falhando miseravelmente em acreditar nisso. Não sei se é o orgulho ferido ou a dor de ver um sonho escapar pelas minhas mãos, mas já sinto falta da Ferrari, antes mesmo de partir.

Quando deixei a McLaren, tudo parecia menos pesado. Agora, faltam apenas oito corridas para eu deixar o uniforme vermelho para trás, e isso dói mais do que eu imaginava.

Não me culpo pelo que aconteceu, e nem questiono a Ferrari por ter me tirado. Eles terão um heptacampeão na equipe — e eu? Bem, eu nunca cheguei perto de um campeonato. Se eu estivesse no lugar deles, provavelmente tomaria a mesma decisão.

Não sinto raiva de Lewis. Ele não tirou nada de mim. Na verdade, fico feliz por alguém tão talentoso estar ocupando o meu lugar. Mas isso não torna a situação menos amarga.

- Tá em que mundo, Carlinhos? - a voz animada de Charles me tirou dos meus pensamentos.

- Nada demais - respondi, sem dar muita importância. - Já se preparou para perder de novo? - provoquei, tentando soar despreocupado.

- Eu sou incrível jogando forca! - Charles respondeu, fingindo estar ofendido.

- Tá bom, Leclerc... - eu brinquei de volta, com um sorriso que mal disfarçava o turbilhão dentro de mim.

Passamos o resto do dia fazendo piadas e criando conteúdo para a equipe. Não era difícil me divertir ao lado de Charles, mas minha mente estava em outro lugar, distante.

- Vamos fazer um intervalo, meninos! -  a assessora anunciou, interrompendo nossa sessão. - Carlos, preciso falar com você.

Suspirei e perguntei, sem emoção - O que eu fiz agora?

Ela sorriu, tentando me tranquilizar -  Nada.

A assessora não me deu tempo de responder, logo emendou:

-  A jornalista Lily Norris quer falar com você. Entrevista para um especial sobre as mudanças no grid para o próximo ano.

Lily Norris ... O sobrenome me soou familiar. Norris... Claro, Lando! O melhor amigo que fiz na McLaren sempre mencionava a irmã, a jornalista que seguia o paddock com a mesma paixão com que ele corria. Tive curiosidade de conhecê-la várias vezes, mas nunca houve oportunidade.

- Lily Norris... Irmã do Lando? - perguntei, só para confirmar.

- Exato, você a conhece ? - ela sorriu

— Mais ou menos. — Não era toda a verdade, mas a informação seguinte me fez repensar tudo. A assessora me mostrou a foto da jornalista. E lá estava ela. Lily. A Lily. A garota com quem passei um inesquecível verão europeu há alguns anos. A mesma Lily que me deu um fora sem pensar duas vezes, deixando claro que aquilo não seria mais do que uma aventura de verão.

Me vi sorrindo. Então Lily Norris, agora uma jornalista esportiva respeitada, queria uma entrevista. A vida tem um senso de humor afiado.

- Não agora. -  Disse simplesmente.

- Como assim? Ela já está esperando- A assessora me olhou confusa.

- Eu sei. Diga a ela que agora não posso. - Continuei, já me divertindo com a ideia.

A verdade é que, no fundo, eu queria ver até onde ela iria para conseguir essa entrevista. Ver Lily correndo atrás de mim, depois de ter saído tão decidida da minha vida, tinha um toque irônico que eu não podia deixar passar.

Nos próximos dias, deixaria ela me procurar, insistir, tentar todas as formas possíveis de conseguir essa matéria. Não porque eu fosse cruel, mas porque... bom, era um pouco divertido.

Opposites ↯ Carlos Sainz Onde histórias criam vida. Descubra agora