O Peso da Vulnerabilidade

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Os dias se tornaram semanas, e Elsa se viu cada vez mais à vontade na presença de Gojo. Ela ainda mantinha algumas barreiras, mas o jeito descontraído dele começava a romper suas defesas. Mesmo assim, havia noites em que ela acordava com o coração apertado, assombrada por lembranças do passado — a dor de ter quase destruído Arendelle, o medo de machucar sua irmã, Anna.

Em uma dessas noites, Elsa caminhava sozinha pelo castelo de gelo. O brilho da lua refletia nas paredes cristalinas, e o frio ao seu redor parecia ressoar com seus sentimentos. Ela tinha tentado ignorar, mas estar perto de Gojo a deixava dividida. Ela sabia que começava a sentir algo por ele, algo que a assustava, pois a vulnerabilidade sempre a apavorou.

Subitamente, uma voz suave quebrou o silêncio.

— Não consegue dormir?

Elsa se virou e encontrou Gojo, encostado em uma das colunas de gelo, os braços cruzados. Ele estava ali, como sempre, mas dessa vez havia algo diferente em seus olhos, uma seriedade que raramente aparecia.

— Há coisas que o tempo não cura — Elsa murmurou, sem encará-lo diretamente.

— Sei como é — Gojo respondeu, surpreendendo-a.

Ela se virou lentamente, levantando o olhar para ele. Pela primeira vez, ela viu que, por trás do sorriso e das piadas, existia uma profundidade que ele escondia. O homem mais forte do mundo... mas até mesmo ele carregava cicatrizes que ninguém via.

— Você parece tão... leve, como se nada te afetasse — Elsa comentou, sua voz mais suave agora. — Como consegue?

Gojo andou até ela, os passos firmes ecoando no chão de gelo, mas quando parou a poucos metros de distância, ele não sorriu dessa vez. Em vez disso, ele puxou a faixa que cobria seus olhos, revelando o azul brilhante de suas íris.

— Eu carrego o fardo de ser o mais forte, Elsa. Todo mundo espera que eu salve o dia, que eu nunca erre. — Ele deu um suspiro, desviando o olhar por um breve momento. — Mas ser invencível não significa não sentir.

Elsa sentiu uma pontada de identificação. Ela também era vista como alguém forte, inabalável. As expectativas sobre ela eram sufocantes. Nesse momento, ela percebeu que Gojo, apesar de todo o poder, também era alguém que entendia o peso da solidão.

— E você... sempre foi sozinha? — ele perguntou, a voz baixa, quase hesitante.

Elsa deu um passo em direção a ele, mas ainda mantendo uma certa distância. Seus olhos se fixaram nos dele, e pela primeira vez, ela não tentou fugir da pergunta.

— Sempre. Não por escolha, mas porque achei que era mais seguro assim. Para os outros e para mim.

Gojo assentiu, compreendendo. Ele sabia o que era carregar o fardo de proteger os outros, mas para Elsa, o medo de machucar quem amava era muito maior.

O Infinito E O Gelo - Gojo Satoru X ElsaOnde histórias criam vida. Descubra agora